O Grupo Volvo na América do Norte pode desligar cerca de mil colaboradores nas próximas semanas. De acordo com Martin Lundstedt, CEO global da companhia, aproximadamente 200 postos de trabalho vão ser cortados em breve. Isso inclui a Volvo Trucks North America (VTNA) e a Mack Trucks.
De acordo com o executivo, o motivo é queda da demanda e também a instabilidade econômica nos EUA. O comunicado foi feito por meio de teleconferência. A pauta da reunião foi sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre de 2025.
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Demissões já começaram
Assim, as demissões já estão em andamento. No início de abril, 350 funcionários foram desligados da planta de New River Valley, em Dublin, na Virgínia. Ou seja, da maior fábrica de caminhões do Grupo Volvo no mundo.
Mais 40 colaboradores foram demitidos da planta de motores e transmissões em Hagerstown, Maryland. Ou seja, são plantas responsáveis pela produção de componentes tanto para a VTNA quanto para a Mack.
Além disso, houve impacto na fábrica da Mack em Lehigh Valley, na Pensilvânia, com 350 dispensas. Da mesma forma, a estimativa é de que até 800 colaboradores sejam dispensados nas unidades de produção da Volvo na Virgínia, Pensilvânia e Maryland.
Frete em queda e efeitos da política comercial do governo Trump
Lundstedt destacou os desafios do primeiro trimestre. De acordo com ele, a crise é causada por vários fatores. Por exemplo, a redução do frete e a alta das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump. Isso causou a desaceleração da demanda por caminhões pesados e vocacionais.
Como resultado, o Grupo Volvo revisou para baixo sua previsão de vendas na América do Norte em 2025. Conforme a empresa, a expectativa é de que os mercados dos EUA, Canadá e México absorvam cerca de 275 mil caminhões neste ano. Ou seja, queda de 8,3% em relação à previsão inicial, de 300 mil unidades.

Empresas de transporte esperavam adquirir veículos da geração atual antes da implementação de novas normas ambientais mais rigorosas, o que levou à contratação de mais funcionários em antecipação a uma possível alta de vendas — que não se concretizou.
Números do trimestre mostram queda na VTNA
Apesar do cenário negativo, os clientes norte-americanos encomendaram 10.217 caminhões das marcas VTNA e Mack no primeiro trimestre. Ou seja, um aumento de 6% frente às 9.620 unidades no mesmo período de 2024.
No entanto, os pedidos da Volvo Trucks North America caíram 33%. Em outras palavras, passando de 6.909 para 4.621 unidades. Já a Mack apresentou crescimento expressivo de 108% nos pedidos, saltando de 2.685 para 5.851 caminhões.
Ainda assim, o total de vendas das duas marcas na América do Norte recuou 5%, de 15.056 para 14.315 unidades. A VTNA teve queda de 17% nas vendas (de 7.881 para 6.510 unidades). Enquanto a Mack cresceu 7%, com 7.684 caminhões vendidos (ante 7.153 no ano anterior).
Participação de mercado e novos lançamentos
A participação da VTNA no segmento de caminhões pesados caiu de 9,1% para 7,2%. A empresa atribui o recuo à transição para o novo modelo VNL, recentemente redesenhado.
Em contrapartida, a Mack elevou sua participação de 5,3% para 6,9%, beneficiada pela melhora na cadeia de suprimentos. Assim como pela forte demanda no segmento vocacional.
Como parte de sua estratégia, a Mack está atualizando seu portfólio. A empresa lançou recentemente o Pioneer, um novo trator topo de linha. Mas não substitui o modelo Anthem, carro-chefe da marca para longas distâncias.
“Temos ambições altas, mas realistas para o Pioneer”, afirmou Lundstedt. Segundo ele, a meta é atingir 5% a 6% do mercado de longa distância, sem comprometer o preço do modelo nem as margens de lucro do Grupo Volvo.
Lucro em queda
O Grupo Volvo reportou lucro de US$ 1,03 bilhão no primeiro trimestre de 2025. Porém, trata-se de uma queda de 29% em relação aos US$ 1,45 bilhão registrados no mesmo período de 2024.