Neste ano, a Mercedes-Benz reposicionou sua gama de veículos chassi-cabine. Com o objetivo de destacar os seus atributos para a operação de carga. E com isso melhorar as vendas.
Historicamente, o mercado de veículos comerciais leves da marca sempre foi dominado pelas vans. Ou seja, até 2020, 54,6% das Sprinter vendidas eram versões para passageiros. Os furgões representavam 38,9% dos emplacamentos. E o chassi-cabine, apenas 16,3%.
Porém, como resultado da pandemia que derrubou as vendas de veículos destinados a passageiros, em 2021 os modelos de carga passaram a representar 61% das vendas da Sprinter. Dessa fatia, 22% são chassi-cabine.
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Contudo, o momento é propício para a Mercedes-Benz mostrar aos clientes os predicados do chassi-cabine. Foi então que a marca mudou a denominação para Sprinter Truck.
Dessa forma, para evidenciar o aspecto de caminhão, a nova denominação está estampada na porta do veículo.
Sprinter Truck 314 Street é versátil
A experiência foi a bordo do Sprinter Truck 314 Street Longo. O modelo tem comprimento total de 5.886 mm e distância entre os eixos de 3.665 mm. Ademais, sua largura de 2.345 mm dá a impressão de estar a bordo de uma picape. Para efeito de comparação, a S10 tem largura de 2.132 mm de espelho a espelho.
Dessa forma, com essas dimensões, a direção é facilitada. Especialmente porque essa versão pode ser conduzida por motoristas com habilitação na categoria B. Possui peso bruto total (PBT) de 3,5 t. Contudo, além das dimensões, o diâmetro de giro de 13.300 mm ajuda na hora das manobras, sobretudo em ruas mais estreitas.
Por causa da altura de 2.215 mm, o veículo fica impedido de entrar em alguns ambientes. Seja garagens de prédios ou mesmo em shoppings. Neste último, comumente há a entrada destinada aos veículos de carga.
Compõe ainda a família Sprinter Truck as versões 416 e 516 com PBT de 4,1 t e 5 t, respectivamente. Mas para conduzir esses modelos, o motorista tem de ser habilitado na categoria C.
O peso em ordem de marcha é de 1.880 kg. E a capacidade de carga útil do Sprinter Truck 314 Street chega a 1.620 kg.
O motor é Mercedes
Seja como for, para a minha experiência, o Sprinter Truck, implementado com carroceria do tipo carga seca baixa, carregava 1 t de sacos de areia. E pelo seu comportamento, a carga me pareceu pouca.
Tudo isso suportado pelo motor OM 651 produzido pela Mercedes-Benz. Trata-se de um motor bi-turbo de 2,2 litros e quatro-cilindros em linha. Ele desenvolve potência de 143 cv a 3.800 rpm. E o torque é de 33,7 mkgf desenvolvidos a partir de 1.200 rpm até 2.400 rpm.
Aliás, essa ampla faixa de torque faz diferença na estrada. Onde o veículo rodou em rotação abaixo dos 2.000 rpm. Mas entregando muita força.
Aliado a esse motor está a caixa ZF, manual, de seis velocidades, sendo a última Overdrive. Ou seja, na prática, o Sprinter Truck pode rodar por mais tempo em baixa rotação. Sobretudo, em velocidade de cruzeiro. Por isso, apresentou um bom desempenho na estrada.
A uma velocidade de 90 km/h em 6ª marcha, a rotação não passou de 1.800 rpm. Mas no momento em que, para vencer um trecho mais íngreme, eu reduzi para 5ª marcha, a fim de buscar mais fôlego, a rotação subiu para 1.900, mas rapidamente começou a cair, à medida que o trecho de subida era vencido.
É notória a estabilidade do veículo nas curvas. Ainda mais carregado. O Sprinter Truck conta também com o sistema ESP adaptativo, que garante essa estabilidade. E pode evitar possíveis tombamentos do veículo em manobras bruscas.
A cidade é seu habitat
No trecho urbano o bom comportamento do Sprinter é apoiado pela lista de itens que o modelo possui. Um deles é o volante com direção elétrica. Algo que deixa a condução extremamente confortável. Ainda mais no anda e para costumeiro do horário de pico. Manobrar o Sprinter também ficou facilitado por causa desse item, que é de série na linha.
A dirigibilidade do chassi-cabine remete a de um automóvel. Assim como a frenagem. E isso graças ao sistema de freio hidráulico a disco em todas as rodas.
