Mercado

Venda de pneus de caminhão recua 15% em 2023

A queda na venda de pneus de veículos de carga está relacionada à baixa demanda por caminhões novos e à forte concorrência dos importados, que são mais baratos

Aline Feltrin

27 de jul, 2023 · 4 minutos de leitura.

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pneus
De um mês para outro a venda caiu de 540 mil unidades para 484 mil.
Crédito:Divulgação/Scania

Economia instável, taxa alta de juros e redução da cotação do dólar contribuíram para derrubar a venda de pneus de veículos de carga no primeiro semestre de 2023. Conforme dados da Anip, associação que representa as fabricantes de pneus no Brasil, a queda foi de, em média, 15%. Ou seja, os pedidos feitos pelas montadoras recuaram 18,1% no período.

Por outro lado, a venda para o mercado de reposição foi um pouco menor, de 14,1%. Seja como for, de janeiro a junho foram vendidos pouco mais de 3,3 milhões de pneus de veículos de carga no Brasil. Para comparação, no primeiro semestre de 2022 as vendas somaram 3,8 milhões de unidades.

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De qualquer maneira, a queda nas vendas para as montadoras está ligada à retração do mercado de caminhões novos no Brasil. Conforme a Fenabrave, que reúne as associações de concessionárias de veículos, os emplacamentos de caminhões 0-km caíram 12,1%. O seja, no primeiro semestre de 2023, 50.352 unidades foram entregues.

Segundo o presidente da Fenabrave, Maurício, Andreta Jr, isso é reflexo dos juros altos, sobretudo por causa da inadimplência. Além disso, com os novos sistemas para atender as regras do Proconve P8, que entraram em vigor em janeiro, os preços dos caminhões subiram até 30%. “O mercado tem mostrado cautela para aquisição de veículos novos", diz o executivo.


Pneus importados mais baratos

Porém, há também retração nas vendas para o setor de reposição. Conforme a Anip, isso pode estar ligado à concorrência dos importados. Em nota, a associação das fabricantes de pneus informa que "os resultados ruins são reflexo do longo período de isenção de impostos para pneus importados. Assim como de altos estoques."

Seja como for, o consumidor acaba priorizando o menor preço. Ao Estradão, o caminhoneiro Anderson Zampelini revela que o preço dos pneus estrangeiros é bem mais vantajoso. "Prefiro o importado. Pago R$ 1 mil, contra R$ 1.600 do nacional." Segundo o motorista, os têm durabilidade equivalente. "Se continuar assim, vou comprar mais", diz Zampelini.

Em contrapartida, estimativas da Anip mostram que o custo do pneu nacional para rodar 300 mil quilômetros é de R$ 5,8 mil. No caso do importado é de R$ 9 mil. Cálculos feitos pela associação, com base em metodologia da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), mostra que o pneu importado representa R$ 0,35 a mais de custo para o caminhoneiro por quilômetro rodado.


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