Em 2022, as vendas de ônibus no Brasil devem somar 25 mil unidades. A previsão é do diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, Walter Barbosa. Se a expectativa se concretizar, vai representar uma alta de 40,7% em relação às 17.766 unidades emplacadas em 2021. Além disso, será o melhor resultado do setor desde 2012.
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Não é de hoje que o mercado vem sofrendo. Em 2016, as vendas de ônibus despencaram e foram de cerca de 10 mil unidades. Nos anos seguintes, o setor registrou recuperação. Em 2019, foram emplacados 20,7 mil ônibus. Porém, com a pandemia, os números voltaram a cair. Em 2020, somaram apenas 13.830 unidades.
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Vendas de ônibus patinam
O número de passageiros de ônibus rodoviários caiu 90%. No caso dos urbanos, o recuo foi de 75%. O fraco desempenho continuou durante o primeiro semestre de 2021. Apesar do avanço da vacinação, que permitiu o retorno gradual dos usuários, as vendas totais recuaram 2,49% ante 2020.
Em 2021, três segmentos impulsionaram o mercado. Um deles é do de micro-ônibus, que atendem praticamente todos os ramos de turismo. Por exemplo, fretamento, urbano e rodoviário. Os 3.270 emplacamentos representam alta de 26% ante 2020. No pico da pandemia, as frotas maiores ficaram ociosas, sobretudo do segmento urbano. Para cumprir os contratos, muitas empresas tiveram de investir em veículos menores.
Por sua vez, o segmento escolar somou 3.574 emplacamentos. Ou seja, 8% a mais que o registrado em 2020. Isso é resultado sobretudo dos pedidos feitos por meio do programa Caminho da Escola.
Já as vendas do setor de fretamento cresceram 28%, para 2.295 unidades. Isso tem a ver com a vota doo trabalho presencial. Para atender as normas de distanciamento social, as companhias de ônibus tiveram de fazer novas compras.
Empresários renegociam dívidas
Por outro lado, as vendas de ônibus urbanos caíram 19%. Da mesma forma, o segmento rodoviário registrou recuo de 34%. Como resultado, houve uma grande queda no faturamento das empresas. Segundo Barbosa, com isso muitos empresários decidiram não fazer novos investimentos. Assim, vários deles pediram para renegociar os financiamentos que haviam feito.
Segundo Barbosa, 85% dos contratos para compra de ônibus assinados com o Banco Mercedes-Benz foram renegociados nos últimos dois anos. Além disso, as vendas da marca recuaram cerca de 10% (veja abaixo). Seja como for, o executivo acredita que o mercado será favorável em 2022.
"Em 2021, o governo federal comprou 7 mil ônibus escolares. Porém a maioria dos emplacamentos será feita agora. Além disso, haverá mais compras. Uma nova licitação está para sair. Portanto, somente no segmento escolar devemos superar 10 mil unidades apenas para o programa Caminho da Escola", diz Barbosa.
Os governos estaduais também foram às compras. Os Estados do Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais fizeram licitações e adquiriram 2.145 veículos. “Ou seja, este ano vamos vender para o governo mais de 12 mil veículos escolares”, afirma o executivo. "Assim, com base nessas compras e em outros movimentos que estão ocorrendo no mercado, projetamos que em 2022 fecharemos com 25 mil unidades”.
Mercedes-Benz é líder de vendas
Seja como for, em 2021 a Mercedes-Benz manteve a liderança do segmento. Sua participação no mercado total foi de 42%, com 5.841 emplacamentos. Porém, na comparação com 2020, quando a marca vendeu 6.462 unidades, houve um recuo de 10%. Seja como for, em 2022 a marca deve continuar na primeira posição do ranking, conquistada há 65 anos.
Aliás, para manter a liderança a marca está entrando na eletrificação. Assim, deve começar a entregar o chassi eO500U no segundo semestre. A novidade foi apresentada em agosto de 2021. Trata-se do primeiro ônibus Padron elétrico de 13,2 metros para 83 passageiros. Segundo a Mercedes-Benz, a autonomia é de até 250 km.
De acordo com Barbosa, os testes com clientes começam ainda no primeiro trimestre. O novo modelo permitirá que as empresas de ônibus urbanos atendam as novas demandas de São Paulo. Assim, até 2027 a cidade quer reduzir as emissões de CO2 da frota de ônibus em 50%. A meta chegar a zero em 2037.
"São Paulo tem demanda para 300 veículos neste ano. Porém, há cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e Vitória que também querem iniciar a operação de ônibus elétricos", diz o executivo. Assim, segundo ele, deverá haver vendas pontuais. Porém, em volumes menores que os feitos para as empresas que operam na capital paulista.