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Caminhão a hidrogênio da GWM vem ao Brasil em 2025 para testes e busca de parcerias

Divisão do grupo chinês GWM vai testar no Brasil um caminhão de 49 toneladas movido a hidrogênio a partir do primeiro trimestre de 2025

Thiago Vinholes

19 de nov, 2024 · 9 minutos de leitura.

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GWM, hidrogênio
GWM vai testar no Brasil caminhão de 49 toneladas movido a hidrogênio
Crédito:GWM/Divulgação

Caminhões e ônibus movidos a hidrogênio são relativamente comuns na China. Até o fim deste ano, a frota de veículos desse tipo em circulação no país deve chegar a 30 mil unidades. Assim, para atender a demanda, há quase 500 estações de reabastecimento. O Grupo GWM, conhecido no Brasil pelos carros elétricos e híbridos, é um dos principais fornecedores desse tipo de tecnologia. E, para expandir os negócios na área, planeja trazer caminhões a hidrogênio ao Brasil.

Inicialmente, a ideia era iniciar os testes do caminhão a hidrogênio em 2024, conforme antecipou o Estradão em junho. Porém, os planos mudaram. “A tecnologia do veículo a hidrogênio está pronta e funciona. Vamos trazer nosso caminhão com esse sistema para testes no Brasil no primeiro trimestre de 2025”, disse Thiago Sugahara, gerente de ESG da GWM Brasil. Ele conversou com exclusividade com o Estradão e revelou alguns detalhes do novo plano.

GWM tem divisão focada em células a combustível

Atualmente, o conglomerado chinês produz os sistemas de células a combustível. São esses dispositivos que combinam hidrogênio com o oxigênio do ar em um processo eletroquímico que gera eletricidade para mover os motores elétricos dos caminhões. A tarefa está a cargo da FTXT, divisão da GWM focada no desenvolvimento de sistemas de células a combustível, bem como na fabricação dos tanques para o gás. Além disso, o grupo tem uma marca de caminhões a hidrogênio, a If You.


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De acordo com Sugahara, a GWM já entregou quase mil caminhões da If You na China. “São caminhões pesados, com capacidade para 49 toneladas, o máximo permitido na China. Cerca de 600 desses caminhões operam em campos de mineração. Até o final deste ano, a GWM vai completar uma entrega de 400 caminhões a hidrogênio com implementos para trabalhos urbanos.”

GWM
Thiago Sugahara é gerente de ESG da GWM do Brasil - GWM/Divulgação

Testes com caminhão a hidrogênio no Brasil

O gerente de ESG da GWM Brasil confirmou ao Estradão que empresa testará no País um caminhão FCEV (sigla em inglês para Veículo Elétrico movido a Célula de Combustível) da divisão If You. “Será um modelo de 49 toneladas. Mais adiante, podemos trazer ônibus e outros tipos de caminhões”, afirma.


De acordo com Sugahara, a GWM ainda está preparando o roteiro de testes do caminhão a hidrogênio no País. No entanto, por ora esse tipo de veículo tem poucas opções de trajetos aqui. Diferentemente da China, no Brasil há apenas dois pontos de abastecimento de hidrogênio para veículos. Ou seja, um fica na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, e o outro está a cerca de 320 quilômetros de distância, na Universidade de São Paulo, na zona oeste da capital paulista.

Todavia, a GWM Brasil está preparando o caminho para os testes da tecnologia no Brasil. Conforme informações da empresa, em 2023 o grupo chinês assinou um termo de engajamento com a Unifei para utilizar a estação de hidrogênio no campus da universidade. “Então, um dos testes com o caminhão pode ser nessa região”, diz Sugahara.

GWM, hidrogênio
A GWM tem uma marca de caminhões a hidrogênio na China, a If You - Tião Oliveira/Estadão

“Os caminhões a hidrogênio em serviço na China mostram que a tecnologia é viável para substituir o diesel. São veículos com tanta ou mais potência e suportam cargas pesadas”, afirma o executivo. Contudo, a autonomia desses veículos é baixa, limitada em cerca de 500 km, enquanto um caminhão a diesel pode rodar mais de mil quilômetros entre os reabastecimentos. “Mas essa é uma questão que pode mudar com a evolução dos tanques de armazenamento e a instalação de mais postos", prevê o gerente de ESG da GWM.

GWM quer colaborar na produção de veículos FCEV no Brasil

Segundo Sugahara, a avaliação do caminhão a hidrogênio no Brasil é um primeiro passo que pode levar a uma escalada da tecnologia no mercado nacional. “Nossa ideia é trazer esse caminhão, fazer os primeiros testes e desenvolver parcerias com empresas e integradores locais. Futuramente, a GWM Hydrogen pode fornecer sistemas de célula a combustível para o desenvolvimento e produção de caminhões e ônibus a hidrogênio no Brasil", afirma.

GWM, caminhão a hidrogênio
Caminhão a hidrogênio da GWM tem alcance de 500 km - Tião Oliveira/Estadão

Ainda de acordo com Sugahara, não é necessário construir centenas de postos de abastecimento de hidrogênio para iniciar a aplicação da tecnologia no Brasil. “Dependendo da forma como os veículos são utilizados, os próprios operadores podem montar estações geradoras de hidrogênio em suas bases e abastecer os veículos. Também funciona em outros modais de transporte. Recentemente, a GWM entregou na China um barco elétrico a célula a combustível.”

O executivo também destacou o potencial do hidrogênio de baixo carbono no Brasil. "O hidrogênio é um combustível que pode ser obtido de variadas formas. E o Brasil tem as condições para a produção do hidrogênio de baixo carbono, pois a maior parte da energia do País vem de fontes renováveis", diz.

Os automóveis elétricos e híbridos já conseguem reduzir significativamente as emissões de carbono. Entretanto, os caminhões, que precisam de motores mais potentes, ainda não alcançam os mesmos níveis de eficiência dos modelos a diesel. Por isso, ao menos para os veículos pesados, o hidrogênio é apontado como uma solução adequada para reduzir os níveis de emissões.


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