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América Latina ultrapassa 6 mil ônibus elétricos; Brasil ocupa apenas o quarto lugar

Expansão dos ônibus elétricos na América Latina é puxada por Chile e Colômbia, enquanto o Brasil avança em ritmo mais lento e fica atrás do México

Thiago Vinholes

31 de mai, 2025 · 6 minutos de leitura.

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BYD lidera o fornecimento de ônibus elétricos na América Latina, com 43,7% da frota total
Crédito:BYD/Divulgação

A frota de ônibus elétricos em circulação na América Latina atingiu 6.055 unidades em 2024. O número representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do E-Bus Radar compilados pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT). A despeito do crescimento regional expressivo, o Brasil ocupa apenas a quarta colocação entre os países da região com mais veículos do tipo em operação, ficando atrás de Chile, Colômbia e México.

Desde 2017, o total de ônibus elétricos na região aumentou de 801 para mais de 6 mil, com uma taxa média anual de expansão de 33,5%. Esse avanço ocorreu, sobretudo, com a introdução de ônibus elétricos a bateria em cidades como Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia). Essas duas capitais reúnem, sozinhas, mais de 65% da frota regional.

Brasil avança, mas ainda está atrás dos líderes

Em 2024, 30% dos novos ônibus elétricos a bateria começaram a operar em São Paulo, o que posiciona a cidade como a terceira mais relevante nesse segmento. Em seguida aparecem Santiago (34%) e Cidade do México (8%). Entretanto, quando se considera a frota total acumulada, o Brasil permanece em quarto lugar.

Além disso, o Brasil mantém uma participação considerável de trólebus — ônibus que operam conectados a redes elétricas aéreas —, que representam 44% da frota elétrica em São Paulo. Esse tipo de veículo também domina em cidades como Quito (Equador), onde compõem 100% da frota, e na Cidade do México, com 73%. Já em Santiago e Bogotá, a operação é exclusivamente com ônibus elétricos a bateria.

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Distribuição dos ônibus elétricos a bateria e trólebus na América Latina - Fonte: ICCT

De acordo com o ICCT, essa diferença de perfil reflete, entre outros fatores, as escolhas tecnológicas e os investimentos locais em infraestrutura. Enquanto o Brasil mantém parte da estrutura de trólebus, os países líderes apostam na expansão de veículos com baterias a bordo, mais flexíveis do ponto de vista operacional.

Emissões variam conforme a matriz elétrica de cada país

Além da quantidade de ônibus, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) também diferem entre os países, segundo a pesquisa. Em média, os ônibus com motor a combustão geram o dobro de emissões em comparação aos trólebus e de três a quatro vezes mais do que os ônibus elétricos a bateria. Contudo, o desempenho ambiental desses veículos depende da matriz energética local.

No Brasil e na Colômbia, onde a geração de eletricidade tem menor intensidade de carbono, os ônibus elétricos a bateria emitem cerca de 78% menos GEE do que os ônibus a diesel. No México, essa redução cai para 65,7%, enquanto os trólebus cortam as emissões em 62,6%. Já no Chile, os trólebus têm desempenho mais modesto, com apenas 25,5% de redução, frente aos 68,8% alcançados pelos modelos com baterias embarcadas.

Fabricantes chineses dominam mercado latino-americano de ônibus elétricos

Segundo o estudo do ICCT, entre 2018 e 2024, fabricantes chineses forneceram 85% dos ônibus elétricos em circulação na América Latina. A BYD lidera com 2.606 unidades vendidas, o equivalente a 43,7% da frota total, seguida por Foton Motor (1.404) e Yutong (890). As vendas se concentraram principalmente no Chile, na Colômbia e no México.

O Brasil aparece nesse mercado com a fabricante Eletra, que comercializou 477 veículos, todos operando no País. Outras marcas latino-americanas, como Marcopolo e DINA, somam 545 unidades, enquanto os fabricantes europeus contribuíram com apenas 114 ônibus — uma participação de 1,9%.


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