Até hoje muitos motoristas, se pudessem, continuariam trabalhando em caminhões bicudos. Muitos alegam se sentirem mais seguros a bordo destes veículos. Afinal, a posição de dirigir não fica tão próxima da parte frontal da cabine.
Do mesmo modo, o conforto é maior. Inclusive de ruído, uma vez que o motor fica no capô. Com isso, o espaço a bordo é garantido graças ao assoalho mais reto. Diferente, portanto, do caminhão cara-chata, cujo motor fica embaixo do túnel.
Os caminhões bicudos, com cabine avançada, começaram a cair em desuso por volta dos anos 2000. Mesmo a contragosto dos motoristas, os empresários de transporte perceberam que, com a cabine frontal, é possível rodar com implementos maiores. Logo, podem levar mais carga, o que foi decisivo para o domínio dos modelos cara-chata.
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Além disso, a legislação brasileira considera o tamanho das composições. Ou seja, a soma do cavalo mecânico com o implemento. Dessa forma, a "Lei da Balança" estabelece que as composições tenham no máximo 18,15 metros (carretas de três eixos) e 19,8 metros (bitrens).
Da mesma forma, os caminhões com cabine frontal têm visual mais moderno. E uma eletrônica embarcada mais sofisticada. Isso permitiu que o Brasil não ficasse tão distante das tecnologias de ponta presentes em mercados como o da Europa, por exemplo.
Mas, para relembrar os brutos bicudos que fizeram parte do nosso mercado, o Estradão traz a seguir os modelos que tiveram maior sucesso. Confira!
Ford
F-350 e F-4000
Até hoje essa dupla da Ford é bastante buscada no mercado de caminhões usados. Prova disso, é que a Ford saiu do Brasil em 2019. Com isso, os caminhões tiveram a produção interrompida. E mesmo assim, nos três anos seguintes ainda é possível acompanhar os emplacamentos.
Obviamente isso ocorreu porque a rede de concessionárias tratou de garantir estoques. Seja como for, ambos os caminhões caíram no gosto dos caminhoneiros brasileiros, principalmente do produtor rural. Os empresários do ramo alegavam que os caminhões eram parrudos. E, no caso do F-4000, a Ford ainda lançou a opção 4x4. O que lhe dava vantagens no campo e na construção civil. Por fim, os dois modelos eram versáteis e podiam receber implementos baú, carga seca, etc.
Mercedes-Benz
MB 1113
Até hoje o Mercedes-Benz 1113 é um dos mais lembrados por motoristas. Afinal, ainda há exemplares rodando pelas estradas do Brasil. Isso ocorre porque o modelo consegue dar conta do recado. Não seria o ideal. Afinal, mesmo com as manutenções em dia, o caminhão emite mais gases nocivos ao meio ambiente e não traz tecnologias modernas que garantam maior segurança.
Entretanto, questões econômicas ainda dificultam a troca por um modelo mais novo. Seja como for, o 1113 deixou um legado para a marca da estrela. Ele foi produzido de 1964 a 1989. Além disso, contou com uma variedade de versões desenvolvidas para os mais variados tipos de aplicações.
L-1620
O Mercedes-Benz L-1620 chegou ao mercado na década de 1990. E logo caiu nas graças do transportador autônomo. Mas o caminhão foi descontinuado em 2011 com a chegada do motor Euro 5. Assim, no período, teve 102,6 mil unidades produzidas, das quais 91,4 mil ficaram no mercado interno.
O caminhão também podia receber o terceiro eixo. Dessa forma, elevava o peso bruto total (PBT) de 16 t para 23 t. Depois, o motor com potência de 211 cv e torque de 67 mkgf foi atualizado. E, em 2006, o modelo ganhou motor eletrônico de 231 cv e torque de 83 mkgf, no padrão Euro 3.
Atron
Com a saída do L-1620, a Mercedes-Benz apresentou em 2012 a gama Atron de caminhões com cabine avançada. Este veio já no padrão Euro 5. A linha contava com os modelos 1319, 1635, 1719, 2324 e 2729. Contudo, como o estilo de habitáculo caindo em desuso, a fabricante foi reduzindo as versões aos poucos. Mas o cavalo mecânico 1635 4x2 fez sucesso até o fim de sua produção, em junho de 2020. O modelo contava com motor MB OM 457 LA BlueTec 5 de seis cilindros em linha, com potência de 345 cv e torque de 148 mkgf. E era ligado à transmissão ZF manual de 16 marchas.
Scania
L111, o Jacaré
Popularmente conhecido como "Scania Jacaré", o caminhão começou a ser produzido em 1975 e chegou ao mercado brasileiro no ano seguinte. Mas o que chamava a atenção era o alto padrão de conforto. Tinha cabine leito e direção hidráulica.
A linha contava com os modelos 111 L (4X2) LS (6X2) e LT (6X4), bem como o L 111S, com motor turbo. Seja como for, o Jacaré permaneceu no mercado até 1981. E foi substituído pelo T 112. Na época, fez sucesso na icônica cor laranja e até hoje é buscado no mercado por colecionadores.
T113
O Scania T 113, assim como o Jacaré, foi outro ícone da marca do grifo. Integrando a Série 3, essa família era composta por duas linhas, a T (bicudo) e R (cara chata) 113 e 143 H. E, nas configurações 4x2, 6x4, e T 113 HK 6x6. A Série 3 foi produzida de 1991 a 1998.
A Série 3 pode até ser a mais vendida da Scania no Brasil, mas o seu modelo mais icônico, o T 113 H 4x2 360. Seja como for, o caminhão perdeu o posto para o R 440.
Volvo
NL
O Volvo NL foi lançado em 1989 e introduziu algumas inovações para a época, como o pistão articulado. Este sistema reduzia a transmissão de calor, bem como o ruído, e contribui na queima de menos combustível. A potência do NL era uma das mais altas da época, com 400 cv. Além disso, graças à posição do motor, o condutor contava com muito espaço a bordo.
Contudo, a Volvo, não contente, ampliou a cabine na segunda geração do modelo. O habitáculo ganhou 13% a mais de espaço. Com isso, o caminhão contava com a maior cama do mercado. Seja como for, o NL foi descontinuado no final dos anos 1990 após a chegada do NH.
NH
Em 1999, a Volvo apresentou a linha H, modelo que trazia novos conceitos eletrônicos. O motor D12C contava com injeção eletrônica com unidade injetora individual por cilindro. Assim como o cabeçote único e o VEB – Volvo Engine Brake. O caminhão trazia ainda um sistema de gerenciamento eletrônico e facilitava a interação do motorista com o computador de bordo.
Entretanto, por causa da crescente demanda pela cabine cara-chata, o Volvo NH durou até o ano de 2006. Cada vez mais, o cliente dava preferência ao Volvo FH, atual caminhão pesado mais vendido do País. Assim, as vendas do NH começaram a declinar.