A Amaggi começou a rodar com caminhões e máquinas agrícolas movidos com B100 na frota. O combustível é originado do óleo da soja que a empresa planta, o que possibilitou à gigante dos grãos investir R$ 100 milhões na usina que faz o biodiesel.
Assim, conforme contamos no Estradão, a Amaggi consegue produzir por ano 337 milhões de litros de biodiesel. Mas usa apenas 30% dessa produção na frota própria. O restante é vendido ao mercado, que utiliza o combustível vegetal para misturar ao diesel fóssil. A lei brasileira permite a mistura de 14%.
Todavia, essa pouca mistura já causa alguns dilemas relacionados ao biocombustível. Muito em razão do problema que o biodiesel pode causar em certos componentes dos veículos, como o sistema de injeção.
Publicidade
Por causa dos constantes problemas levantados pelas áreas de pós-venda dos fabricantes, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou pesquisa realizada com 710 empresários do setor. E constatou que 60,3% dos consultados enfrentaram problemas mecânicos relacionados ao teor da mistura do biodiesel.
VEJA TAMBÉM
Amaggi troca diesel por B100 e emissões caem 99%
Novo Tatra Phoenix tem cabines e motores DAF
Scania G500 8x4 teleguiado começa a operar no Brasil; veja o preço
Foco no armazenamento
O diretor de desenvolvimento de negócios da Scania Brasil, Marcelo Gallão, explica que o problema do biodiesel está relacionado ao modo como ele é armazenado. Afinal, trata-se de um combustível “vivo”, já que conta com matérias orgânicas. Dessa forma há bactérias e fungos presentes no combustível.
Além disso, a oxidação em componentes metálicos, como os tanques onde o combustível ficará armazenado, formam bacilos. O que levam as bactérias a atacarem o biodiesel. E os resíduos formados por essa condição podem comprometer componentes do veículo como o sistema de injeção.
“Todavia, o sucesso da qualidade do biodiesel está associado à logística. Ou seja, o biodiesel é um combustível que deve ser trabalhado com alto fluxo e pouco estoque”, diz o executivo.
Em outras palavras, o combustível tem que rodar e não pode ficar parado. “E essa é a vantagem da Amaggi. Além de produzir o combustível, quando o combustível vai para o tanque do caminhão ou da máquina ele já vai para a operação”.
Nesse sentido, para evitar ocorrências por causa do armazenamento prolongado do biodiesel, a Scania recomenda um aditivo bactericida e antifúngico. Mas isso caso o combustível fique parado no tanque por em média duas semanas.
Além disso, a Scania fez modificações no veículo. Trocou software para a leitura do combustível renovável, bem como mangueiras e conectores. Além disso, o filtro de combustível foi feito para durar 40 mil km, uma vez que o B100 é mais denso frente ao diesel convencional.
Da mesma forma, a John Deere alterou as mangueiras das máquinas agrícolas. “Por se tratar de um combustível mais denso, trocamos por materiais capazes de suportar o novo combustível”, explica a gerente de marketing do produto John Deere, Bruna Mazzante.
Em testes, os equipamentos da Amaggi não apresentaram problemas
Antes mesmo de assumir os veículos com B100 na frota, a gigante do agro rodou mais de 70 mil km em testes com os veículos. Do mesmo modo, mais de 25 mil horas com as máquinas agrícolas tanto da linha verde como amarela.
Como a frota não fica parada por muito tempo, não houve a necessidade de gastos adicionais com aditivos. Tampouco paradas para manutenção preventiva ou corretiva.
Seja como for, a Amaggi conta com uma frota com cerca de 121 caminhões que rodam com o B100, sendo 101 da Scania. Além de mais de 20 unidades de máquinas John Deere. Trata-se de um dos passos mais relevantes da empresa em prol da descarbonização.
Afinal, não há sequestro de C02 no processo. A Amaggi planta a soja, que é colhida e degomada para a produção do combustível e por ser totalmente vegetal não emite emissões. Como resultado, nesse processo a empresa deixa de emitir 99% de emissões.