A indústria produziu 8,4 mil caminhões em maio. Mas, embora o volume seja 15,7% superior ao registrado em abril, quando a produção de caminhões totalizou 7,3 mil unidades, ainda está abaixo da expectativa. Seja como for, na comparação com maio do ano passado, há um déficit de 5,5 mil unidades. Ou seja, queda de 39,8%.
Da mesma forma, o desempenho do acumulado dos cinco meses de 2023 é inferior ao do mesmo período do ano passado. Assim, de janeiro a maio deste ano, a indústria produziu 40,1 mil caminhões. Ou seja, 31,3% a menos na comparação com as 58,4 mil do mesmo período do ano passado.
Entretanto, tudo isso pode mudar com o decreto do carro popular. A medida foi publicada na última semana e, de última hora, incluiu os veículos comerciais no pacote de incentivos do Governo Federal.
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Nova lei de emissões brecou as vendas de caminhões
O vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Gustavo Bonini, declarou que a produção ainda está "andando de lado". Ou seja, em um nível abaixo do ano passado, por causa dos efeitos do Proconve P8, nova lei de emissões equivalente ao padrão Euro 6.
Com a atualização da tecnologia dos motores, que ficaram menos poluentes, os preços dos caminhões 0-km estão pelo menos 30% mais caros. Assim, a nova realidade afasta novos compradores. Outros motivos são a escassez de crédito e as altas taxas de juros praticadas pelos bancos.
Os mesmos efeitos atingem o mercado de ônibus. Dados da Anfavea mostram que, em maio, as montadoras produziram 1.947 chassis, alta de 19,6% sobre as 1.628 unidades de abril. Contudo, na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando a produção alcançou 3.013 unidades, a queda foi de 35,4%.
O efeito mais evidente da queda da demanda por modelos Euro 6 é exibido no resultado dos cinco meses do ano. De janeiro a maio, saíram das linhas de produção 7.590 chassis, queda, portanto, de 26,6% sobre a produção de 10.340 realizada no mesmo período de 2022.
Decreto do carro popular vai reaquecer produção
De qualquer maneira, com a publicação da Medida Provisória 1175/23 no Diário Oficial da União, o chamado decreto do carro popular, o governo vai ajudar a reaquecer a venda de caminhões 0-km. A medida estabelece um sistema de desconto de preços patrocinado pelo Governo Federal. O objetivo é facilitar a compra de veículos com menos emissões de poluentes para pessoas físicas e jurídicas.
Conforme a MP, o programa de incentivo tem prazo de 120 dias. No caso de caminhões, haverá uma injeção de valores de R$ 700 milhões. Para ônibus, o montante será de R$ 300 milhões. Para levantar o recurso, haverá a antecipação da reoneração tributária do diesel.
Em vez de corte no PIS/Cofins, no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo concederá créditos tributários aos fabricantes de veículos com a receita proveniente da desoneração.
Caminhões e ônibus até R$ 99.400 mais baratos
Para obter o desconto, o transportador fará para a concessionária a entrega de veículo de mesma categoria, em condições de rodagem, com licenciamento regular relativo ao ano de 2022 ou ao ano posterior. E com data de emplacamento original superior a 20 anos. O objetivo é, assim, que o caminhão antigo vá para o desmonte e fique fora de circulação. Contudo, o governo ainda não informou como fará essa dinâmica.
Renovar
Embora a meta seja a renovação da frota, a Medida Provisória não tem relação direta com o Programa Renovar que o Governo Federal anunciou no ano passado - ainda na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - e que ainda não saiu do papel.
A iniciativa foi criada para tirar de circulação caminhões com mais de 30 anos de uso. Ou seja, colocar em prática uma ação efetiva de renovação da frota. Seja como for, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a idade média da frota de caminhões no Brasil é de 15 anos.