A Mercedes-Benz vem fazendo importantes mudanças em sua divisão de caminhões e ônibus no Brasil. Nesse sentido, desde janeiro de 2022 o alemão Achim Puchert ocupa o cargo de presidente da empresa no País. E foi justamente o executivo de 42 anos, que sucede o também alemão Karl Deppen, quem anunciou a despedida de Roberto Leoncini do posto de vice-presidência de vendas, marketing e peças e serviços de caminhões da filial brasileira da companhia.
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O anúncio ocorreu na quarta-feira (6), durante o encontro de fim de ano da empresa com jornalistas do setor. Seja como for, Leoncini por ora não deixará a companhia. Segundo o executivo, a partir de agora ele vai ocupar uma cadeira no conselho da Mercedes-Benz.
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Leoncini foi um dos personagens mais atuantes da indústria de caminhões no País. Chegou à Mercedes-Benz em 2014, após sair da Scania, onde também dirigia a área de vendas. Na marca sueca, ele iniciou sua carreira como representante distrital. Depois, passou a atender grandes frotistas, virou gerente e, mais tarde, diretor. Na sequência, passou a coordenar toda a área comercial da Scania no Brasil.
Reposicionamento da Mercedes-Benz
Na Mercedes-Benz, o executivo, de 60 anos, ajudou a reposicionar a marca no Brasil. Assim, a Mercedes-Benz passou a ser mais atuante e competitiva no segmento de caminhões pesados. Ou seja, o mais representativo e com maior volume de vendas do mercado brasileiro.
Para isso, sob o comando de Leoncini a marca promoveu adequações em seus produtos. Isso porque, embora oferecesse produtos de qualidade reconhecida, como Axor e Actros, eles não eram muito competitivos. Além disso, o executivo passou a mirar o setor de transporte do agronegócio.
Para isso, a área de engenharia da marca foi fazendo mudanças nos produtos. Ao mesmo tempo, sob a direção de Leoncini, a Mercedes-Benz também introduziu atualizações na rede de concessionários. Como resultado, atualmente a empresa tem 360 pontos de atendimento no Brasil.
Ampliação da oferta
Além disso, a rede ampliou a oferta de serviços. Ao mesmo tempo, passou a apostar em operações dedicadas. Ou seja, específicas para o tipo de negócio de cada cliente. Como resultado, ainda em 2014 a empresa viu os números de vendas começarem a crescer. Entre os destaques, as versões 6x4 do Axor 2644 e do Actros 2651 foram os caminhões da Mercedes-Benz mais emplacados do segmento.
Da mesma forma, sob a batuta de Leoncini a Mercedes-Benz começou a ganhar ainda mais espaço nos segmentos em que ela já ia bem. Ou seja, de caminhões leves, médios e semipesados, com as linhas Accelo e Atego, por exemplo. Entre as mudanças, a gama Atego foi ampliada. Atualmente, conta com versões versões rodoviárias e vocacionais, assim como fora-de-estrada.
Também durante a passagem de Leoncini pela direção de vendas, a Mercedes-Benz introduziu forte inovação em várias áreas. É o caso da mudança dos motores para atender o Proconve P8, nova fase do programa de controle de emissões equivalente ao Euro 6. Além disso, a linha de montagem de São Bernardo do Campo (SP) passou a atender os requisitos da chamada indústria 4.0.
Renovação de frota
Uma das bandeiras defendidas por Leoncini é a renovação da frota de caminhões e ônibus no Brasil. De acordo com o executivo, é preciso mudar, inclusive, o conceito das leis brasileiras. Segundo ele, uma das distorções diz respeito a impostos. “No Brasil, o caminhão novo paga mais do que o velho. Após 15, 20 anos, há até isenção de IPVA. Isso não faz sentido. Deveria haver incentivo para o dono do veículo novo."
Conforme Leoncini, quem tem modelo novos polui menos e paga mais. "Em geral, o caminhão antigo não recebe manutenção adequada. Com isso, seu dono pode oferecer um frete mais barato. Isso puxa toda a cadeia para baixo e gera distorções no custo do transporte”, diz. O ex-vice-presidente da Mercedes-Benz defende o desmonte e reciclagem dos caminhões antigos.
Novos desafios, mas na Mercedes-Benz
Seja como for, Leoncini vai continuar atuando na Mercedes-Benz. De acordo com ele, a ideia é contribuir para desenvolver e ampliar o setor no País. Afinal, o executivo afirma que o potencial desse mercado no País é de cerca de 200 mil veículos por ano.
Quem assume a vaga aberta pela saída de Leoncini é Jefferson Ferrarez. Ele também vai coordenar as vendas de caminhões da Mercedes-Benz em outros mercados fora do País. Além disso, vai atuar no desenvolvimento da rede de concessionárias.
Por sua vez, a divisão de ônibus da Mercedes-Benz passa a ser comandada por Walter Barbosa. O executivo assume a vice-presidência de vendas, marketing e peças & serviços ônibus da marca no País.