A China está acelerando a transição energética em seu setor de transporte rodoviário. Com apoio direto do governo central e de autoridades locais, a venda de caminhões elétricos aumentou de forma significativa em 2025 e começa a ameaçar o uso tradicional de combustíveis fósseis no país.
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De acordo com a BloombergNEF, os modelos elétricos responderam por 22% das vendas de veículos comerciais leves em abril deste ano, um avanço notável em relação aos 13% registrados no mesmo mês de 2024. Além disso, o crescimento entre caminhões pesados foi ainda mais expressivo: as vendas triplicaram e chegaram a 15% do total no mesmo período.
Essa transformação ocorre em um país que depende fortemente do diesel para o transporte de cargas. Atualmente, mais de 70% do consumo de combustível na China está vinculado a caminhões, veículos de mineração e máquinas de construção civil. Ainda assim, os dados mais recentes indicam uma reversão dessa tendência. A demanda aparente por diesel caiu 8,4% em abril, somando 3,78 milhões de barris por dia.
Ademais, a gasolina, que responde por mais de um quinto do consumo de petróleo no país, também já apresenta queda de longo prazo, impulsionada pela popularização dos carros elétricos.
China inventiva adoção de caminhões elétricos
O avanço dos caminhões elétricos na China tem como pilar uma política agressiva de incentivos. O governo central oferece isenções fiscais para a venda de veículos elétricos, inclusive modelos pesados, enquanto as administrações regionais impulsionam programas de renovação de frota que priorizam modelos comerciais de zero emissão.
Além disso, o uso de gás natural liquefeito (GNL), que já vinha ganhando terreno entre os caminhoneiros chineses, agora enfrenta concorrência direta da eletrificação. Esse movimento tem impacto direto sobre os mercados globais de energia, já que a China é o maior importador mundial de petróleo.
Atualmente, os caminhões elétricos chineses ainda operam principalmente em trajetos curtos ou em áreas controladas, como portos e minas. No entanto, esse cenário deve mudar nos próximos anos. À medida que a autonomia das baterias aumenta e estações de recarga mais potentes entram em operação, os veículos elétricos devem migrar para rotas mais longas e complexas.
O otimismo também vem da indústria. Robin Zeng, presidente da fabricante de baterias CATL, afirmou que os caminhões elétricos podem responder por até 50% das novas vendas na China até 2028. A declaração foi feita durante o lançamento de uma nova bateria voltada para veículos pesados.
Com essas projeções, a China sinaliza uma nova fase na eletrificação do transporte de cargas, um movimento que pode influenciar não só o mercado interno, mas também a dinâmica energética global.