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Preço do frete derrete com alta do diesel

Com a alta nos custos do transporte, sobretudo, do diesel, caminhoneiro não vê o repasse no preço do frete, cujo km rodado por eixo é em média R$ 1

Andrea Ramos

07 de jul, 2021 · 8 minutos de leitura.

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MEI CAMINHONEIRO
Crédito:Volvo/Divulgação

O preço do frete está sendo cada vez mais achatado pelos constantes reajustes do diesel. Nesta semana, o combustível subiu pela oitava vez em 2021. Assim, acumula alta de 39% no ano. Além disso, levantamento feito pela FreteBras revela que, de maio de 2020 a maio de 2021, o preço do transporte por quilômetro rodado por eixo subiu 0,24%. Nesse interim, o diesel S500 subiu 47,18%.

Assim, segundo o levantamento, o preço médio do frete por quilômetro por eixo no Brasil é de R$ 1,01. Ao mesmo tempo, entre abril e maio de 2021 o preço do diesel comum na bomba aumentou 6,38%. Segundo relatório da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Apesar disso, no mesmo período, o preço do frete caiu 0,14%, ficando praticamente estável.

Preço do frete por região

Segundo a FreteBras, em maio a região Norte apresentou o preço por quilômetro por eixo mais alto do País. Ou seja, R$ 1,09. Enquanto isso, no Nordeste a média foi de R$ 1,02 e no Centro-Oeste e Sul, de R$ 0,99. Por fim, no Sudeste o preço médio foi de R$ 0,98.


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Porém, na comparação do acumulado de maio de 2020 a maio de 2021, o Sudeste apresentou a maior alta no preço do frete. Assim, a alta foi de 2,33%, enquanto o diesel S500 na bomba subiu 47,35% na mesma região. Segundo o mesmo levantament.

Nesse sentido, o preço do frete no Centro-Oeste registrou o pior resultado em igual período, com queda de 1,23% por km rodado por eixo. Da mesma forma, a região registrou a segunda maior alta do País no diesel comum na bomba. Ou seja, aumento de 47,79%, no mesmo período.

"A situação do preço do frete tem sido uma das maiores preocupações e queixas do mercado. A inflação acima de 8% nos últimos 12 meses e o preço do diesel dando um salto fazem com que o custo do transportador aumente exponencialmente”, diz o diretor de operações da FreteBras, Bruno Hacad.


Variações por Estado

O Amazonas apresentou o frete mais alto em maio, com R$ 1,21 por quilômetro rodado por eixo. Seguido pelo Rio Grande do Norte (R$ 1,12) e pelo Alagoas (R$ 1,09). Na outra ponta da tabela, os fretes mais baixos foram registrados no Acre (R$ 0,91) e no Mato Grosso (R$ 0,94). Já nos Estados do Piauí e Ceará, o valor foi de R$ 0,96 por km rodado por eixo.

De abril a maio foi possível identificar Estados com resultados mais positivos. A maior alta no preço do frete foi registrada no Rio Grande do Norte (18,72%), seguido do Tocantins (10,34%) e do Mato Grosso do Sul (10,29%).

No mesmo período, os Estados com maior volume de frete foram São Paulo e Rio de Janeiro. Porém, ambos registraram queda no preço do frete por km rodado por eixo de, respectivamente, 1,58% e 2,38%, de acordo com o levantamento.


Seja como for, de abril a maio de 2021 o preço do diesel na bomba teve o maior aumento no Maranhão. Ou seja, a alta foi de 7,34%. Porém, no mesmo período o preço do frete caiu 3,65% no Estado.

Autônomos são os mais prejudicados

Diretora de manufatura, logística e agroindústria da Totvs, Angela Gheller diz que há um desequilíbrio forte entre o preço do frete e os custos do transporte. Segundo ela, o combustível é o que mais impacta, por representar de 40% e 50% do custo da operação.


Dessa forma, todos os envolvidos, como o caminhoneiro e transportador, operam com margens muito reduzidas. “Os caminhoneiros autônomos são os que mais sofrem. Estão sozinhos. E trabalham de forma independente”, diz.

Seja como for, para driblar o problema é preciso investir. Ou seja, há ferramentas para melhorar a produtividade ao negócio. Porém, segundo Angela, nem sempre o caminhoneiro consegue repassar os custos. Portanto, ele deve investir em soluções simples.

Como reduzir as despesas

Como exemplo, Angela sugere o uso de planilhas. De acordo com ela, muitos autônomos não acompanham em detalhes o custo da operação. E não incluem valores como encargos, custo do caminhão e dos ativos. Bem como a despesa gerada pelo veículo que vai ou volta vazio.


Segundo a especialista, também é preciso avaliar se vale a pena fazer essa ou aquela rota. "Por meio de tecnologias e controle, mesmo os mais simples, o autônomo consegue acompanhar isso", diz.

Além disso, por causa do cenário atual ela lembra que o caminhoneiro deve estar atento. Dessa forma, vai conseguir aproveitar as oportunidades de alta demanda que surgem em segmentos específicos. É o caso do aumento dos negócios gerados pelo comércio eletrônico, por exemplo.

De olho nas oportunidades

“Quando existe mais demanda, dá para repassar alguns custos", explica a especialista. De acordo com ela. é preciso que o caminhoneiro tenha bem claro que sua atividade está atrelada à oferta e procura.


Segundo o levantamento da FreteBras, um dos destaques é o setor de construção. Ou seja, o preço do frete por km rodado por eixo subiu 5,17%. Na comparação entre maio de 2020 e maio de 2021.

Seja como for, na média geral o preço do frete permaneceu praticamente estável no mesmo período. Nesse sentido, houve alta de 1,20% no preço do frete no setor de agronegócio e de 2,10% no de construção civil. Porém, no caso de produtos industrializados houve queda de 0,26%.

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