Tecnologia

Volvo FH tem tecnologias que leem a estrada; veja como funcionam

Ambas as tecnologias estão no caminhão pesado mais vendido do Brasil, mas uma delas utiliza o GPS para ler a rota e ajusta a condução para reduzir o consumo

Andrea Ramos

23 de jul, 2025 · 8 minutos de leitura.

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Volvo FH caminhão
Volvo FH é o caminhão pesado mais vendido do Brasil
Crédito:Volvo Trucks/Divulgação

A eletrônica embarcada dos caminhões evoluiu muito nos últimos anos e, com ela, surgiram tecnologias que transformam a condução, o consumo e a segurança nas estradas. É o caso dos dois tipos de piloto automático oferecidos pela Volvo Caminhões: o adaptativo e o preditivo, este também conhecido como I-See.

Ambos são recursos de série nos caminhões da linha F, mas muitos motoristas ainda confundem os dois, como aponta o engenheiro de vendas da Volvo Caminhões, Júlio Lodetti. “O nome parecido gera confusão. A gente percebe isso até durante os treinamentos com clientes. Por isso, buscamos sempre trazer exemplos práticos e tangíveis para explicar a diferença entre eles.”

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O que é piloto automático adaptativo?

Dessa forma, o piloto automático adaptativo existe desde o fim dos anos 2000 na linha Volvo. Ele atua como uma evolução do cruise control convencional. O sistema mantém a velocidade programada. Mas ajusta automaticamente a velocidade conforme o tráfego à frente. Se um carro estiver mais lento, o caminhão reduz. Se o tráfego libera, ele volta à velocidade original programada.

Além disso, o motorista pode configurar a distância mínima que deseja manter em relação ao veículo à frente, com base no tempo de resposta de frenagem. Ou seja, isso é crucial para a segurança. Sobretudo, em veículos com carga pesada.


“O adaptativo não apenas freia o caminhão. Ele aciona os freios da carreta também, o que torna a frenagem mais equilibrada e segura”, afirma Lodetti. E mesmo que o piloto automático esteja desligado, o sistema de frenagem de emergência (AEB) entra em ação se detectar risco iminente de colisão. “Isso já vem de fábrica e reage até quando o motorista não reage.”

Volvo FH
Volvo Trucks/Divulgação

O que é o piloto automático preditivo (I-See)?

Todavia, o I-See vai além. Seu objetivo não é reagir ao tráfego, mas antecipar o terreno. Trata-se de um piloto automático inteligente, que lê em tempo real o relevo da estrada. Ou seja, rampas, descidas, curvas e rotatórias. Assim, se ajusta a condução do caminhão para aproveitar a inércia e reduzir o consumo de combustível.

“Primeiro você liga o cruise control. Depois escolhe no painel se quer usar o adaptativo ou o preditivo. Quando você ativa o I-See, ele acessa a nuvem, lê o mapa da rota em tempo real e entende a topografia”, explica Lodetti. A tecnologia calcula gradiente da rampa, raio das curvas, obstáculos e até rotatórias à frente.

Se o motorista programar 80 km/h, o sistema trabalha com uma faixa inteligente entre -20 e +10 km/h. Ou seja, o caminhão pode reduzir para 60 km/h antes de uma curva ou rotatória e acelerar suavemente após vencê-la. Mas sempre com foco em economia e segurança.


Quando usar cada um dos sistemas?

Quando cada um dos sistemas deve ou pode ser usado é uma dúvida comum até mesmo entre motoristas experientes. Mas Lodetti resume de forma prática: “use o adaptativo em rodovias com tráfego intenso, pista simples ou quando estiver cansado. Ele funciona como um ‘plus de segurança’. Mas o I-See (preditivo) recomenda-se em estradas com tráfego fluido e topografia variada. Ele é a melhor escolha para economia de combustível.”

Em outras palavras, quando se entende a missão do caminhão, o perfil da rota e o nível de infraestrutura da operação, consegue definir melhor qual usar. Em ambientes como mineração ou cana-de-açúcar, também é possível usar o I-See. Inclusive a tecnologia está presente no Volvo FMX. “Mas é importante que o caminhão esteja conectado e o motorista seja bem treinado”, alerta o engenheiro.

Treinamento é essencial para resultados reais

Para extrair o máximo desempenho das tecnologias, o motorista precisa estar preparado. Por isso, a Volvo oferece treinamentos por meio da Volvo Academy.

A chegada do Euro 6 e da nova geração de eletrônica embarcada mudou a forma como os motoristas aprendem a conduzir. “Hoje, a gente roda com eles no caminhão e mostra como o I-See trabalha. Eles veem o sistema gerenciando tudo: aceleração, roda livre, troca de marcha, gerenciamento da subida. E depois tentam repetir manualmente.

O futuro: integração total e inteligência embarcada

Seja como for, o próximo passo dessas tecnologias é a integração total entre veículo, nuvem, sensores, trânsito e até densidade de tráfego. O objetivo é que o caminhão tenha inteligência suficiente para tomar decisões por conta própria. Assim, buscando sempre o melhor equilíbrio entre segurança e consumo.


Mas há desafios. “É preciso evolução de hardware, software e infraestrutura externa. Em regiões de sombra, por exemplo, onde não há cobertura de rede, o I-See entra em modo buffer e volta ao piloto automático simples”, explica Lodetti ao acrescentar que o motorista bem atento é capaz de “copiar o I-See” quando estiver na sombra.

Nesse sentido, para o engenheiro da Volvo, a tecnologia já alcançou um ponto em que a condução automática imita a condução humana. “O I-See dirige tão bem que, se alguém olhar de fora, não sabe se é o motorista ou a máquina. É o mimetismo do bom condutor. E é isso que a Volvo busca: que o caminhão evolua, mas que o motorista evolua junto.”

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