A administração Trump apresentou uma proposta para derrubar a Greenhouse Gas Phase 3 (GHG3) ou regra da Fase 3 dos Gases de Efeito Estufa. Ou seja, um dos últimos e mais robustos regulamentos ambientais da era Joe Biden voltados à indústria de transporte. O anúncio veio acompanhado da intenção do administrador da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Lee Zeldin, de revogar o Endangerment Finding, decisão de 2009 que permite ao governo regulamentar a emissão de gases de efeito estufa.
Conforme Zeldin, a medida encerraria “16 anos de incerteza para fabricantes e consumidores”. Segundo ele, as administrações anteriores distorceram a lei e a ciência para impor custos ocultos à população. Assim, Zeldin afirma que a revogação da lei pode evitar mais de US$ 1 trilhão em “impostos escondidos” para famílias e empresas. Ou seja, cerca de R$ 5,4 trilhões na conversão direta.
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Revogação mira regulamentações históricas
Todavia, se a iniciativa for aprovada todas as regras de controle de emissões de gases de efeito estufa definidas pelos governos Obama e Biden serão extintas. Isso incluiria as primeiras regulamentações da EPA para veículos leves (2010), médios e pesados (2011). Assim como avanços adicionais como o sistema start&stop adotado em carros novos.
Além disso, a proposta, por exemplo, estabelece metas para que 25% dos caminhões pesados vendidos nos EUA entre 2027 e 2032 sejam de emissão zero. Zeldin já havia anunciado, em março, que revisaria essa norma e outras medidas do Clean Trucks Plan, como a regra de controle de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), de 2022.
Críticas e apoio do setor de transporte
Seja como for, representantes do transporte rodoviário veem a GHG3 como inviável nas condições atuais. Diretor executivo da Clean Freight Coalition, Jim Mullen, classificou a regra como “mal planejada” e “inatingível”. Alertando para impactos na cadeia de suprimentos e aumento nos preços de bens.
No entanto, Mullen destacou que a revogação poderia redirecionar recursos para o avanço de combustíveis alternativos. Presidente da American Trucking Associations, Chris Spear, também atacou a GHG3, chamando-a de “mandato para caminhões elétricos”. Ou seja, o executivo defende soluções tecnológicas de menor custo que reduzam emissões sem comprometer a economia.
Impacto no desenvolvimento de motores
A indústria já investiu em motores a diesel para atender aos padrões de 2027. Em outras palavras o setor está preparado ao desenvolver novos sistemas de pós-tratamento, novas arquiteturas eletrônicas e até uma nova categoria de óleo lubrificante. Do mesmo modo, montadoras e fabricantes de motores afirmam que os novos propulsores chegarão ao mercado mesmo sem exigência federal. Mas defendem que a redução nas garantias obrigatórias ajudaria a conter custos para frotistas.
Com a proposta de Zeldin, a expectativa de uma “compra antecipada” de caminhões antes de 2027 praticamente desaparece. Além disso, a medida se soma à revogação, em junho, das isenções da Califórnia para padrões mais rígidos de emissões, ação que já está na Justiça.