O setor de veículos comerciais registrou resultados mistos em maio. Assim, se por um lado os caminhões pesados apresentaram retração de 10% na produção, os segmentos de comerciais leves, bem como caminhões leves, médios, semipesados e ônibus mostraram desempenho positivo.
Conforme a Anfavea revelou, a indústria segue atenta às consequências da alta dos juros, inadimplência crescente e incertezas econômicas. Ou seja, fatores que já impactam a compra de veículos comerciais. Sobretudo, os caminhões pesados.
Nesse sentido, para efeito de comparação, historicamente os caminhões desta categoria representavam mais de 50% das vendas totais de caminhões. Porém, nestes primeiros cinco meses do ano, representam 41%.
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Dessa forma, o mercado de caminhões somou 46,3 mil unidades emplacadas no acumulado do ano, uma leve retração de 1,1% frente ao mesmo período de 2024. Em outras palavras, quando no período foram vendidos 46,8 mil modelos.
Em produção, nos primeiros cinco meses de 2025 foram 55,1 mil unidades ante as 52,2 mil unidades fabricadas em 2024. Um aumento de 5,6%.
Todavia, o destaque ficou para o aumento de participação dos caminhões leves (9,8%), médios (18,7%) e semipesados (15,7%). Assim, compensando parcialmente a queda de 14% nos pesados em maio.
Segundo o vice-presidente da Anfavea, Marco Saltini, a desaceleração nos pesados, tradicional termômetro da economia, sinaliza prudência dos transportadores diante da elevação dos custos financeiros e incertezas no setor agropecuário. Já os veículos vocacionais e de distribuição urbana mantêm o ritmo de vendas, favorecidos pelo crescimento do varejo e da logística urbana.
Mercado de ônibus avança, mas sem São Paulo nas compras a diesel

Por outro lado, o segmento de ônibus manteve o bom desempenho em maio, com 1,9 mil unidades emplacadas, alta de 51,4% sobre o mesmo mês de 2024. No acumulado de janeiro a maio, foram 9,7 mil unidades vendidas, crescimento de 36% frente às 7,1 mil vendas em igual período no ano passado.
Um dos principais impulsos vêm do programa Caminho da Escola. No entanto, Saltini lembra que a ausência de São Paulo nas compras de ônibus a diesel preocupa o mercado. Isso porque a capital paulista é o maior comprador de ônibus do País. Todavia, o município mantém restrição para novos veículos com esse tipo de motorização e os elétricos ainda enfrentam desafios operacionais e de infraestrutura.
No setor de ônibus, a distribuição das vendas em maio apresentou o seguinte perfil: ônibus urbanos representaram 40% dos emplacamentos. Já rodoviários ficaram com 18%, fretamento 16%. Todavia o programa Caminho da Escola 15% e o de ônibus micro e mini 9%.
Esse cenário mostra um mercado equilibrado, que apesar dos desafios, mantém seu ritmo, especialmente graças aos investimentos públicos em renovação de frotas escolares e urbanas.
Comerciais leves crescem 72%, mas resultado tem distorção
O mercado de comerciais leves registrou crescimento de produção de 72,8% em maio, comparado ao mesmo mês do ano passado. Ou seja, foram 44,5 mil modelos fabricados ante os 25,8 mil feitos em 2024.
Porém, a Anfavea ressaltou que esse número foi influenciado pelas enchentes que prejudicaram as vendas no Sul em 2024 e greves no mesmo período. Em condições normais, o crescimento estaria na faixa de 15%, mantendo a média dos meses anteriores.

Seja como for, como resultado, de janeiro a maio o segmento soma a produção de 199,3 mil unidades. Enquanto em igual momento em 2024 encerrou com 167,1 mil modelos fabricados. Um crescimento na ordem de 19,3%.
Mesmo com o número inflado em maio, a boa performance do setor reflete o aquecimento do consumo interno. Além da alta na agropecuária, que cresceu mais de 12% no primeiro trimestre, impulsionando as vendas de picapes abaixo de 3,5 t. Do mesmo modo, a alta demanda da logística urbana aqueceu a venda de comerciais leves, como vans, furgões e chassi-cabine.
Perspectivas e desafios para o segundo semestre
Seja como for, o presidente da Anfavea, Igor Calvet, destacou que, apesar de algumas categorias manterem desempenho positivo, o cenário para o segundo semestre exige cautela. A combinação de inadimplência crescente, em torno de 3%, a alta taxa de juros e possíveis retrações no consumo poderá pressionar ainda mais os volumes de vendas. Especialmente no segmento de caminhões pesados, que já apresentou sinais de alerta em maio.