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Nestlé terá 100 modelos de caminhão a gás e elétrico na frota

Para zerar suas emissões de poluentes, empresa investirá R$ 15 milhões e apoiará parceiros a utilizarem modelos de caminhão a gás e elétrico

Aline Feltrin

03 de mai, 2021 · 9 minutos de leitura.

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caminhões a gás e elétricos
Crédito:Divulgação: Nestlé

Nestlé vai renovar suas operações no Brasil com a incorporação de veículos menos poluentes em sua frota. Segundo a empresa, o foco é o caminhão a gás e elétrico. Com isso, investirá R$ 15 milhões na compra de 100 modelos. Ou seja, isso representa 10% da frota da companhia do setor de alimentos.

De qualquer maneira, a empresa já utiliza caminhões a gás e elétricos em sua logística de distribuição. No entanto, não revela o tamanho dessa frota. Segundo a Nestlé, afirma que já realizou 1.500 viagens com esses veículos, resultando em uma redução de mais de mil toneladas de CO2.

Diretor Comercial da RN Transportes, Rodrigo Navarro disse ao Estradão que opera 17 caminhões da frota da Nestlé. Sendo que 15 são elétricos e dois, a gás. "Até o fim do ano vamos acrescentar outros 30 elétricos e 20 a gás", diz


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Caminhão a gás e elétrico para zerar emissões

Contudo, esse reforço já deveria estar em operação. Segundo Navarro, a espera para entrega dos novos veículos é de até seis meses. O motivo é a falta de peças e insumos para as montadoras.

Com a mudança na operação logística, a Nestlé visa reduzir as emissões de CO2 em 5, 5 mil toneladas por ano.  A estratégia faz parte do plano global da companhia para zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050.

Além da operação de modelos de caminhão a gás e elétrico, a Nestlé fará outras mudanças. Sobretudo na otimização da logística. Nesse sentido, investirá na otimização de rotas, por exemplo.


Parceria com transportadoras

Nesse sentido, os planos devem beneficiar suas transportadoras parceiras da Nestlé. Portanto, todas estão dispostas a investir na compra de veículos menos poluentes. É o caso do caminhão a gás e também do elétrico.

Portanto, a Nestlé informou que incentivará as parceiras a adotarem novas práticas. Para isso, está recalculando os custos de fretes e revendo as rotas atuais. Além disso, vem trabalhando em conjunto com os fornecedores. O objetivo é desfazer os gargalos da estrutura de abastecimento.


Para o vice-presidente de Logística da Nestlé Brasil, Marcelo Nascimento, ter uma logística sustentável em um país continental como o Brasil é um grande desafio. "Queremos unir forças com os parceiros para superá-lo", diz.

Oportunidade para novos negócios

Segundo Navarro, a Nestlé proporciona benefícios para os parceiros. É o caso de contratos mais longos, por exemplo. "Nos de veículos a gás e elétricos a duração é de 60 meses. Nos convencionais, o prazo é de 36 meses, em média", diz

Isso porque o caminhão a gás e elétrico são mais caros que os a diesel. Ou seja, o a gás custa cerca de 30% mais. Já o elétrico pode custar o dobro de um convencional. De acordo com Navarro, isso ajuda a transportadora a recuperar o investimento.


Além disso, a Nestlé oferece maior volume de carga para as transportadoras que investem em veículos com propulsão alternativa. Isso inclui o caminhão a gás e elétrico.

Oportunidade para novos negócios

A Nestlé não é a única grande embarcadora a buscar operações de transporte mais limpo. Portanto, isso vem incentivando as transportadoras a investirem nesse tipo de caminhão.

Nesse sentido, a Manlog Transportes comprou seu primeiro caminhão elétrico em 2020. CEO da empresa, Thiago Suzin revelou ao Estradão que a empresa já tem 15 modelos do tipo na frota.


Segundo ele, isso vem abrindo portas para a Manlog. Como resultado, o faturamento já cresceu. Por causa dessa iniciativa, são R$ 3 milhões a mais por mês. "“Mostrar ao mercado que temos preocupação com o meio ambiente garantiu até novos contratos com caminhões a combustão", diz.

 


Aumento de 51% no faturamento

Agora, Suzin avalia a viabilidade da compra de modelos de caminhão a gás. Segundo ele, a empresa vem conversando com a Scania para incorporar algumas unidades em sua frota.

A empresa goiana fundada em 2011 espera aumentar o faturamento em 51% neste ano. Segundo Suzin, em 2020, o faturamento foi de R$ 86 milhões. "Portanto, em 2021 serão R$ 130 milhões”, diz.

De acordo com ele, essa alta está diretamente ligada ao investimento em caminhões menos poluentes.  “Grandes clientes nos pediram estudos sobre a viabilidade do transporte com caminhão a gás”, conta.


Aumento de 150% no faturamento

A RN segue o mesmo caminho. Segundo Navarro, a transportadora terá a maior frota de vans e furgões elétricos do Brasil. “O plano é comprar 300 veículos da JAC Motors e da BYD. Para isso, vamos fazer investimentos em conjunto com os embarcadores”, explica.

De acordo com ele, a RN oferecerá uma solução completa aos clientes. “Ou seja, teremos gestão de entrega, telemetria e controle de emissão de carbono. Com isso, o cliente saberá claramente o quanto deixou de emitir de CO2”, explica.

Segundo Navarro, com isso o faturamento da empresa deverá crescer 150%. “Entendemos que apostar na sustentabilidade é um negócio interessante”, afirma.


Cautela

Contudo, é preciso ter cautela. Segundo o sócio-gestor da  MA8 Management Consulting Group, Orlando Merluzzi, primeiro o transportador tem de fazer muita conta. ”Quando se bota na ponta do lápis, nem sempre o que entra paga a conta. Caminhão a gás e elétrico são muito caros.”

Segundo ele, ainda é cedo para afirmar que se trata de uma nova tendência. “Quanto serão o custos desse caminhão com manutenção? No caso do modelo a diesel, todos sabem qual é o custo e quanto o caminhão vai valer daqui a três ou quatro anos", pondera.

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