O ônibus rodoviário O 500 da Mercedes-Benz está sendo apresentado ao mercado com novo motor, que desenvolve potência de 430 cv e torque de 214 mkgf. A motorização anterior desenvolvia 410 cv de potência e 193 mkgf de torque. Com o novo motor, o modelo ganha a nomenclatura O 500 2443 RSD.
De acordo com o engenheiro de marketing de ônibus da Mercedes, Hélio Ribeiro o motor permanece o mesmo. É o OM 457 LA produzido pela marca, porém, com nova calibração que resultou na maior potência. O sistema de arrefecimento também foi renovado. O OM 457 é conhecido por ser equipado na família de caminhões Axor.
Mas, antes alimentava o "bicudo" 1635, caminhão que ajudou a popularizar o motor. A fabricante da estrela optou por mantê-lo, agora mais forte e potente, pela manutenção famosa por ser simples. As peças também são encontradas com mais facilidade no mercado de reposição. Não por acaso, esse propulsor serviu de base para o desenvolvimento do OM 460 presente no novo Actros. Ambos compartilham os componentes.
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Popularidade à parte, a razão de a Mercedes ter aumentado a potência e o torque do motor do O 500 deve-se à atual demanda por veículos mais fortes nas operações rodoviárias de longas distâncias. Comercialmente, ônibus rodoviários com potências superiores são mais valorizados na hora da revenda.
O mercado de rodoviários da MB
O Estradão avaliou o O 500 2443 RSD 6x2. As letras indicam se tratar de um ônibus configurado 6x2. Ele é o mais popular nas vendas da família de ônibus rodoviários da Mercedes e representa 25% das vendas neste segmento. No ano passado foram emplacadas 527 unidades do modelo. Este ano, com a crise pandêmica, as vendas dessa versão foram afetadas. Foram emplacadas apenas 134 unidades até setembro. Em contrapartida, a fabricante da estrela conseguiu aumentar a sua participação no segmento rodoviário com a gama O 500, de 52,2% para 60% no período de janeiro a setembro. Completa a gama O 500 os modelos RS 4x2 e RSDD 8x2.
Conjunto harmonioso
O motor mais potente trabalha com a transmissão GO 240 Powershift. A caixa é automatizada de 8 velocidades com o freio retarder da Voith integrado. Junto com o freio-motor Top Brake, a capacidade de frenagem do componente chega a 1.200 cv divididos em cinco estágios. O Hill Hold (sistema de partida em rampa) também está integrado ao câmbio. Todos esses itens são de série.
Apesar de receber o mesmo nome Powershift, a caixa não traz recursos como os modos de condução EcoRoll (banguela eletrônica), Power (modo potência em necessidade de ultrapassagem e trechos de aclives) e Manobra (que controla o torque na hora de fazer manobra). Esses sistemas estão presentes nas transmissões dos caminhões Axor e Actros.
Ribeiro, engenheiro da Mercedes, diz que é questão de tempo para esses recursos migrarem também para os ônibus da marca. E que já há testes sendo realizados. A Powershift não usa os aneis sincronizadores. No lugar estão as engrenagens mais largas que aumentam a durabilidade, com menor necessidade de manutenção.
Como opcional, a Mercedes-Benz oferece a versão de caixa automática ZF Ecolife.
Segurança embarcada de série
O ônibus é equipado com piloto automático adaptativo (ACC). Esse recurso trabalha em conjunto com o sistema de frenagem de emergência (AEBS).
O ACC e o AEBS mantêm uma distância segura do ônibus em relação ao veículo à frente. E o próprio sistema acelera e freia o veículo automaticamente. Por meio de sensores na dianteira, o piloto automático adaptativo ajuda o motorista a manter o ônibus a certa distância. Em uma situação de extrema emergência, se o condutor não reagir, o sistema entra em ação, freando automaticamente o veículo para evitar acidente.
O ACC se habilita a uma velocidade maior que 15 km/h. Independentemente de sua ativação, o motorista tem total autonomia para acelerar ou frear, bastando usar os pedais para isso. Ou seja, o condutor tem sempre o domínio do veículo.
Além desses sistemas, há ainda o aviso de faixa (LDWS). Se o condutor mudar de faixa sem acionar a seta, o sistema dispara avisos sonoros e visuais no painel do veículo. Todos esses itens são de série. A versão avaliada estava equipada com freios à disco. Mas as tecnologias podem ser requisitadas pelos clientes também no ônibus com freio a tambor.
Outro recurso de segurança é o sistema de monitoramento da pressão e temperatura dos pneus (TPMS). Pelo computador de bordo, o motorista consegue avaliar se os pneus estão calibrados ou se sofreram alguma avaria que pode prejudicar a viagem.
O conforto do O 500
A versão avaliada estava bem equipada, com uma carroceria Comil Invictus, um dos modelos mais topo de linha do mercado. O assoalho é produzido com material que imita madeira e a cabine do motorista ainda conta com uma cama. O banco do motorista bem como o do passageiro, geralmente o segundo motorista, têm acabamento de couro. O painel é curvo, com a instrumentação próxima do motorista. E o volante é multifuncional.
Todos esses recursos e o comportamento da suspensão fazem da viagem mais confortável. Isso é um ponto positivo porque esse veículo é direcionado para longas viagens.
A suspensão é pneumática e controlada eletronicamente. O diferencial é que no primeiro e no último eixo, a suspensão possui dois bolsões de ar. E no eixo trativo são quatro bolsões de ar. Isso garante melhor dirigibilidade e controle total do veículo, já que a suspensão agrega o sistema anti-tombamento. Esse sistema conta com o reforço do controle eletrônico de estabilidade (ESP).
Dirigibilidade
Nas curvas, a segurança está garantida pelo terceiro eixo com o recurso ERA. Esse sistema reconhece quando o veículo está fazendo uma curva. E se o motorista estiver a 40 km/h ele garante menor arraste de pneu, ajudando o ônibus a ficar mais firme.
A rotação é ampla, com faixa verde que parte 700 rpm a 1.500 rpm. Em velocidade de cruzeiro, a 90 km/h e 8ª marcha, a rotação não passa de 1.050 rpm, sobrando torque no veículo. E se levar em conta que sua relação de redução é de 3,66:1, mais longa, o ônibus roda a maior parte do tempo bem abaixo da rotação.
Em um trecho mais íngreme, cuja a força é mais necessária, a rotação do ônibus em 6ª marcha e a 70 km/h não passou de 1.100 rpm. Deve-se levar em conta, porém, que essa avaliação foi realizada com o veículo vazio. O comportamento do ônibus com passageiros altera. O PBT do O500 2443 RSD é de 24 t. E a configuração de poltrona depende do tipo de carroceria. Mas nessa configuração é possível transportar até 54 passageiros.
Ficha técnica O 500 2443 RSD
Carroceria | Rodoviária |
Entre-eixos (mm) | 3.000 + 1.350 |
Motor | OM 457 LA de 430 cv a 2.000 rpm e 214 mkgf a 1.500 rpm |
Transmissão | MB GO 240 Powershift de 8 velocidades/ZF Ecolife aut. |
Sistema elétrico | 24 volts/220 Ah/ 2x12 V/ 28 V/ 140 A |
Pneus | 295/80R22,5 |
Freios | A disco nas rodas dianteiras e traseiras |
PBT (kg) | 24.000 |
Preço | R$ 550 mil |