Há 13 anos, entusiastas da mobilidade urbana ficavam empolgados com a criação do Transit Elevated Bus (TEB), algo como Ônibus de Passagem Elevada em português. O ônibus foi uma invenção chinesa para resolver o congestionamento de veículos em grandes cidades, como São Paulo. O projeto, aliás, despertou interesse no Brasil, França e em outros países.
A proposta era que o veículo com design diferente levasse grande quantidade de passageiros. E o mais curioso é que permitiria que os carros passassem por baixo dele. Isso porque rodava sobre um sistema de trilhos com um grande vão central - quase um túnel móvel. Assim seria o veículo leve, calçado com pneus e que correria em um corredor exclusivo.
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O ônibus gigante, em forma de catamarã, tinha capacidade para levar 300 pessoas ou até 1.400 passageiros na versão articulada. Com 22 metros de comprimento, 4,8 m altura e 7,8 m de largura, o modelo parecia uma solução perfeita, pois podia circular em duas faixas e, assim, diminuir o trânsito. Conforme noticiado à época, a empresa que criou o TEB dizia que o veículo poderia substituir 40 ônibus convencionais e funcionava com um metrô. E com um custo de construção inferior.
Fraude com ônibus deu até cadeia
Seja como for, o projeto foi considerado uma inovação até que, em 2016, a polícia chinesa prendeu 32 pessoas por arrecadar ilegalmente fundos para financiar o TEB. A suspeita surgiu após 72 investidores se sentirem lesados por apoiar a iniciativa.
Mas os problemas não pararam por aí. Investigação do site Car News China constatou uma série de incoerências. Uma das principais delas é que o percurso de testes, que tinha apenas 300 metros e se limitava a canaletas escavadas do asfalto e feitas de forma precária.
Empresa ficava em terreno baldio
Além disso, o protótipo teria sido construído em dois meses. Ou seja, não passava de uma gambiarra gigante em que usaram até um ar-condicionado doméstico. Por fim, a empresa com o nome TEB Tech "funcionava" em um terreno baldio.
Seja como for, especialistas em trânsito diziam que o TEB permitiria que apenas alguns carros de passeio passassem por baixo dele. E não todos, como se afirmou de início. Além disso, o veículo bloquearia sinais de trânsito para quem viesse atrás. Mesmo com todos esses problemas, a fabricante conseguiu arrecadar cerca de US$ 1,3 bilhão em investimentos. Algo como R$ 63,650 milhões na conversão atual. Um grande golpe de mobilidade chinês.