O General Safety Regulation (GSR), Regulamento Geral de Segurança da União Europeia, de 2023, estabelece padrões mínimos de segurança veicular, incluindo ônibus. Nesse sentido, os fabricantes vêm desenvolvendo e atualizando sistemas de segurança ativo e passivos. Dessa forma, algumas tecnologias passam a ser obrigatórias a partir de julho de 2024. Ou seja, quando começa a segunda fase da regulamentação, a chamada "Fase B".
Assim, a convite da Mercedes-Benz do Brasil, o Estradão foi à Madri, na Espanha, avaliar os modelos Setra (rodoviário e fretamento) e eCitaro (urbano elétrico) no evento denominado Driving Experience. Os ônibus estreiam com os novos sistemas, por enquanto disponíveis apenas no velho continente. Sendo alguns de série, por força de lei, e outros como opcionais.
VEJA TAMBÉM
Volkswagen começa a produzir seu ônibus elétrico no segundo semestre
Volvo B320 é ônibus versátil com mecânica do caminhão VM
Vendas de ônibus crescem no bimestre; veja as marcas mais vendidas
Publicidade
Atualizações de segurança no ABA
O Active Brake Assist 6 (ABA 6) é uma ferramenta que agrega sensores, radares de curto e longo alcance, bem como uma câmera. E juntos têm a função de frear o veículo ao identificar qualquer obstáculo. Renovado, o sistema chega com campo de visão de 270 graus. O que o torna eficiente em curvas. E na Europa, passa a ser obrigatório em ônibus rodoviários.
Assim, agora, atualizado, o ABA 6 freia o ônibus a 90 km/h para automóveis que, de repente, param à sua frente. E a 60 km/h em caso de ciclistas e pedestres. Dessa forma, zera a possibilidade de impacto. Nesse sentido, vale ressaltar ainda que, como novidade, a ferramenta faz a leitura de ciclistas.
No Brasil, a Mercedes-Benz oferta como opcional o ABA 5. O sistema é capaz de frear o veículo nas mesmas condições. Porém, a uma capacidade de frenagem de até 80 km/h para veículo automotor. E 50 km/h para pedestres. Por ora, o sistema não identifica ciclistas.
ADA 2
Outra atualização ocorreu no Active Drive Assist (ADA 2). Em outras palavras, o sensor de faixa. Apesar de essa ferramenta não ser obrigatória, a Daimler Buses vai oferecer como opcional.
Seja como for, nessa nova versão, os sensores observam o movimento do veículo. Ou seja, se o motorista invade ou muda de faixa sem dar seta. Se isso ocorrer, o próprio sistema dá um alerta e caso o motorista não tiver reação alguma, a ferramenta “corrige” a trajetória do ônibus dentro da faixa. Assim evitando acidentes.
Todavia, se o motorista insistir em queimar a faixa para evitar colisão, por exemplo, ainda assim, há o alerta. Mas o volante é liberado para o condutor agir.
Outra atualização do ADAS 2 é um sensor que monitora o movimento do motorista. E ao notar que há fadiga, um alerta visual é emitido no painel.
No Brasil, a Mercedes-Benz conta com o LDWS. Mas sua função é apenas alertar o motorista sobre a mudança de faixa por aviso sonoro e visual.
De olho na velocidade e nos pneus
Outro novo recurso incluso na norma GSR, portanto lei, é o assistente de leitura de placa. O Traffic Sign Assist, sistema inteligente, compara a velocidade atual do ônibus com a velocidade permitida na estrada. Se o condutor tiver ultrapassado, um aviso sonoro é emitido. Dessa forma, além de contribuir para diminuir acidentes, também reduz o risco de multas ocasionadas pelo excesso de velocidade.
Está presente nos ônibus da Daimler o sistema Tire Pressure Monitoring (TPM), monitoramento da pressão dos pneus como equipamento padrão. Ele evita danos aos pneus, indicando uma possível perda de pressão. Além disso, a pressão correta dos pneus reduz o desgaste e o consumo de combustível.
Outra ferramenta que estará presente obrigatoriamente nos ônibus da Daimler é o Alcohol Interlock. Um sistema para atuar com o bafômetro.
MirrorCam opcional
O MirrorCam está presente nos ônibus Daimler na Europa. Afinal, na região os veículos são montados integralmente. Ou seja, chassi e carroceria. O que facilita à própria montadora equipar seus veículos. Assim, como opcional, além da câmera no lugar dos retrovisores, há também outra câmera 360 graus.
Mesmo não sendo obrigatório por lei, o sistema ajuda a aumentar a segurança, já que o condutor tem visão lateral, na parte traseira e frontal. Assim como visão panorâmica do ônibus.
No Brasil
Além das ferramentas ABA 5 e LDWS, completa o pacote de sistemas aos frotistas de ônibus há também o Side Front Guard Assist. Essa ferramenta faz a leitura de pedestres e ciclistas à frente. Mas com um aviso sonoro. Sem a intervenção autônoma do veículo.
Seja como for, essas tecnologias podem ser oferecidas separadas ou em conjunto. Conforme a Mercedes-Benz do Brasil, os três sistemas custam em torno de R$ 15 mil.
Sobre se os novos itens que vão estrear nos ônibus europeus chegarem ao Brasil, o vice-presidente de vendas, marketing e ônibus, Walter Barbosa, diz que, por ora, não. Mas há a intenção no futuro. "No Brasil temos que mostrar aos empresários a importância dos sistemas para evitar acidentes. Para no segundo passo a gente atualizar as ferramentas".
O executivo lembra que atualizar esses sistemas no Brasil agora ficou menos complexo. Já que os ônibus no País, assim como os europeus, contam com tecnologia Euro 6. Portanto, com eletrônica embarcada similares.
