O Iveco Hi-Road é o mais recente lançamento da linha de pesados da marca italiana no Brasil. O novo modelo de entrada da Iveco no segmento substitui o Stralis com louvor. É mais moderno e bem acabado que o antecessor. Além disso, traz ampla lista de equipamentos. Essas virtudes mostram que o cavalo-mecânico foi pensado para agradar o motorista que faz viagens rodoviárias de médias e longas distâncias.
Avaliamos o Iveco Hi-Road na versão 600S44T, com tração 6x2 e carreta com três eixos. Essa configuração é direcionada a operações com semirreboques de três eixos simples ou "Vanderleia". O peso bruto total combinado é de até 53 toneladas. O caminhão avaliado tinha cerca de 40t de PBTC.
O Iveco Hi-Road tem motor FPT Cursor 13. Trata-se de um seis-cilindros em linha de 13 litros que gera 440 cv de potência a 1.900 rpm e 230 mkgf de torque entre 1.000 e 1.400 rpm. O câmbio é ZF 16AS 2630 TO, caixa automatizada de 16 marchas à frente e duas a ré.
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O novo motor é uma evolução do Cursor (com opções de 9 e 13 litros) que equipava o Stralis. Entre as inovações, a turbina foi calibrada visando a eficiência do trem de força. Além de garantir respostas mais rápidas do motor e câmbio, o consumo de diesel foi reduzido em 7%. As informações são da fabricante.
Na prática, é nítido o baixo nível de ruído do motor no interior da cabine do Iveco Hi-Road. Na descida da Rodovia Anchieta, rumo ao litoral de São Paulo em velocidades entre 30 km/h e 35 km/h, o decibelímetro registrou 69 dB. O resultado pode ser creditado também ao bom revestimento acústico.
O câmbio de 16 marchas é bem escalonado para as estradas brasileiras. O sistema eletrônico de gerenciamento leva em conta parâmetros com carga e tipo de piso para "escolher" a marcha mais adequada. O objetivo é oferecer sempre a melhor resposta, mantendo o equilíbrio entre o melhor nível desempenho e o menor consumo de diesel.
No trecho de serra foi possível comprovar a boa capacidade do freio-motor CEB que é de 415 cv de potência e 204 mkgf de torque. Em praticamente todo o trajeto, o primeiro estágio do sistema, que atua por exaustão, deu conta de segurar o conjunto de cavalo-mecânico e carreta. O segundo estágio só foi utilizado na curva da onça, que é bem acentuada e mais "travada". Nesse caso, rodando a 30 km/h, o freio-motor funciona por descompressão.
Para operações mais severas, como veículos que transportam maior volume de carga e em mineração, por exemplo, há o freio com sistema de retardo. O dispositivo, vendido como opcional, garante capacidade de frenagem de 1.023 cv.
Iveco Hi-Road é forte e gasta pouco
Durante todo a descida da serra formos orientados a manter a velocidade máxima de 35 km/h. O objetivo era justamente não pisar no pedal de freio e utilizar apenas o CEB. Nessa condição, o câmbio automatizado manteve a 8ª e a 9ª marchas engatadas e a rotação do motor ficou em torno das 1.500 rpm.
Entre as ventagens do uso do freio-motor estão a maior segurança e a redução do consumo de diesel. Isso porque o motor mantém uma faixa constante de giro, gerando contrapressão nos cilindros e corte da injeção de combustível.
Ao nível do mar, a suspensão Iveco Hi-Road na versão 600S44T garantiu bom nível de conforto. As respostas do sistema, que é do tipo parabólico, remetem às de uma suspensão pneumática. Trocando em miúdos, mesmo ao passar sobre ondulações na pista o caminhão não sacolejou e ficou firme na trajetória. Esse comportamento também pode ser creditado ao fato de o conjunto não estar totalmente carregado.
A volta ao Planalto também foi feita pela Via Anchieta, que tem traçado mais íngreme que o da Rodovia dos Imigrantes. Com isso, além de a velocidade média ser menor, o consumo de diesel tende a ser bem mais alto.
Mas o Hi-Road mostrou bom vigor na subida. O Cursor 13 não vacilou e o caminhão subiu a serra em velocidades entre 35 e 40 km/h, com a 10ª marcha engatada. Destaque para o baixo ritmo de rotação do motor, entre 1.400 e 1.500 rpm. Na viagem de ida e volta, rodamos cerca de 200 km. A média de consumo foi de 2,35 km/l.
