O perfil do caminhoneiro brasileiro se transformou ao longo dos anos, mas o que não muda é a necessidade por mais estrutura e qualidade de vida para trabalhar. Essa é uma das conclusões da pesquisa “O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro”, que entrevistou 268 motoristas em todo o Brasil em 2021. O estudo revelou que há cerca de 2 milhões de caminhoneiros no País. A pesquisa foi feita pela Childhood em parceria com a Universidade Federal de Sergipe.
O sentimento geral dos profissionais é de abandono. Segundo a pesquisa, eles dizem que não percebem melhorias e reclamam, principalmente, de questões básicas. Por exemplo, citam as más condições dos pontos de parada. Ou seja desde banheiros em péssimas condições à qualidade ruim da alimentação.
Nesse sentido, 72% dos entrevistados disseram que esse é um dos principais problemas enfrentados pelos caminhoneiros.
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Renda em queda
Seja como for, a precarização da profissão vai além das condições de trabalho. O levantamento mostrou que a renda familiar média dos caminhoneiros não para de cair. Assim, passou de R$ 3.600 em 2015 para R$ 3.200 em 2021.
A perda de renda é ainda mais grave na comparação com o valor do salário-mínimo. Em 2010, por exemplo, a renda média dos caminhoneiros era de 5,77 salários-mínimos. Em 2015, passou a 4,55 e, em 2021, representa 2,9 salários-mínimos.
Além disso, o aumento de custos para manter o caminhão impactam ainda mais a vida desses profissionais. Nesse sentido, o que mais preocupa são os sucessivos reajustes de preços do diesel. De acordo com o estudos, essa é uma das maiores dificuldades para 83,6% dos caminhoneiros entrevistados.
Caminhão próprio?
Outro dado apontado pela pesquisa é que a possibilidade de ter e/ou manter um caminhão próprio é cada vez menor. No estudo anterior, de 2015, 53% dos entrevistados dirigiam o caminhão próprio. Porém, o percentual caiu para 22,8% em 2021. Segundo a série histórica, esse é o menor percentual desde que a pesquisa que começou a ser feita, em 2005.
Idade média de 45 anos
De maneira geral, o caminhoneiro no Brasil é do sexo masculino e tem idade média de 45 anos. O estudo mostra também que ele atua na profissão há cerca de 18 anos. Ou seja, o dado pode indicar que está havendo um envelhecimento acelerado do perfil desse profissional.
A questão é preocupantes. isso porque a maioria dos caminhoneiros autônomos não têm garantias de aposentadoria. Ou seja, eles não contribuem nem com a previdência privada nem com o INSS. Assim, terão de trabalhar mais tempo para obter o direito ao benefício.
Profissão não atrai os mais jovens
Outro ponto de atenção é que a antiga tradição familiar de se tornar caminhoneiro vem perdendo força. Nesse sentido, a profissão não atrai os mais jovens. Por outro lado, há relatos de dificuldades de capacitação por parte dos mais novos.