Uma nova Randon será apresentada ao público durante a Fenatran 2022. É o que informa o diretor superintendente da divisão montadora da empresa, Sandro Trentin. De acordo com ele, a companhia gaúcha, que ficou conhecida como fabricante de implementos rodoviários, mudou seu conceito de produção. Agora, a aposta é no sistema de modularidade.
Conforme Trentin, a principal vantagem é a facilidade de customização e manutenção. Como resultado, há redução tanto dos custos de fabricação quanto no TCO dos clientes. Essa linha foi batizada de New R. De acordo com o executivo, esses implementos têm até 70% menos soldas e chegam a ser 20% mais leves que os convencionais.
Em entrevista ao Estradão, Trentin afirma que a fabricante levará à feira uma série de novas soluções. Além de produtos, a empresa também aposta na oferta de serviços.
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Eletrificação
Além disso, a Randon já vende semirreboques da linha Hybrid R. Ou seja, são implementos com sistema auxiliar elétrico de propulsão e-Sys da Suspensys. Inicialmente, além do Brasil há compradores do Chile. A novidade está sendo utilizado em operação de transporte da CMPC. A empresa gaúcha é do setor de celulose. Bem como da mineradora chilena SQM, no deserto do Atacama.
De acordo com Trentin, há várias outras empresas brasileiras negociando a compra desse tipo de implemento. As principais são grandes grupos, que buscam soluções para atender metas de ESG. Para isso, a companhia também conta com a Randon Solar. Ou seja, a divisão que desenvolve sistemas de geração de energia fotovoltaica.
Nova forma de negociar
Em breve, a Randon também pretende atuar no segmento de locação de equipamentos. Com isso, a empresa pretende oferecer uma opção mais acessível de modo a disseminar a eletrificação. De acordo com Trentin, a meta é cobrir 50% desse mercado a médio prazo. Confira a íntegra da entrevista.
Nova era para a Randon
Que tipo de vantagem a New R oferece ao transportador?
A New R significa uma nova abordagem da Randon. Ou seja, nossos produtos passam a ser modulares. Dessa forma, há maiores capacidade de otimização, leveza e resistência. Tudo isso com 70% menos soldas.
Qual é a principal mudança?
O chassi não é soldado. Ou seja, agora é rebitado ou mesmo parafusado. Com isso, eu consigo reduzir o consumo de energia em até 70% de energia. Portanto, ele é mais sustentável até no processo produtivo. Para isso, eu uso materiais mais nobres, leves e resistentes.
No caso do peso, qual foi a redução?
Entre 500 kg e 1.000 kg, dependendo do modelo. Com isso, são em torno de 10% a 20% de redução da tara. Isso permite que o transportador transforme mais carga.
Uma nova forma de operar
Essa tecnologia é única?
Sim. Chamamos de plataforma modular. É uma grande transformação da empresa. A Randon mudou a forma de trabalhar, por meio de uma nova visão de engenharia, concepção de produtos e processos industriais. Bem como uma nova visão de entrega ao cliente e manutenção, até o final da vida útil.
Como isso impacta a disponibilidade do produto e, consequentemente, o TCO?
Em caso de dano, por exemplo, apenas a peça afetada é substituída. Quando existe solda, dependendo do reparo é preciso cortar e refazer a parte danificada. Agora, trabalhamos de maneira mais enxuta, com serviços mais rápidos. Além disso, os estoques de peças, que passaram a ser padronizadas, são menores. Portanto, isso reduz também o nível de capital de giro.
Do mesmo modo, essa solução facilita a customização. Ou seja, o equipamento pode receber evoluções conforme a mudança de material e de componentes. Porém, isso só é possível a partir da gama New R.
Nanotecnologia
Do que se trata a nanotecnologia utilizada em peças e componentes?
Utilizamos materiais inteligentes. Ou seja, por meio da nanotecnologia, desenvolvemos materiais mais leves e resistentes. Além disso, com essa tecnologia na tinta, a pintura dura mais tempo e suporta melhor as intempéries.
Outro benefício da nanotecnologia é que, com o uso de nióbio, por exemplo, foi possível melhorar a vedação. Ou seja, algo que não era possível com a solda. Como resultado, há maior resistência. Afinal, não passa água nem poeira e não há perdas.
Então, é uma boa solução para o transporte de grãos?
Além disso, com o sistema modular utilizamos materiais bem mais estáveis no processo de fabricação. Por exemplo, alumínio e polímero. Isso ajuda a melhorar a vedação e o controle de torções. Além disso, oferecemos suspensão pneumática. Com isso, garantimos ainda mais durabilidade ao produto.
Sistemas extras
Mas há clientes que compram carretas com sistema pneumático?
Sim. É o caso de quem transporta cargas perecíveis e frágeis. Quando esse cliente faz conta e avalia o TCO, faz todo sentido adquirir o sistema.
Energia solar no transporte
Do que se trata a Randon Solar e quais segmentos devem adotar a tecnologia?
Trata-se de placas solares que podem ser colocadas no implemento. A energia captada é enviada às baterias do e-Sys. Mas essa também será uma alternativa para quem faz o transporte de carga frigorificada. Isso porque, como o sistema reduz o consumo de diesel do caminhão.
Com a combinação de placas solares e e-Sys, qual é a autonomia do conjunto?
Há clientes que conseguiram viajar mais de 2 mil quilômetros. Em testes, a solução rodou mais de um milhão de km sem falhas. Ou seja, a vida útil é semelhante à dos implementos convencionais.
E qual é a redução do consumo de diesel com as duas soluções em uma carreta New R?
Entre 15% e 25% de economia. Porém, o número pode variar de acordo com o tipo de carga e até mesmo a topografia da estrada.
O sr. disse que o e-Sys pode ser usado no transporte de madeira...
Isso mesmo. Trata-se de um tipo de operação em que o eixo elétrico ajuda a dar mais tração. Portanto, é uma boa solução para atividades em locais com pouca aderência, como lama, em que o veículo roda com carga pesada. Apesar de todo o requinte, o sistema é resistente. Assim, pode atender operações de uso misto. Da mesma forma, o e-Sys pode ser aplicado em caminhões e ônibus.
Preços
Eixos elétricos custam até 3 vezes mais que convencionais. Como a Randon vai viabilizar a venda?
Inicialmente, a venda será por meio de financiamento ou mesmo leasing. Mas temos soluções via Banco Randon e Randon Consórcios.
Há montadoras apostando na locação de caminhões. A Randon vai oferecer algo do tipo?
Estamos estudando a possibilidade de oferecer o serviço de locação. Além disso, há estudos sobre a venda do equipamento para locadoras. Mas tudo no campo da eletrificação ainda é muito novo. Assim, para trazer esse produto tivemos até de participar da criação de leis juntamente com o governo.