O setor de transporte rodoviário de cargas passa por um período de aumento nos custos operacionais. De acordo com a Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC&Logística), que representa as transportadoras, o valor do frete ainda não incorporou essas despesas adicionais.
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Recentemente, a nova tributação dos Estados e o reajuste da Petrobras fizeram o preço do diesel subir nas bombas dos postos. Além disso, mudanças na legislação elevaram as despesas trabalhistas das empresas de transporte em um momento de alta da taxa de juros. Atualmente, caminhões transportam mais de 60% de todas as mercadorias no País.
Diante desse cenário, a NTC&Logística informou que o setor já opera com margens reduzidas e que a defasagem no valor frete apode se agravar. Por isso, a associação recomenda que todas as empresas da categoria reajustem suas tarifas, considerando esses aumentos de custos.
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O aumento no valor dos combustíveis elevou os custos operacionais e criou a condição para reajustar o valor mínimo do frete. Conforme a Lei nº 13.703 de 2018, que regula os preços mínimos da categoria, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualiza a planilha de cálculo de fretes sempre que o preço do diesel oscila mais de 5%. A plataforma Calcula Frete, da ANTT, determina os valores do transporte de carga, definidos pela distância da viagem, tipo de carga e número de eixos do veículo.
Reajuste nas tarifas de frete
A definição sobre o reajuste nas tarifas de frete é iminente, independentemente da situação. Nesta semana, a ANTT divulgará o relatório sobre a defasagem no valor de frete no setor de transporte rodoviário de carga no Brasil. A pesquisa calcula o preço que as empresas deveriam cobrar pelo serviço, mas ainda não aplicam. Os números desse estudo regulam as variações no cálculo de frete.
A ANTT apresentará o comunicado durante o evento CONET&Intersindical, em Foz do Iguaçu (PR), organizado pela NTC&Logística. A agência, por lei, revisa a planilha do Calcula Frete duas vezes por ano, em janeiro e em julho. Caso a instituição não publique uma nova tabela no prazo, os valores podem corrigidos pelo IPCA.
Fatores que aumentam os custos de frete:
Diesel mais caro
Após mais de um ano de estabilidade, o preço do diesel subiu no Brasil. Dois fatores influenciaram a alta do combustível: primeiro, os Estados aumentaram o ICMS sobre o produto, elevando o custo em R$ 0,06 por litro. O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou essa medida em outubro de 2024, e a resolução entrou em vigor neste mês.
Além disso, a Petrobras aumentou o preço do óleo diesel para as distribuidoras em 31 de janeiro. O reajuste foi de 6,29%, acrescentando R$ 0,22 por litro. Atualmente, o diesel custa, em média, R$ 6,18 no Brasil. O Maranhão tem o menor valor médio, de R$ 6,03 por litro, enquanto o Pará registra o mais alto, de R$ 6,48. O site da Petrobras disponibiliza os valores médios do diesel em todos os estados.
De acordo com a NTC&Logística, o diesel representa cerca de 35% dos custos do transporte rodoviário de cargas. A associação estima que o aumento no preço do combustível já tenha impactado o valor do frete em aproximadamente 2,2%.
Aumento com custos trabalhistas
Neste ano, entrou em vigor a norma de reoneração gradativa da folha de pagamento, anunciada pelo governo federal em setembro de 2024. Segundo a associação do setor de transporte de carga, essa mudança aumentou em aproximadamente 1,5% os custos trabalhistas das empresas.
Alta da taxa de juros
A Taxa Selic elevada, hoje em 13,25%, é outro fator preocupante para o setor de transporte. Conforme a NTC&Logística, esse custo financeiro onera diretamente as empresas, devendo ser repassado aos clientes.
Os juros altos aumentam os encargos financeiros das empresas. Ou seja, empréstimos e financiamentos ficam mais caros. Dessa forma, caminhões e implementos rodoviários, por exemplo, ficam mais caros.