A segurança também está presente no modelo. Enfrentar as subidas de ruas e avenidas com o veículo carregado pode dar uma certa insegurança. Porém, o Sprinter possui de série o sistema de auxílio em rampa. O componente “segura” o veículo por alguns segundos, enquanto o carro sai da inércia.
Sistemas exclusivos
Outro item de série é o assistente ativo de frenagem (ABA). Ele detecta o obstáculo à frente, alertando o motorista. E até inicia a frenagem de forma autônoma, caso o motorista não tome uma atitude.
Durante a minha viagem, avaliei o sistema, aproximando o Sprinter do veículo de apoio que estava à frente. O sistema reage emitindo um sinal vermelho no painel. Porém, à medida que eu não respondia e acelerei mais um pouco, imediatamente junto com o sinal, o ABA emitiu um alerta sonoro. Foi então que comecei a frear o veículo de forma gradativa.
A Mercedes-Benz garante que se eu não tomasse a atitude de frear o Sprinter, o ABA daria conta de fazer a frenagem autônoma com segurança.
A ampla área envidraçada favorece a visão do motorista. Assim como os retrovisores bipartidos ajudam, inclusive a ter visão dos veículos menores. Contudo, mesmo com a presença do retrovisor interno e a carroceria ser baixa, a visibilidade traseira é comprometida. Um sistema de câmera de ré faria total diferença, mesmo como um item opcional. O componente não está disponível pela Mercedes-Benz no chassi-cabine. Segundo a marca, isso ocorre porque depende do tipo de implemento que o veículo vai recebr.
Porém, no mercado, o sistem custa em torno de R$ 200 incluindo o monitor. O veículo na versão Hi-Tech sai de série com o sistema multimídia, com tela de 7 polegadas sensível ao toque é opcional. Nesse pacote está integrado o sistema multimídia MBUX com espelhamento de smartphone. Na versão avaliada, Confort, o sistema é opcional.
Conforto a bordo
O Sprinter avaliado estava equipado com ar condicionado digital e piloto automático. Outra comodidade é o Keyless Star, ou chave de presença. Todos esses itens tornam o veículo singular na sua categoria.
Ademais, na versão mais completa há ainda volante multifuncional e o sistema de recarga de aparelho celular por indução. Porém, o Sprinter avaliado não dispunha desses itens.
Na falta do sistema de recarregar o celular por indução, há no painel uma entrada para celular, porém, não é compatível para aparelhos da Apple. Todavia, senti falta das alças de acesso para entrar no veículo. Ele é alto e sem a alça tive de me apoiar na porta.
Por outro lado, o espaço a bordo chama a atenção. O posto do motorista tem espaço de sobra para ajustar o banco na posição mais desejável. Enquanto que o assento duplo dos ajudantes é amplo e oferece espaço para as pernas. Isso caso o motorista tenha uma altura média de 1,80 m. Uma vez que o volante está posicionado no painel.
O desenho
Apesar das modificações externas que a nova geração apresenta, o Sprinter Truck ainda tem muita similaridade com a geração antecessora. Porém, o conjunto óptico dos modelos atuais está numa posição mais alta. Com o objetivo de preservar os componentes. Sobretudo, em caso de valetas ou buracos, por exemplo. A grande frontal ampliada deu ao veículo um visual mais robusto.
Veredicto
O Sprinter Truck, na versão mais básica, entrega uma boa lista de equipamentos. O que o posiciona como o mais completo da categoria. É o único do segmento a oferecer itens de segurança como o ABA de série. São ferramentas que auxiliam o motorista em qualquer condição de uso, seja na cidade ou na estrada.
Contudo, toda essa lista de equipamentos torna o Sprinter Truck o mais caro da categoria. Ele custa R$ 224.748. Seu concorrente mais próximo, a Iveco Dayli 35-150 custa R$ 200.434
Ademais, o representante da Mercedes-Benz trafega livremente por áreas que comumente são restritas aos veículos de carga. Por isso, o Sprinter Truck é uma boa alternativa para quem faz o transporte de mercadorias no ambiente urbano.
Ficha técnica
Cabine | Curta |
Motor | OM 651 CDI, de 143 cv a 3.800 rpm / 33,7 mkgf de 1.200 a 2.400 rpm |
Transmissão | ZF- 6S 480 6 marchas, manual |
Entre-eixos (mm) | 3.665 |
Suspensão dianteira | Independente |
Suspensão traseira | Mola Semielíptica |
PBT (kg) homologado | 3.500 |
Consumo estrada e cidade | 9,6 km |
Preço (4x2) | R$ 224.748 |