Entrevista

Scania já vendeu 60% da produção do primeiro trimestre

Segundo o diretor de vendas de soluções da Scania, Alex Nucci, a marca celebra os bons resultados de 2023 e aposta em alta de 10% nas vendas em 2024

Andrea Ramos

19 de jan, 2024 · 12 minutos de leitura.

Publicidade

Scania já vendeu 60% da produção do primeiro trimestre
ALEX NUCCI
Crédito:Scania/Divulgação
Scania já vendeu 60% da produção do primeiro trimestre

A Scania começou bem em 2024. Afinal, vendeu 60% da produção programada para o primeiro trimestre. A informação é do diretor de vendas de soluções da marca no Brasil, Alex Nucci, a jornalistas do setor. De acordo com o executivo, o mercado começou a dar sinais de aquecimento no último trimestre de 2023. Segundo ele, segmentos como mineração e agronegócio continuam com viés de alta. Porém, Nucci diz que a sinalização mais importante veio do varejo.

VEJA TAMBÉM
O caminhão leve mais vendido em 2023 é Euro 5; veja o ranking
Venda de ônibus cresce mais de 12% no Brasil em 2023

Veja os novos ônibus que chegam ao Brasil em 2024

Nesse sentido, 70% das vendas de caminhões novos são feitas para o segmento, que vem crescendo após a redução da taxa de juros no Brasil. Além disso, Nucci diz que 30% da produção do segundo trimestre já têm pedidos em carteira. Como resultado, o executivo afirma que a Scania vai crescer 14% no segmento de caminhões com peso bruto total (PBT) superior a 16 toneladas.


Publicidade

Conforme o executivo, isso será resultado também da oferta de serviços da marca, o que inclui a locação, Nucci também falou sobre temas como a falta de motoristas e a retomada da produção, após a crise da falta de componentes. Confira a entrevista.

Mercado em transição

Diferentemente de 2023, este ano começou muito bem para a Scania.

O ano de 2023 começou com incertezas na política e na economia relacionadas às taxas de juros e à redução da oferta de crédito. Porém, isso foi melhorando depois. De todo modo, no geral o ano foi bom. Pelo menos para a Scania.


A grande oferta de caminhões Euro 5 prejudicou as vendas dos Euro 6?

A Scania não faz estoques. Assim, em março do ano passado já não havia caminhões com motor Euro 5 nas concessionárias. Portanto, nosso maior volume de vendas em 2023 foi e caminhões Euro 6. Seja como for, falando sobre o mercado mercado geral, o excesso de oferta de Euro 5 gerou um descompasso.

Seja como for, do lado do negócio do cliente o ano foi bom. Um bom exemplo é o agronegócio, que mais uma vez registrou recordes. Além disso, o varejo mostrou uma importante retomada mais no fim do ano. Sobretudo por causa da redução das taxas de juros, o que estimula o consumo. No mesmo sentido, cresceu a oferta de crédito.


Nesse sentido, como o sr. avalia a transição da tecnologia Euro 5 para Euro 6?

Com toda certeza, foi tranquila. Ainda mais quando comparada à mudança do Euro 3 para o Euro 5. Naquele momento, o cliente estava começando a entender a tecnologia. Além disso, teve a introdução do Arla. Portanto, foi bem mais complexo do que agora.

Produção da Scania está aquecida

O aumento de preços do Euro 6 não foi bom para empresários. Como o sr. vê essa questão?


A gente olha de forma um pouco diferente. Analisando todos os segmentos, não teve nenhum ruim em 2023. E quem não comprou Euro 6, comprou Euro 5. O que pode ter mudado é a velocidade da retomada frustração por expectativas não alcançadas.

Mas, atualmente, os transportadores dizem que não falta carga. E as vendas estão ocorrendo. Tanto que na Scania já estamos vendendo caminhões para meados do segundo trimestre. Além disso, eu já vendi 60% da produção prevista para o primeiro trimestre e tenho 30% de pedidos em carteira para o segundo.

Atualmente, há fila para comprar caminhões da Scania?


Não, porque nem tudo está vendido. A maioria dos concessionários tem possibilidade ainda de fazer pedidos de produção.

Então, as expectativas para 2024 são boas?

