A Daimler Truck iniciou a eletrificação na região da América Latina. A companhia anuncia a venda dos caminhões elétricos Mercedes-Benz eActros e Fuso eCanter no Chile. Segundo o diretor-geral do centro regional da Daimler América Latina, Jens Burger, o Chile foi eleito para estrear a eletrificação na região por algumas razões. Por exemplo, questões tributárias.
Ou seja, o país vizinho tem acordo comercial com vários países. Por essa razão, os tributos são menores, o que torna o Chile atrativo para a indústria. Assim, mais de 30 marcas de caminhão estão presentes no país. Por isso, praticamente todas as marcas do Grupo Daimler estão no Chile, como Mercedes-Benz, Fuso, Western Star e Freightliner.
VEJA TAMBÉM
Os caminhões com desenhos bizarros
Motorhome de caminhão 8x8 para levar mísseis tem preço de R$ 10 milhões
Western Star e Volvo FH transportam estátua de carneiro de 100 toneladas
Publicidade
Chile tem metas ousadas de descarbonização
Além disso, o governo chileno tem metas ambiciosas para descarbonizar o transporte. Para se ter uma ideia, até 2035, o governo projeta que todo o transporte público, bem como os veículos leves sejam 100% elétricos. Do mesmo modo, deverão ser eletrificados até o mesmo período todos os equipamentos pesados de mineração e agricultura. E, em 2045, as projeções são de que 100% do transporte de carga esteja eletrificado.
"Essas metas são ambiciosas, mas fazem sentido. Afinal, 98% do petróleo do Chile é importado. Ademais, o país tem muito potencial para a energia renovável. Toda a água que derrete das Cordilheiras pode ser aproveitada em hidrelétricas. Por outro lado, o deserto do Atacama tem alta incidência solar. Ou seja, potencial para a energia fotovoltaica. Além de 4 mil km de costa com muito vento, o que favorece a energia eólica", explica Burger.
Porém, executar essas metas pode ser o grande desafio. Contudo, atualmente, apenas em Santiago, maior cidade do Chile, há 900 pontos públicos de recarga para veículos elétricos. Sendo 150 deles destinados aos caminhões. Além disso, há vasta oferta de pontos de recarga privados.
Seja como for, diante de todo o cenário, o Grupo Daimler viu oportunidade para começar a eletrificação na América Latina pelo país vizinho. Nesse sentido, três modelos estão à venda por lá, por meio da Comercial Kaufmann, representante das marcas da Daimler Truck no Chile. Com apoio do Centro Regional Daimler América Latina, que tem sede no Brasil na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
eCanter e três versões
A Daimler Truck começa a vender três modelos do caminhão leve eCanter no mercado chileno. São versões com peso bruto total (PBT) legal de 6,5 t, 7,5 t e 8,55 t.
Dessa forma, com essas opções, o cliente pode operar em atividades utilizando carroçarias como carga seca aberta de alumínio, baú carga seca. Assim como baú refrigerado, coleta de resíduos, basculante e guindaste, por exemplo. O eCanter é indicado ao transporte urbano. Por isso conta com duas versões de pacotes de baterias M (média) ou L (grande). E tem autonomia de 140 km e 200 km, respectivamente.
Além disso, o eCanter traz opções de cabine Comfort, com largura de 1.995 mm. E seis opções de distâncias entre os eixos: 3.400 mm, 3.850 mm e 4.450 mm. O motor elétrico gera 129 kW (173 cv) de potência e 44 mkgf de torque. E as baterias LFP (fosfato de ferro-lítio) têm uma capacidade energética de 41,3 kWh por módulo. Assim, o tempo estimado de carregamento em estações de alta potência (150 kWh) é de 44 minutos na versão M e de 1h16 na versão L.
O eCanter ainda traz tecnologias modernas de segurança, como o Assistente de Ponto Cego. Bem como a função Autolight e o Intelligent Highbeam Assist, que controlam os faróis com base nas condições de iluminação. Além disso, conta com freios a disco e sistema ABA5 (Active Brake Assist 5).
eActros de 300 e 400 km
Já o pesado elétrico Mercedes-Benz será oferecido nas versões eActros 300 4x2 para 19 t de PBT, esta, avaliada pelo Estradão. E o eActros 400 6x2 para 27 t.
Os modelos eActros 300 e eActros 400 chegam como três e quatro conjuntos de baterias, respectivamente. Cada um com uma capacidade instalada de 112 kWh. Ademais, podem alcançar até 300 e 400 km de autonomia dependendo das condições de operação. Ou seja, contando ainda com um sistema de recuperação de energia através da frenagem. O carregamento rápido das baterias ocorre em até 1h15 (carregador 160 kW, 20 – 80% da carga para 3 baterias), utilizando carregadores do tipo CCS.
Assim, sua unidade propulsora consiste em um eixo elétrico rígido com dois motores elétricos integrados e uma transmissão de duas marchas. Esta tecnologia permite a redução de peso e atritos no sistema de propulsão. Uma vez que não necessita de transmissão e cardans, melhorando a eficiência energética. Os motores entregam uma potência contínua de 330 kW (442 cv) e uma potência máxima de 400 kW (536 cv), com 43 mkgf de torque.
Os caminhões da Mercedes-Benz contam com MirrorCam, no lugar dos espelhos retrovisores tradicionais e sistemas de segurança. Entre eles Assistente Ativo de Frenagem, com detecção de pedestres (ABA5), Assistente de Ponto Cego (SGA). Assim como Assistente de Partida em Rampa, Assistente de Faixa, Monitoramento de Pressão e Temperatura dos Pneus. E Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio (para alerta do motorista em caso de emergência).
Todavia, sobre os valores praticados no no mercado chileno, a Daimler Truck não revelou. Mas confirmou ser cerca de três vezes mais caro em relação à versão diesel.
Próximos passos
Na gama mais pesada, o Grupo Daimler ainda vai começar a vender a partir do primeiro trimestre do próximo o Freightliner eCascadia. Modelo destinado para operações mais pesadas e de médias distâncias.
Do mesmo modo, está em fase final de homologação no Chile, o ônibus Mercedes-Benz eO500U. O modelo vai atuar no transporte coletivo da Transantiago.
Seja como for, nos períodos de testes com clientes locais, enquanto o custo por km rodado com o veículo a diesel ficou entre R$ 1,90, com o caminhão elétrico ficou em R$ 0,37. Em outras palavras, o retorno investido com o caminhão elétrico naquele mercado se paga entre seis e oito anos.
Além disso, com relação a manutenção, o custo também reduziu entre 40% e 50%. Com a vantagem de o caminhão elétrico estar mais disponível frente ao caminhão a diesel.
Seja como for, nos períodos de testes com clientes locais, enquanto o custo por km rodado com o veículo a diesel ficou entre R$ 1,90, com o caminhão elétrico ficou em R$ 0,37. Em outras palavras, o retorno investido com o caminhão elétrico naquele mercado se paga entre seis e oito anos.
Além disso, com relação a manutenção, o custo também reduziu entre 40% e 50%. Com a vantagem de o caminhão elétrico estar mais disponível frente ao caminhão a diesel.