Uma dica do Estradão para quem for dirigir o Hi-Road é ficar atento à pressão do turbocompressor no computador de bordo. Esse recurso ajuda a fazer uma boa média de consumo. Entre os modelos à venda no mercado que também oferecem esse tipo de recurso está o Mercedes-Benz Axor.
Hi-Hoad tem bom nível de acabamento
No visual, a linha Iveco Hi-Road é bem parecida com a do irmão Hi-Way, de topo de linha. A oferta de equipamentos também elevou o status do modelo da marca italiana.
As aletas laterais estão maiores no comprimento e na largura. Dessa forma a entrada de ar lateral não prejudica a aerodinâmica. Além disso, dificulta o acúmulo de sujeira nas laterais do veículo e nas portas. O para-lama e os estribos ganharam a mesma cor do veículo. No Stralis esses acessórios eram de plástico na cor preta.
O Hi-Road é oferecido apenas com cabine leito e teto alto. No interior, chamam a atenção os dois bancos pneumáticos. O volante multifuncional, herdado do Hi-Way, é macio ao toque. Por meio das teclas nas laterais o motorista pode acessar funções do computador de bordo e os ajustes do sistema de som.
De série há itens como climatizador, ar-condicionado, trio elétrico, desembaçador dos retrovisores externos e rádio com tocador de arquivos em MP3 e entrada auxiliar. Entre as novidades há uma caixa térmica, localizada entre os bancos. Com capacidade para 23,8 litros, permite manter gelados alimentos, frutas e água, por exemplo.
Como o caminhão é bem completo, a lista de opcionais é reduzida. Há apenas defletor de ar para o teto, rodas de alumínio e geladeira, além do sistema de freio Intarder.
Concorrentes de peso
O Hi-Road disputa compradores no segmento mais concorrido do mercado brasileiro. Entre os principais rivais estão modelos como o Mercedes-Benz Axor 2544 e o DAF XF85 410. Os dois têm nível de equipamentos e acabamento equivalentes aos do modelo da marca italiana.
O Iveco Hi-Road na versão 600S44T, com tração 6x2, tem tabela de R$ 408.881. O Axor parte de R$ 404.178 e o CF85 tem preço sugerido de R$ 402.529. As informações constam da tabela produzida pela Fipe.
Em vendas, o modelo da Iveco vai bem no Brasil. Em 2019, com 1.142 unidades emplacadas, o Hi-Road ficou na 12ª posição do ranking de empacamentos. No acumulado de janeiro a dezembro, o Axor ficou no oitavo lugar, com 1.606 vendas.
O XF85 410, por sua vez, somou 176 emplacamentos no acumulado de 2019. Os dados foram divulgados pela Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias do País.
DAF elevou nível do segmento
A DAF elevou o padrão de acabamento dos caminhões de entrada do segmento rodoviário. Em 2015, a marca lançou o CF85, modelo que tem muito em comum com o XF105, de topo da empresa no mercado brasileiro. Entre os destaques do cavalo-mecânico estão a boa ergonomia, o amplo espaço interno e os detalhes rebuscados do acabamento.
Nessa configuração, o modelo da marca holandesa gera 410 cv de potência entre 1.500 e 1.900 rpm. O torque máximo, de 204 mkgf, é entregue de 1.050 a 1.410 rpm. O Axor 2544 é o modelo mais desejado pelos consumidores brasileiros, apesar de ter a cabine mais espartana em relação aos rivais. O Mercedes-Benz está entre os oito pesados mais vendidos do Brasil.
Entre os itens de série há diferenciais como iluminação da quinta roda. Outra virtude é a fama de ser econômico. A potência do motor é a mesma do Hi-Road: 440 cv. O torque é de 224 mkgf a 1.100 rpm.
Veredicto
Depois de rodar 200 km a bordo do Iveco Hi-Road, não é exagero afirmar que se trata de um caminhão pensado para proporcionar bem-estar ao motorista. Os vários recursos tecnológicos e as soluções voltadas ao conforto fazem dele um modelo que atende bem quem ficará vários dias ao volante.