A prefeitura de São Paulo alterou a estratégia para reduzir emissões de poluentes por ônibus na cidade. Até então, a aposta era 100% na eletrificação. Porém, fatores como a falta de infraestrutura de recarga e a necessidade de altos investimentos no sistema retardaram o avanço da troca de veículos. Conforme as fabricantes e operadoras, a concessionárias responsável pela rede de distribuição de energia também não estaria conseguindo atender a demanda.
Sob pressão, a administração municipal lançou o Programa BioSP, que visa estimular o uso de biometano nos ônibus urbanos. Bem como nos caminhões de coleta de lixo, por exemplo. O decreto assinado pelo prefeito Ricardo Nunes (MD) durante o 12º Fórum do Biogás, estabelece regras para a aquisição do combustível renovável. Do mesmo modo, prevê a incorporação progressiva de veículos com motor a gás à frota que atende a capital paulista.
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Economia circular e expansão da frota limpa

Segundo Nunes, a medida cria condições para ampliar o uso do biometano em larga escala na cidade. Atualmente, os 125 caminhões que atuam na coleta de lixo de São Paulo já utilizam gás produzido nos aterros municipais. Seja como for, a meta é substituir mais de 600 veículos com motor a diesel até 2027. “Será necessário ampliar a aquisição junto ao setor privado para abastecer a frota”, diz o prefeito.
Entre as vantagens está o fato de o biometano ser renovável. Ou seja, o combustível resulta da purificação do biogás gerado pela decomposição de resíduos de aterros sanitários, estações de esgoto e subprodutos do setor sucroenergético, por exemplo. Dessa forma, a cidade transforma um passivo ambiental em ativo energético. Além de reduzir as emissões, isso reforça o conceito de economia circular.
Gás Verde: São Paulo vira vitrine nacional
A iniciativa da Prefeitura foi celebrada pela Gás Verde, maior produtora de biometano do País. Conforme o CEO da empresa, Marcel Jorand, o programa representa um marco para o setor. “Quando a maior capital do Brasil adota essa tecnologia no transporte público, ela se torna uma vitrine e um exemplo para o restante do País. Além disso, impulsiona outras iniciativas semelhantes e acelera o aproveitamento do enorme potencial que o biometano tem em nosso território”, diz.
Além disso, Jorand destacou que a Gás Verde tem duas plantas em operação. E projeta construir dez novas até 2028. Com isso, deve ampliar a produção para 650 mil m³ por dia. Portanto, quatro vezes mais que a atual, de 160 mil m³ diários. Conforme Jorand, esse avanço permitirá atender com segurança a expansão da frota de veículos tanto em São Paulo quanto em outros centros urbanos.
Fabricantes celebram ambiente favorável
A Scania também comemora a decisão da prefeitura de São Paulo. De acordo com o gerente de vendas de soluções para mobilidade da fabricante, Gustavo Cecchetto, a medida reforça o potencial do uso do biocombustível. “Estamos prontos para expandir nossas vendas e apoiar clientes e órgãos gestores com nossos produtos e soluções para uma mobilidade mais sustentável”, afirma.
A Scania foi pioneira ao apresentar no País o primeiro ônibus movido a gás e/ou biometano em 2014. O protótipo do chassi era protótipo importado e rodou o País em eventos de demonstração da tecnologia. Depois, em 2016, a fabricante lançou o primeiro ônibus nacional movido a gás. Mais tarde, em 2022, a linha de veículos a gás da Scania passou a atender as normas da Euro 6.
Assim como a marca sueca, a italiana Iveco considera a decisão da maior capital do País como um divisor de águas para o transporte mais sustentável. Segundo o presidente da Iveco para a América Latina, Márcio Querichelli, a adoção de veículos a gás nos sistemas de transporte coletivo impulsiona a transição energética. Assim como abre espaço para o uso de biocombustíveis com custo competitivo.
"Estudos apontam que os motores a gás podem reduzir o custo total de propriedade em até 30% frente ao diesel. O que garante economia e viabilidade ao operador”, explica. Além disso, o executivo afirma que ao utilizar biometano, as emissões são até 95% menores na comparação com veículos similares a diesel. .
Conforme Querichelli, a Iveco conta com um "portfólio multienergético" de produtos. Ou seja, o chamado Alternative Power inclui veículos com motores a gás natural e biometano e também elétricos. Atualmente, circulam na América Latina cerca de 2 mil veículos a gás da marca.
“No segmento de ônibus, produzimos em Córdoba (Argentina) nosso chassi a gás, e recentemente entregamos 20 unidades à Metropol, em Buenos Aires, que já opera as primeiras linhas 100% movidas a gás. Esse modelo está em validação para ser lançado no Brasil”, informa o executivo.
Alternativa viável ao diesel e ao elétrico
A escolha pelo biometano não impacta positivamente apenas o transporte público paulistano. Mas também o mercado de veículos comerciais no Brasil. Scania e Iveco são protagonistas dessa transição. Além disso, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) já testa no País a versão a gás do caminhão Constellation para coleta seletiva.