Andrea Ramos

01/01/2022 - 7 minutos de leitura.

Contran libera bitrem no 6x2 e 4º eixo passa a ser permitido

Resolução do Contran que permite a utilização de bitrem e do 4º eixo em caminhões 6x2 começa a valer no Brasil no dia 3 de janeiro de 2022

Crédito: Randon/Divulgação

O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) alterou os limites de peso e dimensões para caminhões pesados. Como resultado, o bitrem e o 4º eixo no caminhão 6x2 vão poder circular em todo o Brasil. As mudanças estão descritas no Resolução 882, de 13 de dezembro de 2021. Porém, a regra só foi publicada na edição do dia 24 de dezembro, do Diário Oficial da União (DOU). Enfim, passará a valer na segunda-feira, 3 de janeiro de 2022.

Leia mais: novos Volvo FH, FM e FMX já estão sendo produzidos no Brasil

Segundo a nova resolução, "Nas Combinações de Veículos de Carga (CVC) com peso bruto total combinado (PBTC) até 58,5 t, o cavalo-mecânico pode ser de tração simples 4x2 ou 6x2." Ou seja, semirreboques com o 4º eixo combinados a caminhões trator 6x2 ficam liberados nas rodovias do País. Do mesmo modo, a nova regra vale para cavalos-mecânicos 6x2 que tracionam bitrens, cujo PBTC seja de até 57 t.

Continua depois do anúncio

Contudo, é preciso ficar atento. Isso porque, apesar de a nova regra valer para cavalos-mecânicos 4x2, deve-se considerar a lei da balança. Ou seja, com um quarto eixo essa composição só pode tracionar até 51,5 t de PBTC.

Contran proibia composição desde 2011

Seja como for, desde 2011 as combinações com PBTC de 57 t com caminhões 6x2 estavam proibidas pelo Contran. Assim, a lei permitia essa capacidade para cavalos-mecânicos 6x4, os chamados traçados. Segundo especialistas, esse tipo de composição causava deformação no asfalto. O motivo é a que há apenas um eixo de tração.

Dessa forma, quando o motorista fazia trocas de marcha, os pneus acabavam patinando e, dessa forma, danificavam o pavimento. Sobretudo em vias com grande circulação desse tipo de caminhão. Porém, segundo os técnicos, no caso do caminhão 6x4 isso não ocorria porque havia dois eixos de tração. Portanto, o o dano seria mínimo.


Contudo, o engenheiro e assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia, diz que os caminhões evoluíram muito. De acordo com ele, a adoção de sistemas como controle eletrônico de tração e freios mais eficientes minimizam o problema. Como resultado, além de serem mais seguros os modelos atuais afetam menos o pavimento.

"Costumo dizer que o asfalto tem de servir o veículo e não o contrário. O IPVA e pedágio são para consertar a estrada que foi estragada. Além disso, a sociedade não pode pagar mais pelo transporte. O custo vai ser reduzido com a nova regra", diz Valdivia.

Seja como for, a regra em vigor desde 2011 gerava polêmica. Sobretudo, entre os empresários do setor de transporte de grãos. Ou seja, os que mais utilizam esse tipo de combinação. O motivo é que os caminhões 6x4 têm mais pneus. Portanto são mais pesados e consomem mais combustível.


Além disso, os caminhões 6x4 são mais caros. Portanto, para reduzir os custos da operação muitas empresas buscavam alternativas ao bitrem nos caminhões 6x4. Como resultado, surgiu o quarto eixo para substituir o bitrem no 6x2. Nesse interim, começaram os testes do sistema em operações reais de transporte.

A regra abre oportunidade para o 4º eixo

Assim, mesmo antes de essa solução ser regulamentada, havia empresas que conseguiram uma certificação prévia para rodar com o conjunto. Ou seja, usavam caminhões 6x2 atrelados a um implemento com o 4º eixo. Por exemplo, a G10 é um dos que desenvolveram e utilizavam veículos desse tipo.


Isso porque a combinação pode transportar 58,5 t de PBTC. Assim, há um bom ganho em relação ao bitrem, cujo PBTC é de 57 t. Além da capacidade de carga ser maior, o equipamento custa menos. Ou seja, enquanto o bitrem é composto por duas combinações, o quarto eixo tem apenas uma. Isso explica o preço menor.

Para chegar às novas regras, estudos e testes vinham sendo feitos por especialistas e equipes técnicas ligadas ao Contran há cerca de cinco anos. Entre eles está o Observatório Nacional de Segurança Viária.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), José Carlos Spricigo a norma 882 foi muito debatida. Inclusive com a comissão técnica da entidade. Portanto, recebeu aprovação também da Anfir. Do mesmo modo, o Contran promoveu consultas públicas sobre o tema. E recebeu dezenas de contribuições de especialistas.


Notícias relacionadas

Legislação

Motoristas sem exame toxicológico vão ser notificados pela Senatran

Legislação

Motoristas profissionais têm até maio para ter exame toxicológico em dia

Legislação

Senatran começa a notificar motoristas com exame toxicológico pendente

Legislação

Pedágio para eixos suspensos de caminhões carregados já está valendo