O mercado de caminhões usados surfou uma grande onda na pandemia de Covid-19 no Brasil. Em 2020, no auge dos contágios, a venda desses veículos (a partir de quatro anos de uso) disparou. Isso porque, além da dificuldade em manter o ritmo de produção, a cadeia automotiva passou a enfrentar gargalos com a falta de componentes, sobretudo de chips.
O resultado foi uma fila de espera de pelo menos seis meses para quem buscava um modelo 0-km. Assim, quem precisava com mais urgência de um caminhão acabou adquirindo veículos usados e seminovos. Entretanto, agora, com o ritmo de produção próximo da normalidade, a expectativa da Fenauto, federação que representa os revendedores de caminhões, é de que o mercado fique pelo menos 18% menos aquecido que em 2021.
Em entrevista ao Estradão, o presidente da Fenauto, Enilson Sales, disse que as vendas devem somar 330.701 unidades, 72 mil a menos conquistadas no ano passado. Seja como for, outro fator que puxou para baixo a demanda por caminhões usados foi a alta dos preços nos últimos dois anos. "A alta procura por esses modelos inflacionou o setor e isso fez com que os investidores colocassem o pé no freio", explica Sales.
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Além disso, outra razão (não menos importante) foi a maior restrição ao crédito combinada à alta dos juros. Isso impactou diretamente na redução de financiamentos. Segundo o presidente da Fenauto, o segmento de caminhões entre 4 e 8 anos foi o que mais sofreu queda de demanda. "E ainda teremos um impacto nos resultados de dezembro por causa da Copa do Mundo", pontua.
De qualquer maneira, de acordo com dados da Fenauto, de janeiro a novembro de 2022 as revendas de caminhões fecharam 25.566 novos negócios. Ou seja, 6,1% a menos que em outubro, quando venderam 27.218 unidades. Da mesma forma, houve queda na comparação com novembro de 2021. Na época, a venda superou 30.000, queda, portanto, de 14%.
Já no acumulado de janeiro a novembro, o mercado de caminhões usados somou 301.766 unidades, queda de 19,5% sobre as 375.033 vendas feitas no mesmo período do ano passado.
Na visão de Enilson Sales, para que o mercado de usados se recupere em 2023 será necessária uma oferta mais ampla de crédito, assim como a redução da inflação dos usados. Além disso, o País carece de políticas para fomentar o setor. "Esse será um fator importante para gerar segurança para quem precisa investir na renovação da frota", concluí o executivo.