O Scania R 450 voltou mais barato e com pacotes tecnológicos de série, batizado de Plus. Com isso, a marca passa a oferecer uma opção mais acessível à linha Super. Isso porque, para atender as regras do Proconve P8, equivalente ao Euro 6, os caminhões novos ficaram até 30% mais caros. O motivo é a introdução de soluções para reduzir as emissões de poluentes.
Com isso, o Scania R 460 Super 6x2 tem preço a partir R$ 1,05 milhão. Por sua vez, a tabela do Scania Plus R 450 6x2 parte de R$ 920 mil. Além disso, a novidade é até 2% mais econômica que o R 450 com o antigo motor Euro 5. Seja como for, o Super ainda leva vantagem no consumo: é até 6% menor que o da nova opção Plus.
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Conforme a Scania, o trem de força dos caminhões Super foi atualizado. Além disso, há novos eixos. Como resultado, a Scania informa que é a única fabricante do Brasil que renovou toda a plataforma de motores com a entrada em vigor do Euro 6.
Motor do Scania Plus gera 234 mkgf
Entre os destaques, há sistema de pós-tratamento dos gases do escape (SCR) com catalisador de oxidação do diesel (DOC). De acordo com a Scania, essa solução reduz as emissões de hidrocarbonetos e eleva a temperatura do sistema. Dessa forma, o filtro de particulados (DPF) captura a fuligem. Depois, os gases recebem adição de Arla 32 para reduzir a emissão de NOx.
Trata-se, portanto, do motor DC 13, de 13 litros. O seis-cilindros em linha gera potência de 450 cv e torque de 234 mkgf entre 1.000 e 1.300 rpm. Para isso, o propulsor tem sistema de injeção XPI, que trabalha com pressão média de 2.100 bar. Porém, no pico a pressão pode chegar a 2.400 bar.
Na prática, esse recurso garante uma condução mais suave. Isso porque ele evita as acelerações bruscas e, portanto, o consumo elevado de diesel. Além disso, a Scania informa que o desgaste dos componentes do motor é reduzido. Colabora com isso a transmissão GRS905R, com caixa automatizada de 14 marcha. Com gerenciamento eletrônico, o conjunto pode pular marchas sozinho, conforme a necessidade.
Scania Plus tem diferencial de 3,07;1
A linha Scania Plus vem de série com relação de diferencial de 3,07:1. Assim, é possível manter a rotação mais baixa e constante, mesmo em velocidades altas. De acordo com a marca, com isso é possível atender grande parte das operações que requerem caminhões com tração 6x2.
O eixo, produzido pela própria Scania, é o RB885 e, segundo a marca, pode tracionar composições de até 90 toneladas. Além disso, há sistema de freio retarder de série. Em conjunto com o freio-motor, a capacidade de frenagem é de até 1.013 cv. Há cinco estágios de intervenção. Na prática, o motorista pode reduzir a velocidade até praticamente parar o caminhão sem precisar pisar no pedal de freio.
Durante a avaliação, utilizamos o sistema até o terceiro dos cinco estágios. Independentemente da situação, o dispositivo trabalha com folga. O cavalo-mecânico avaliado estava com um implemento de quatro eixos. Assim, o peso bruto total combinado (PBTC) era de 58,5 toneladas, no peso da balança.
Muito conforto a bordo
Como há quatro pontos de apoio da suspensão da cabine, o conforto a bordo é total. A sensação é de que o caminhão está completamente à mão do motorista. Impressiona a forma como o sistema filtra as irregularidades do piso.
Colabora com isso a suspensão a ar do banco do motorista. Outro recurso que facilita a vida a bordo é o volante multifuncional. Ele permite acessar várias funções do caminhão sem que seja preciso tirar as mãos do volante. Da mesma forma, a haste à direita do volante permite baixar e subir marcha por meio de teclas. Na mesma peça fica o acionamento do retardes.
O Scania Plus também traz um bom pacote de itens de segurança de série. Entre eles há air bag no volante e o do tipo cortina, para o motorista. Segundo a marca, no Brasil apenas seus caminhões trazem esse dispositivo. Aliás, na gama Super o equipamento é opcional.
