Entrevista

Novos limites de emissões vão aquecer venda de implementos rodoviários

Expectativa da Anfir é que as vendas de implementos rodoviários cresçam até 10% em 2022; Proconve P8 vai antecipar renovação da frota

Aline Feltrin

11 de fev, 2022 · 6 minutos de leitura.

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implementos rodoviários
Venda de implementos rodoviários pode ter ano recorde com renovação de frota por causa das leis de emissões do Proconve P8
Crédito:Librelato/Divulgação

O Proconve P8, próxima fase do Programa de Controle de Emissões de Poluentes por Veículos, entra em vigor em 1° de janeiro de 2023. E vai fazer com que transportadoras e frotistas antecipem a renovação da frota de caminhões. Assim, o aquecimento nas vendas aumentará os pedidos de implementos rodoviários. Essa é a expectativa da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Rodoviários, a Anfir.

Mas a "corrida" não será para ter caminhões menos poluentes. É para aproveitar os preços dos modelos com motores Euro 5. De acordo com especialistas, o valor de venda de um caminhão 0-km com motorização menos poluente é maior - de 13% a 23% superior a um padrão Euro 5. De qualquer maneira, dependerá da marca e do modelo do veículo.

Em entrevista ao Estradão, o presidente da entidade, José Carlos Spricigo disse que poderá acontecer algo parecido com 2011. Na época, as empresas anteciparam as compras para aproveitar a tecnologia vigente. E, assim, economizar um bom valor na renovação da frota. "Isso vai refletir nas nossas vendas. Não no mesmo volume que a de caminhões. Contudo, podemos ter um número importante de encomendas nesse ano".


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História pode se repetir?

Apesar da opinião do presidente da Anfir, há executivos de montadoras que não acreditam que o volume de antecipação da compra de caminhões Euro 5 será tão aquecida. Afinal, os modelos feitos dentro dos limites equivalente ao Euro 6, além de emitirem menos gases, serão mais econômicos. Seja como for, haverá bons impactos para o setor.

Vale recordar que, em 2012, o Brasil evoluiu de motores Euro 3 para Euro 5. E, ao saberem que essa evolução tecnológica contribuiria para um aumento no preço dos caminhões em até 40%, frotistas também anteciparam suas compras. Ou seja, o movimento contribuiu para uma alta demanda e pode se repetir. Naquele ano, o Brasil emplacou 190.823 implementos rodoviários. Foi um dos melhores números da história.


Agronegócio continuará protagonista

Da mesma forma, o agronegócio deverá ser o protagonista das vendas de implementos em 2022. A exemplo do que ocorre todos os anos, a projeção de uma safra recorde de grãos deverá aquecer as vendas. "A demanda deverá ser puxada por empresários que estão à procura de implementos com mais eficiência energética e novas tecnologias", comenta.

A aposta de Spricigo é que os semirreboques basculantes sejam os carro-chefes neste ano. O executivo relembra, portanto, que esse tipo de implemento recebeu algumas atualizações tecnológicas. E elas ampliam seu uso para transporte de grãos. "As fabricantes começaram a trabalhar com aço de alta resistência. Assim, reduziu bastante o peso desse tipo de implemento. Por isso está sendo comprado por quem transporta grãos. Além disso, é mais prático para descarregar", diz.

De toda forma, os semirreboques também deverão ter bastante demanda dos segmentos de construção civil e de minério. Esses dois setores aqueceram o mercado em 2021. E continuam em ascensão neste ano. Não por acaso, a boa perspectiva da Anfir chega logo após as fabricantes de implementos registrarem o melhor janeiro em vendas dos últimos sete anos. Foram quase 12 mil emplacamentos no período.


Produção ficou mais cara

De qualquer maneira, a indústria de implementos rodoviários ainda sente os impactos da demora de entrega de alguns materiais. E também do aumento de preços. "Os fornecedores de pneus nacionais, por exemplo, ainda não conseguem atender totalmente a indústria. Além disso, o valor desse componente subiu", explica o presidente da Anfir.

Segundo Spricigo, também há demora na entrega de cilindros hidráulicos. Tais componentes são utilizados para levantar os basculantes. Por fim, há fila de espera para comprar freios ABS, que são obrigatórios. Além de sistemas de controle de estabilidade.

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