A Scania voltou a produzir entre 100 e 110 caminhões por dia no Brasil. Até recentemente, a falta de componentes, que afeta todas as montadoras, vinha prejudicando as entregas. Com isso, em 2022 a marca perdeu a vice-liderança de vendas entre os pesados para a DAF. Agora, com a retomada da produção aos níveis de antes do início da pandemia, o Scania R 450 deve reconquistar a posição.
De acordo com a Scania, nos momentos mais críticos a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, fez cerca de 65 caminhões por dia. Segundo dados da Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias, o Scania R 450 perdeu o segundo lugar nos emplacamentos de pesados para o DAF XF a partir de janeiro de 2022. A diferença entre os dois modelos é de 534 unidades.
Ou seja, de janeiro a julho o DAF XF somou 3.410 unidades, ante 2.876 do Scania R 450. Conforme a marca sueca, a perda de espaço ocorreu por causa das falhas na entrega de peças, sobretudo semicondutores. Como resultado, houve redução nas entregas e, portanto, nos emplacamentos.
Publicidade
Conforme o diretor de Vendas de Soluções de Transportes da Scania, Alex Nucci, a fila de espera está bem menor. “Não passa de 60 dias, que é o prazo normal da Scania”, revelou o executivo, em conversa exclusiva com o Estradão.
Armas tradicionais
Agora, Nucci diz que a fábrica está preparada para atender o possível aumento de demanda na produção. Ele se refere à expectativa de antecipação de compras, por causa da entrada em vigor do Proconve P8, em janeiro de 2023. Para atender as regras do programa brasileiro de redução de emissões, equivalente ao Euro 6, as fabricantes estimam que os preços dos caminhões possam subir até 30%.
“Isso nos dará condições de brigar pela segunda posição do ranking de vendas de pesados a partir de 2023", diz Nucci. Portanto, o executivo não acredita na retomada da posição neste ano. De acordo com ele, o problema não está na demanda, mas na capacidade de produção da empresa.
Serviços conectados
De acordo com Nucci, a Scania aposta fortemente na oferta de serviços conectados para aumentar sua rentabilidade. Esses sistemas permitem acompanhar o desempenho do caminhão em tempo real. Com isso, é possível garantir a disponibilidade da frota e a redução do consumo de combustível, segundo o executivo. "O resultado é a maior rentabilidade para o transportador”, afirma.
Ele diz, ainda, que a queda na oferta de produtos não prejudicou a imagem da marca no Brasil. Conforme o diretor da Scania, prova disso é que não houve desistência nos pedidos feitos. "Mesmo considerando o cenário atual adverso das taxas de juros, por exemplo”, explica. Segundo Nucci, 65% dos clientes são transportadoras de pequeno porte. Além disso, a maioria compra caminhões Scania há cerca de 20 anos.