Eletrônica a serviço do motorista
Também há sistema de frenagem de emergência avançada. O dispositivo pode parar o caminhão sozinho em caso de risco de colisão frontal. Da mesma forma, há aviso de saída involuntária de faixa de rolagem. Opcionalmente, o sistema pode atuar sozinho para impedir que o caminhão saia da faixa. Isso é muito útil em caso de desatenção ou sonolência, por exemplo.
O Scania Plus é oferecido com cabine Highline. Ela tem altura interna de 1.980 mm e externa de 3.710 mm, sem contar os defletores de ar. Aliás, esses itens estão no pacote de eficiência, que inclui defletores laterais e de teto. Este pode ser ajustado de acordo com a altura do implemento. O objetivo é reduzir a resistência ao ar e, portanto, também o consumo de diesel.
Seja como for, essa cabine foi atualizada em 2018. Portanto, tem o mesmo visual da utilizada na linha Scania Super. Chama a atenção a enorme grade frontal, que visa melhorar a refrigeração do motor. Bem como os faróis de LEDs e os de teto. Além disso, há geladeira de série.
De carona no Scania
Viajamos de carona com um instrutor de direção da Scania pela Rodovia Fernão Dias (BR-381), de Atibaia (SP) a Extrema (MG). Ou seja, a rota utilizada pela engenharia da Scania para testar novos caminhões. Isso porque há vários aclives e declives. Dessa forma, foi possível ver como o caminhão “faz tudo” sozinho.
Saímos sob forte chuva. Seja como for, o instrutor acionou o controle de cruzeiro adaptativo (ACC). Porém, nos trechos de descida ele utilizou o freio-motor. Neste caso, a rotação adequada do motor deve ficar entre 2.000 e 2.300 rpm. Porém, já às 2.000 rpm o sistema dá conta do recado.
Assim, reduziu em 70% a velocidade do conjunto com segurança. E isso, apenas com o terceiro estágio acionado. No total, o dispositivo tem cinco níveis de intervenção. Portanto, sobra capacidade de frenagem. Assim, o motorista só vai pisar no pedal de freio quando for parar totalmente o caminhão.
Muita força em baixo giro
Além de frear muito, o Scania acelera de forma gradual e constante, sem soluços. O motor faz um ótimo casamento com o câmbio automatizado. Alias, o modelo da marca sueca é um dos poucos capazes de chegar a 60 km/h, com o giro em torno doas 1.100 rpm e em 11ª marcha.
Ou seja, há muito torque disponível em baixa rotação. Como resultado, isso contribui para reduzir o consumo de diesel. Portanto, também gera baixos níveis de emissões.
Câmbio automatizado é 'inteligente'
Aliás, em descidas leves o câmbio automatizado Opticruise faz a diferença. Assim, ao "perceber" que o caminhão pode ganhar velocidade com segurança, roda no modo neutro. Com isso, a rotação do motor baixa para menos de 500 rpm e o computador de bordo acusa consumo zero. Portanto, trata-se de uma espécie de "banguela" eletrônica.
Além disso, há o chamado sistema preditivo. Por meio do GPS, o dispositivo "sabe", com até 3 km de antecedência, como é a topografia da via. Assim, em conjunto com o ACC, "escolhe" a marcha mais adequada, de modo a controlar a velocidade e rotação do motor.
Assim, no Scania Plus 450, rodando a 80 km/h, por exemplo, o seis-cilindros trabalha a cerca de 1.000 rpm, em 12ª marcha. Portanto, o objetivo é trabalha sempre no menor giro possível.
Veredicto
O Scania Plus chegou para ser uma opção mais em conta do que a linha Super. Porém, mesmo sendo cerca de 10% mais barato, a nova configuração vem bem equipada. Assim, traz boas soluções de conforto e segurança, muitas delas superiores às oferecidas pela concorrência.
Além disso, o trem de força garante respostas vigorosas. Evidentemente, não dá para comparar com o Super, mas trata-se de um excelente produto. Na prática, graças aos vários recursos eletrônicos, dá para obter boa média de consumo com tranquilidade. No trecho percorrido com o Estradão a bordo, de cerca de 138 km, o Scania R 450 fez, em média, 2,77 km/l.