O Brasil é um país de dimensões continentais, e, portanto, nem sempre é fácil entender as necessidades de cada região. Por exemplo, será que a mobilidade em São Paulo tem as mesmas carências e demandas da mobilidade em Cuiabá, no Mato Grosso, ou em Manaus, no Amazonas? É isso que o novo projeto da SAE Brasil quer descobrir.
Chamado de "Observatório da Mobilidade SAE Brasil", o estudo vai analisar como é a mobilidade nos cantos mais remotos do País. Dessa forma, pretende identificar esses diferentes cenários, e apresentar soluções aos setores públicos e à indústria. O objetivo, dessa forma, é fomentar políticas públicas e criar soluções de mobilidade.
Para isso, o casal Ariane Marques e Tobias Hückeholfen viajará por 10 meses e vai percorrer 24 estados brasileiros, passando por 40 cidades, sendo 23% delas regiões com população inferior a 25 mil habitantes. E 10% com população superior a 300 mil habitantes.
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A viagem vai ocorrer a bordo de um Mercedes-Benz Sprinter 416 CDI. O furgão foi transformado em motorhome pela Eco X. Nesse sentido, ambas as empresas estão entre as apoiadoras do projeto. “Estamos vendo uma transformação na mobilidade. Sobretudo no ambiente urbano, com a eletrificação. Mas fica aquele questionamento: como isso ocorrerá no interior do País?”, explica Ariane Marques.
Vale ressaltar que Marques é executiva da indústria química há pelo menos 10 anos. Porém, em parte deles, atuou junto à indústria automotiva. Por isso, considera-se uma entusiasta do tema mobilidade. É justamente como o marido, o alemão Tobias Hückeholfen, que trabalha na área logística. Hückeholfen está entusiasmado para conhecer o interior do País - e seus desafios.
Projeto é inédito
Seja como for, o presidente da SAE Brasil, Camilo Adas, explica que há a necessidade de coletar esses dados. Mesmo porque não existe nada parecido no País.
“A partir do projeto, começa um trabalho importante da SAE. Vamos mostrar aos órgãos públicos o que esses dados trazem de relevante”, diz Adas. Ele acredita que pode ser um primeiro passo para se criar um plano de mobilidade.
Do mesmo modo, a expedição servirá de base para a indústria automotiva e o setor acadêmico, pois vai permitir a criação de projetos que atendam às necessidades do País.
Durante a jornada, os observadores farão um levantamento de informações. E com base nelas, irão verificar se as localidades visitadas têm um Plano de Mobilidade. A equipe vai investigar quais são os principais transportes utilizados pelos moradores, e se há integração entre os modais. Outro item é verificar se existem incentivos ao uso de energias renováveis. Haverá, por fim, um relatório sobre a percepção de acessibilidade e de equidade no uso do espaço público.
Mas os envolvidos na compilação dos dados não precisarão esperar meses para ter as informações. A equipe é grande e contará com cerca de 400 pessoas, entre engenheiros, arquitetos, especialistas em logística e mobilidade, bem como acadêmicos das mais diversas áreas ligadas à mobilidade. Assim, os dados serão gerados diariamente, o que é um dos diferenciais do projeto.
“Conforme os dados forem chegando por meio de um eBook, vamos começar a cruzar as informações. E entender o que é relevante para um futuro plano diretor, ou mesmo para a indústria”.
Há um consenso de que toda a cidade com população superior a 20 mil habitantes deve ter informações sobre sua mobilidade. Algo que, na prática, não existe hoje. Por isso, o Observatório da Mobilidade SAE Brasil trará referências para esses municípios.
Olhar holístico
Do ponto de vista da indústria, Adas lembra que muito do que é visto no Brasil se baseia em tendências internacionais. Ou seja, o estudo ajudará a indústria automotiva a desenvolver equipamentos que sejam próprios à realidade do País.
“A gente sabe que há locais em que o veículo elétrico não faz sentido. Mas talvez a bicicleta faça. Já em outros, a logística funciona melhor a pé. Ou seja, o que fazer para tornar viável a infraestrutura nesses locais?”, questiona Ariane Marques.
A brasileira será a principal motorista da expedição. Já o alemão, que está ansioso para conhecer a cultura local, fará a captação das imagens. E levará toda a experiência para as redes sociais e o site da SAE Brasil.
Sprinter vira casa itinerante
Para que as informações possam ser coletadas diariamente, a Sprinter 416 CDI contará com a plataforma da Mercedes-Benz de conectividade para gestão de frota e monitoramento logístico. O sistema se chama Vans Connect. Além disso, haverá suporte da rede de concessionários da marca no País.
Da mesma forma, a Sascar apoia o projeto e fornecerá tecnologias como as Smart Câmeras. Assim, será possível mapear e identificar desvios de condução. E também analisar os riscos das estradas. A tecnologia ajudará, ainda, na segurança em tempo real dos voluntários. Ela fornece informações sobre o perfil de condução das estradas brasileiras.
Com a transformação da Sprinter, o ambiente que serviria ao transporte de cargas virou um espaço com escritório. E pode se transformar em cama, à noite, bem como em uma cozinha com fogão de duas bocas e geladeira. Há também um banheiro com chuveiro a gás. A autonomia elétrica usa baterias e captação externa de energia.
O início da viagem será neste mês de setembro. O roteiro começa em São Paulo e, depois, vai para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O público poderá acompanhar a expedição no website da SAE Brasil, no YouTube e no Instagram (@observatoriodamobilidade).