As pequenas transportadoras estão faturando alto em 2021. Segundo estudo da FreteBras, o volume de transporte feito por essas empresas cresceu, em média, 30%. Assim, foi comparado o resultado acumulado de janeiro a setembro deste ano com o do mesmo período de 2020. Porém, é preciso deixar claro que o dado refere-se apenas aos fretes contratados por meio da plataforma.
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De acordo com dados da Fretebras, a alta foi maior no caso das microempresas. Bem como as de pequeno porte. Ou seja, são MEIs e não optantes pelo Simples Nacional. Conforme os dados do levantamento, as altas foram de, respectivamente, 43% e 18%. Assim, os bons resultados têm a ver com a mudança nas áreas de atuação dessas transportadoras. Sobretudo por causa da pandemia.
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Foi o que aconteceu com a Jangada Transporte, que fica em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Conforme seu fundador e CEO, Nelvio Pozzebon, a empresa era uma micro. Porém, após o início da pandemia, o volume de negócios disparou. Sobretudo por causa da alta do comércio eletrônico.
Custos da matéria-prima favoreceu a Jangada Transportes
Segundo Pozzebon, a Jangada transporta minérios naturais há mais de 10 anos. Assim, com o aumento do custo do aço e plásticos, a indústria passou a buscar produtos mais baratos. Com isso, o volume de transportes feito pela Jangada mais do que dobrou.
Adiciona-se a isso o fato de a Jangada não trabalhar com frota própria. Como micro empresário, Pozzebon sempre utilizou os serviços de motoristas agregados. Já que ter custo com frota própria na época não seria tão saudável para a operação.
Seja como for, o faturamento da Jangada Transporte deve ser 30% superior este ano em comparação ao ano de 2020. Assim, se a projeção se concretizar, a companhia encerra 2021 com faturamento de R$ 18 milhões.
Transportadora saí de pequena para médio porte crescendo 300%
Conforme o fundador e diretor da NatLog Transportes, Kleber Ferreira (abaixo), a empresa cresceu ao apostar na diversificação. Atualmente, transporta fibra ótica e produtos para a indústria. Bem como embalagens, luvas, aventais, máscaras, etc. Ou seja, produtos cujo consumo aumentou na pandemia.
Porém, a transportadora foi fundada em 2009 com foco no transporte de vestuário. Nesse sentido, tinha contratos com grandes marcas. Assim, atendia 150 shoppings no Estado de São Paulo. Porém, em 2019 passou a transportar equipamentos de proteção para a área médica.
De acordo com Ferreira, com o lockdown, em março de 2020, todos os shoppings fecharam. Com isso, a divisão de transporte de vestuários teve de ser fechada. "Imagine se estivéssemos dependendo disso”, afirma o empresário. Além disso, a NatLog estava ingressando no transporte de fibra ótica. .
Com resultado, esse setor representa 60% das operações da NatLog. Portanto, é o responsável pelo aumento de 300% do faturamento previsto pela empresa para 2021. Ferreira não revela valores. Porém, ele teve de mudar o status da empresa de pequena para de médio porte.
Transportadoras apostam na terceirização
Em comum, tanto a Jangada quanto a NatLog iniciaram suas operações sem frota própria. Segundo Ferreira, quando a operação era menor ele conseguia ter maior controle sobre o negócio. Porém, agora que a empresa atua em todo o Brasil, a solução foi comprar alguns veículos.
Assim, a empresa tem 20 veículos que são chamados de frota de segurança. Assim, eles entram em ação quando há risco de atraso no prazo de entrega de algum frete. "Parte do nosso transporte não é carga cheia. Ou seja, o caminhão leva a mercadoria como complemento."
Ou seja, esse tipo de operação acaba sendo bastante lucrativa para o caminhoneiro. Seja como for, cerca de 20% das mercadorias transportadas pela NatLog vão em caminhões fechados. "Por isso temos a frota de segurança." Mas, segundo ele, é raro acontecer algum imprevisto.
Redução nos custos passa de 20%
Portanto, Ferreira diz que a terceirização da frota é bastante interessante. A avalição é compartilhada pelos executivos da FreteBras. Segundo informações da plataforma eletrônica, isso reduz investimentos em ativos imobilizados. Ou seja, caminhões e outros veículos.
É justamente aí que entra a FreteBras: oferecendo fretes de forma 100% digital. “Com a contratação de caminhoneiros terceirizados, as micro e pequenas empresas transportadoras lucram mais. De acordo com a empresa, a economia chega a 23% na comparação com o transporte feito por frota própria.
Conforme o diretor de operações da FreteBras, Bruno Hacad, os resultados são impressionantes. "Há casos de transportadoras que aderiram à terceirização digital e viram seus volumes de frete crescerem 200% após o início da pandemia”, diz.
Participação em alta
De acordo com a plataforma digital, 66% dos novos cadastros são de microempresas. Além disso, ao considerar também as pequenas, o aumento foi de 45%. Os dados são relativos ao acumulado de janeiro a setembro de 2021..
Voltando à Jangada, a empresa tem cerca de 3 mil motoristas agregados em sua base de dados. Do total, 40% são fixos. Atualmente, a transportadora faz de 30 a 35 viagens diárias pelo País. Segundo a empresa, isso representa 30% de alta no volume de carga transportada na comparação com 2020.