Quando a gente conversa com os empresários de transporte, eles dizem que todos os caminhões estão rodando. Além disso, não há cenário negativo para a economia no horizonte. E quem está compra está colocando o caminhão para rodar. Ou seja, há frete. Além disso, a Anfavea projeta crescimento de 14% nas vendas de caminhões neste ano. Portanto, em linha com as projeções internas da Scania. Então, sim, as expectativas para 2024 são boas.


Scania /Divulgação
Nucci diz que o Scania Super está vendendo mais do que a linha Plus; FOTOS: Scania /Divulgação

Ampliação de frota

As novas vendas são mais direcionadas à ampliação ou renovação de frota?

Acredito que muito mais para a ampliação de frota.


Quais segmentos o sr. considera mais promissores?

Não temos apostas em segmentos específicos. Porém, estamos bem focados no cliente de varejo.

Dessa forma, dá para dizer que a economia está aquecida, há mais carga ou o frete está valorizado?


De modo geral, a economia está aquecida e tem carga para ser transportada. Até recentemente, havia um represamento no setor por causa da pandemia. Agora, está ocorrendo ampliação e renovação da frota. No mesmo sentido, o setor de usados está aquecido.

A crise da oferta de componentes, que afetou o setor até recentemente, foi resolvida?

Na Scania, a estabilização da cadeira produtiva ocorreu em meados de 2022. Assim, a partir do segundo semestre daquele ano a produção voltou ao normal. Como eu disse, a Scania não trabalha com estoques.


Quantas unidades da linha Super foram vendidas em 2023. E como estão as vendas da Plus?

Em 2023, vendemos 6,5 mil unidades do Scania Super e quase 5 mil do Plus. O Plus é a solução para aquele empresário cujo frete ainda não permite a aquisição do Super. Nesse sentido, colabora o fato de no fim do ano passado os motores Euro 6 estarem em 90% dos caminhões pesados vendidos. No caso dos semipesados, eram 75%. Vale lembrar que a Scania não atua no setor de leves.

Juros e créditos

Em um momento de transição de patamar de juros e oferta de crédito, como está a inadimplência?


Por mais que a taxa de juros tenham caído, ainda estão muito altos. Isso tem a ver com o nível de inadimplência, e acaba prejudicando a oferta de crédito. Atualmente, a inadimplência está alta. E cresceu nos últimos três meses.

Isso impacta diretamente as vendas?

Sim e não, uma vez que o Scania Banco é o nosso principal braço financeiro. Nesse sentido, representa cerca de 65% das operações. Isso também está ligada à baixa oferta de crédito dos bancos comerciais. Historicamente, o Scania Banco responde por 50% das nossas vendas. Ou seja, de forma geral, são os bancos das montadoras que estão viabilizando o negócio.


Contudo, embora a inadimplência esteja alta, mantém um nível sustentável. Por isso, ainda não afeta o negócio. Mas, se continuar crescendo, isso será inevitável.

Falta de motoristas

Há empresas que não estão ampliando a frota porque faltam motoristas. Como a Scania pode ajudar?

Afirmo com certeza que está ocorrendo ampliação da frota porque há oferta de carga. Entretanto, sabemos que há falta de motoristas. Por isso, há transportadoras investindo em treinamento, bem como atraindo motoristas com carteira "C" que queiram mudar para "D" e "E".


A Scania tem parcerias com Fabet e o Sest/Senat e Senai. Do mesmo modo, nosso time interno de aceleração desenvolve um trabalho para atrair motoristas e ajudá-los a migrar a categoria da habilitação, oferecer treinamento, etc. Além disso, por meio das nossas ferramentas de conectividade, mostramos o quanto os caminhões estãol mais completos, seguros e confortáveis.

Como está o negócio da Scania Locação e qual é o perfil dos clientes desse serviço?

Iniciamos essa operação em 2023. Trata-se de um braço financeiro do nosso negócio. Portanto, segue a filosofia de vendas da Scania. Ou seja, locamos o caminhão com todo o pacote de soluções, como conectividade e manutenção. Atualmente, há 40 caminhões alugados rodando. Além disso, no primeiro trimestre deste ano devemos entregar outras 30 unidades.


No momento, a maioria desses clientes é do segmento de transporte de carga industrializada, e a concentração é nas regiões Sul e Sudeste. É o caso de caminhões com baú, sider e alguma coisa de tanque. O prazo médio dos contratos de locação vai de 48 a 60 meses.

Siga o Estradão no Instagram!

Deixe sua opinião