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Copa Truck é laboratório de desenvolvimento de caminhões

Uma série de mudanças vai marcar a Copa Truck em 2021. Na parte técnica, os caminhões terão redução e equalização... leia mais

Aline Feltrin

22 de dez, 2020 · 10 minutos de leitura.

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Copa Truck

Uma série de mudanças vai marcar a Copa Truck em 2021. Na parte técnica, os caminhões terão redução e equalização da potência dos motores. Nesse sentido, o objetivo é diminuir quebras e, consequentemente, os custos. Assim como haverá novos sistemas para reduzir a emissão de fumaça.

Mas os aprimoramentos também impactam o desenvolvimento de caminhões para as ruas. Frequentemente há esse tipo de contribuição, das corridas para as fábricas. As pistas acabam sendo verdadeiros laboratórios de experimentos

Assim também todos os componentes dos caminhões da Truck são levados ao extremo. É o que afirma o CEO da Mais Brasil Esportes, que organiza a competição, Carlos Col.


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“Essa é a oportunidade para a indústria obter informações importantes. Para aperfeiçoar e promover revoluções técnicas nos seus produtos”, diz.

Na Copa Truck, motor dura um único fim de semana

O motor, por exemplo, poder durar até 1 milhão de quilômetros em operações normais. Mas na Copa Truck, pode durar apenas um um fim de semana. Do mesmo modo, esse tipo de desgaste ocorre com os sistemas de freio, entre outros componentes.

Dono da RM Motors Sports, time que corre a Copa Truck com caminhões Volkswagen, Renato Martins está na competição há 20 anos. Ele conta que em poucas horas é possível avaliar o desempenho de um determinado componente.


“Em testes de estrada, esse processo levaria meses”, diz. Martins afirma que as competições permitiram melhorar itens como radiadores de água, por exemplo.

Contribuições das pistas

E conta que as exigentes condições da Copa Truck ajudaram a Volkswagen a fazer ajustes importantes em sua linha de produtos. É o caso da substituição de um tipo de câmbio, por exemplo.

“Usávamos um que era bom para o território norte-americano. Porém, não  era ideal para a realidade brasileira. Nós informamos isso à VWCO e a fábrica substituiu por um outro que se encaixou melhor”, afirma Martins.


Do mesmo modo, outra contribuição recente influenciou a montagem do recém-lançado Meteor. O modelo da VWCO é baseado no MAN TGX, mas com visual próprio. Do “primo”, herdou itens como o motor D26.

“Eu já usava uma cabine de VWCO com motor MAN há quatro anos. Nasceu na fábrica, mas já fazíamos isso lá atrás", conta Martins. "Com certeza, nossa inovação inspirou a montadora.”

Componentes são avaliados em situações extremas

Edinilson Almeida é o engenheiro responsável pelo suporte da Iveco às equipes da Copa Truck. Ele diz que vários sistemas são avaliados durante as corridas.


Da mesma forma, há desenvolvimentos realizados em parceria com fornecedores e outras empresas. “Como, por exemplo, o cooling, o turbocompressor e componentes de suspensão.”.

Ele confirma que a Iveco utiliza a experiência das pistas como um laboratório para testes. E também para o desenvolvimento de novas tecnologias para a linha comercial de caminhões da marca.


“Os extrapesados que competem na Copa Truck nos dão a possibilidade de aprimorar ainda mais modelos como o Hi-Road e o Hi-Way. São modelos que fazem parte do portfólio da marca no segmento de pesados", lembra Almeida.

Análises subsidiam engenharia das montadoras

Constantemente as pistas são um espaço adicional de verificações de desempenho. Como resultado, permitem analisar o comportamento de itens submetidos a esforços intensos.

Contudo, ele afirma que essas análises são complementares às avaliações regulares. E que a marca mantém um controle estreito da performance dos componentes fora das pistas, nas operações com caminhões comerciais.


A VWCO vê a Fórmula Truck como uma oportunidade para motivar os engenheiros a buscarem melhorias contínuas. E a usarem as pistas para obter informações e realizar pesquisas.

“Testar componentes em situação extrema faz com que haja uma evolução muito rápida em componentes importantes, diz Rodrigo Chaves, vice-presidente de Engenharia da empresa. Ele cita sistemas como motor, transmissão, freios e direção, entre outros.

Evolução até no chassi

De acordo com ele, com a Copa Truck é possível colher informações para desenvolver motores de caminhões mais econômicos e duráveis para uso comercial. “As pistas e as ruas são dois mundos diferentes, mas que conversam entre si”, diz.


O engenheiro afirma que a participação em corridas contribuiu para a melhoria e desenvolvimento para os principais sistemas do caminhão. Isso inclui até o chassi. “Fazemos um trabalho muito grande em redução de peso, importante para o veículo de corrida e, também, para o de carga.”

Quando o caminhão é mais leve, faz voltas mais rápidas na competição. E, na operação de transporte, isso pode ser traduzido em menor consumo de combustível.

Provas da Copa Truck poderão ser vistas no celular

Em 2021, será possível acompanhar a Copa Truck de qualquer lugar. Isso porque as corridas serão transmitidas por plataformas digitais como Facebook e Youtube.


Além disso, a TV Bandeirantes passará a exibir as provas. “Nós usávamos canal fechado para fazer as transmissões. Mas nem todos os caminhoneiros tinham assinatura. Agora, será possível assistir até mesmo pelo celular”, diz Col.

Ele conta que a novidade surgiu de uma demanda dos caminhoneiros e de pessoas do setor de transporte. “As redes sociais da Copa Truck recebiam constantemente pedidos do público. As pessoas queriam uma exibição mais abrangente das corridas.”


Segundo Col, é muito importante que os caminhoneiros possam assistir a competição. Isso porque, de acordo com ele, esse público é um importante influenciador de tendências.

Competição terá duas categorias

Há outra novidade para 2021. A Copa Truck será dividida em duas categorias. Além da principal, haverá a Super Truck. Pilotos novatos e estreantes na categoria são o foco.

A nova divisão terá pontuação e pódios próprios. Mas os participantes competirão juntamente com a divisão principal. Ou seja, todos disputarão a mesma prova.


O grid da Copa Truck tem 28 caminhões. Todos pesam 4,5 toneladas. São cavalos-mecânicos da Iveco, Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen e Volvo.

Contudo, nem todas têm envolvimento direto com as equipes e participam do desenvolvimento dos caminhões de corrida. “As empresas mandam os engenheiros para a acompanhar todas as etapas. As fabricantes de autopeças também se envolvem bastante”, diz o responsável pela competição.

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