Avaliação

Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga; aceleramos

Caminhão médio com preço de picape grande, Mercedes-Benz Accelo 1017 roda bem na cidade e na estrada graças ao bom desempenho mecânica

Andrea Ramos

12 de fev, 2024 · 13 minutos de leitura.

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Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga
ACCELO 1017
Crédito:Mercedes-Benz/Divulgação
Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga

O Mercedes-Benz Accelo 1017 é daqueles caminhões considerados "pau pra toda obra". A boa fama se deve ao motor e à caixa bem acertados. Nos últimos anos, sobretudo com a chegada dos motores Euro 5, os caminhões começaram a receber tecnologias de ponta para poluir menos e ficarem mais econômicos. E os caminhões "de entrada" se beneficiaram com isso.

Mas tudo tem um preço, e, para justificar o encarecimento destes modelos, os fabricantes começaram a equipá-los. Dessa forma, desde 2017 os caminhões leves e médios chegam com caixa automatizada, acabamento mais rebuscado e tecnologias modernas - algumas por força de lei.

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Seja como for, com a chegada do Proconve P8, a Mercedes-Benz precisou elevar os padrões do Accelo 1017. A começar pelo motor: trata-se do MB 924 LA de produção da própria fabricante. Ou seja, o mesmo motor presente no caminhão semipesado Atego de 17 t. O quatro-cilindros em linha desenvolve 163 cv de potência de 62,2 mkgf de torque entre 1.200 rpm a 1.600 rpm.

Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga
Mercedes-Benz/Divulgação
O Accelo 1017 é o segundo caminhão médio mais vendido em janeiro, com 202 unidades

O Estradão acelerou a versão mais completa, com a nova transmissão automatizada MB G-70, de 6 marchas. Na geração Euro 5, a caixa inteligente era Eaton. Seja como for, a G-70 é uma evolução da G-56. Em outras palavras, tem 40% mais rapidez nas trocas de marcha em relação ao modelo anterior. Assim como 100 Nm a mais de torque.


Essa transmissão conta com os modos de direção Econômico, Standard (normal) e Power, que entrega mais potência quando o caminhão precisa. Pois o Estradão testou os três modos. Além disso, a sexta marcha é Overdrive, com relação de 0,77.

Como é o Accelo 1017 4x2

Para atender às operações às quais ele é direcionado, o Accelo 1017 rígido com PBT de 10 t pode ser ofertado com três distâncias entre os eixos. De 3.100 mm e 3.900 mm destinado às atividades com VUC, conforme legislação específica de cada cidade. Já a versão de 4.600 mm de distância entre os eixos atende ao operador que transporta volume. Essa é a versão avaliada nesta reportagem.

O Accelo ainda conta com eixo traseiro MB R325, com relação de 3,90:1. Ou seja, adequado ao uso misto, uma vez que na cidade lhe garante mais força. E na rodovia ajuda a manter o motor na faixa verde por mais tempo. Já a suspensão utilizada, tanto na dianteira como traseira, de molas parabólicas com amortecedores telescópicos de dupla ação, também dá o equilíbrio ao caminhão no uso misto.


Conforme o engenheiro de marketing do produto, Wilson Baptistucci, cerca de 70% das vendas do caminhão são direcionadas ao transportador de carga própria. Ou seja, o cliente que compra em média de um a cinco caminhões. Outros 10% são clientes autônomos, e o restante dos clientes são grandes frotistas.

Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga
Mercedes-Benz/Divulgação
A bordo há espaço para levar dois passageiros (ajudantes) e o banco do meio rebate

Caminhão da Mercedes-Benz tem cabine datada

Recentemente, a Mercedes-Benz renovou a linha Atego, deixando a gama de caminhões médios e semipesados muito parecida ao irmão pesado Actros. Mas o Accelo ficou de fora desse facelift. Trata-se de uma cabine desenvolvida em 2003. Portanto, há mais de 20 anos vem passando por pequenas melhorias, mas nada que a modernize.


Seja como for, nessa última atualização, o modelo ganhou espelho auxiliar e de meio fio. E os espelhos retrovisores passaram a ser bipartidos. O que colabora para a segurança. A modernidade fica por conta dos faróis DLR para uso diurno.

Todavia, a bordo a cabine recebeu mais recursos. Começando pelo acabamento, na parte superior há espaço para acomodar objetos, além do tacógrafo digital. A coluna de direção é regulável e os vidros são elétricos. O banco central rebatível pode se transformar em uma mesa. E os ajustes dos bancos são manuais.

Lista de equipamentos é generosa

O painel central também foi renovado. Afinal, recebeu mais itens, como tecla de navegação do computador de bordo. Algo que poderia ser resolvido com volante multifuncional. Há ainda a tecla do bloqueio de diferencial (opcional). Outros itens opcionais são o rádio com bluetooth e o ar-condicionado. O sistema de auxílio em rampa está vinculado a caixa automatizada.


