A CNH Industrial negocia a venda da fabricante de caminhões Iveco para o grupo FAW da China. De acordo com a agência de notícias Reuters, a negociação entre as duas empresas teve início no ano passado, mas havia sido cancelada.
De acordo com informação da CNH Industrial, as discussões foram retomadas na última quarta-feira (6), mas ainda são preliminares.
A estatal chinesa fez uma oferta inicial de US$ 3,7 bilhões, algo em torno de R$ 20,2 bilhões. No entanto, há rumores de que a CNH rejeitou a oferta por considerá-la baixa. Por outro lado, as ações da CNH cresceram 4,5% após a notícia da retomada das negociações.
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Um plano B para a Iveco
A venda da Iveco é uma alternativa ao plano de 2019 da CNH de dividir o grupo automotivo do grupo de equipamentos industriais e listar seus negócios de caminhões e ônibus de margem inferior junto à divisão de motores FPT. É um esforço para aumentar o valor dos ativos e simplificar as operações.
No entanto, a crise do novo coronavírus adiou os planos da divisão, controlada pela Exor, holding da família italiana Agnelli. As últimas negociações sobre o futuro da Iveco ocorrem em um momento em que a FAW, fabricante de caminhões pesados sob a marca Jiefang, pretende expandir suas operações fora da China nos próximos anos.
Há informações de que com a retomada das discussões, a empresa com sede em Changchun, fez uma oferta aprimorada. Prova de que realmente está interessada em adquirir todas as operações da Iveco, incluindo caminhões e ônibus. Além disso, adquirir uma participação minoritária na divisão de motores da FPT.
No Brasil, a Iveco, procurada pelo Estradão, não quis se manifestar sobre o tema. Mas por meio de sua assessoria de imprensa confirmou que as negociações foram retomadas.
Menor participação, mas vasto portfólio
A Iveco é a marca com menor participação de mercado entre as tradicionais fabricantes de caminhões da Europa. Compete com marcas do Grupo Traton, Daimler e Grupo Volvo. E produz comerciais leves, caminhões e ônibus, com uma vasta oferta de produtos e tecnologia. A marca é a primeira na oferta de caminhões a gás da Europa. Na China ela vende vans, por meio da estatal SAIC Motor.
Iveco Brasil
No Brasil, a Iveco foi a marca que mais cresceu em 2020. Enquanto a venda de caminhões no Brasil caiu 11%, a Iveco apresentou um incremento de 30% em relação a 2019, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Esses são os primeiros resultados do novo momento que a marca atravessa no País. É a consolidação do trabalho estratégico que inclui fortes investimentos, melhorias de qualidade técnica e ampliação e renovação da linha nos últimos anos”, afirma o líder da Iveco para a América do Sul, Márcio Querichelli.
No segmento de semipesados, acima de 17 t, a marca cresceu 46% no último ano. A fabricante também aprimorou os serviços de pós-venda e desenvolveu sistemas de telemetria e conectividade para a linha pesada, por meio do Iveco Connect. A marca ainda encerrou 2020 com 77 concessionárias, das quais 12 inauguradas no ano passado.
Para 2021, a marca projeta abrir mais concessionárias e ampliar o portfólio de produtos. No entanto, vai focar na linha de caminhões vocacionais e na tecnologia a gás. A Iveco não descarta a possibilidade de trazer o S-Way, o mais topo de linha da marca, para o Brasil. Além disso, deverá produzir e vender caminhão a gás no País, como já faz na Argentina e no Chile.