A parte central do computador de bordo é digital. Portanto, o motorista tem acesso a um display mais colorido e intuitivo. E conta com o Eco Support, ferramenta que auxilia na condução, dando dicas e avaliando a performance do motorista. Tanto a alavanca da transmissão, como o acionamento do freio-motor Top Brake de 136 cv, ficam na coluna de direção. Assim como ocorre no Actros.

Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga
Mercedes-Benz/Divulgação
Faltou o volante multifuncional, porém, o caminhão traz muitos recursos

Todavia, no espaço entre os bancos acomoda porta-objetos, bem como o freio estacionário do caminhão. O que não agrada muito os motoristas autônomos.


Posição do freio estacionário precisa mudar

Nesse sentido, durante a nossa jornada, paramos em um posto na rodovia Carvalho Pinto. O Accelo 1017 chamou a atenção de alguns motoristas que queriam vê-lo de perto. Entre eles, o motorista autônomo Marcos Cardoni que é dono de dois modelos da marca, um Mercedinho 912 e um Accelo 1016, fez uma observação.

Segundo ele, o "maneco" deveria ficar no painel. Porque muitos motoristas autônomos, donos de caminhões pequenos ainda dormem na cabine. No seu caso, por exemplo, dirige uma média de 5 mil km por semana. Por isso, descansa na cabine. "Com o frete cada vez menor, a gente está migrando para caminhões menores também. Mas continuamos descansando na cabine", diz.

Nesse sentido, Cardoni chegou a mostrar a mudança que ele fez no seu 912. O autônomo realocou o freio de estacionamento para o painel do caminhão, do lado esquerdo. Ainda sobre a cabine do Accelo 1017, a Mercedes-Benz entrega duas versões: estendida e curta. Avaliamos a versão com cabine estendida, que permite colocar


No teste

Seja como for, o Accelo automatizado é o melhor dos mundos para quem opera, sobretudo na cidade. As trocas são bem dinâmicas. E o motorista consegue acompanhar a posição da marcha pelo painel. Do mesmo modo, consegue dosar velocidade e rotação pelo computador de bordo.

Mas é na operação rodoviária que o motorista vai tirar ainda melhor performance dos recursos da caixa, graças aos modos de condução. Por exemplo, ao "perceber" uma inércia, o próprio componente coloca a caixa em neutro.

Assim, entra em ação o EcoRoll, sistema que desengata o caminhão eletronicamente. E aproveita a inércia. Em um trecho do rodoanel conseguimos rodar por 1 km com o sistema ativado. O caminhão que estava fazendo média instantânea de 6,0 km/l passou para 6,2 km/l.


Do mesmo modo, quando o condutor tiver que acionar o modo power para fazer uma ultrapassagem, não perde tanto em consumo. Seja como for, para efeito de comparação, enquanto no EcoRoll o torque cai para 500 rpm, no modo power sobe para 1.800 rpm, em 6ª marcha a 80 km/h.

Mas praticamente em quase todo o trecho do Rodoanel é possível aproveitar a inércia. Todavia, em condução normal, o caminhão, quando trafega entre 70 km/h em 6ª marcha, trabalha na faixa verde de 1.200 rpm. Portanto, em baixa rotação.

Mercedes-Benz Accelo 1017 faz 6 km/l com 8,2 t de carga
Mercedes-Benz/Divulgação
Rodamos aproximadamente 200 km com o Accelo e ele consumiu 6,0 km/l de diesel

Veredicto

Graças ao bom conjunto, o Accelo 1017 Euro 6 aposta no custo total de operação (TCO) como ferramenta de venda. A Mercedes-Benz reconhece que a cabine está ultrapassada. Mas o caminhão é o segundo mais vendido entre os médios, justamente por causa dos recursos que entrega. O conforto e os recursos presentes também contribuem com as boas vendas. Além disso, o trem de força é mais moderno oferecido quando comparado com a concorrência.

Ficha técnica Accelo 1017

AplicaçãoUrbana e rodoviária de curtas distâncias
MotorMB OM 924 de 163 cv a 2.200 rpm, 62,2 mkgf de 1.200 a 1.1660 rpm
TransmissãoMB G-70 de 6 velocidades
Entre-eixos3.100/ 3.900 e 4.400 mm
Suspensão dianteiraMolas parabólicas 
Suspensão traseiraMolas parabólicas
PBTC (kg)Não aplicável
PBT (kg) tec/homologado16.000 /9.600 kg
Peso em ordem de marcha3.642 kg 
Preço R$ 410 mil
Fonte: Mercedes-Benz

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