A produção de caminhões no Brasil foi de 158,8 mil unidades em 2022. Assim, houve retração de 1,6% em relação ao resultado de 2021. Naquele ano a indústria produziu 161,8 mil caminhões. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (6) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Porém, ao somar a produção de caminhões e ônibus, houve alta de 8,9% na comparação com 2021. Naquele ano, o setor fabricou 178 mil unidades, enquanto em 2022 a soma foi de 194 mil.
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De acordo com o vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini, os números refletem estabilidade. Mesmo com os esforços das empresas para driblar os gargalos sobretudo da falta de semicondutores. Segundo as fabricantes, isso impactou diretamente a produtividade das montadoras.
"Quase alcançamos o volume de produção de caminhões feito em 2021. No primeiro semestre a produção foi mais devagar. E chegamos a essa estabilidade porque o crescimento maior de produção ocorreu a partir do segundo semestre", diz Bonini.
De acordo com o executivo, 51% da produção nacional foi de caminhões pesados. Se somar aos semipesados, o número sobe para 76%. Ou seja, os segmentos de transporte rodoviário de longas distâncias, agronegócio e fora de estrada foram os que mais demandaram caminhão em 2022.
Produção de ônibus dispara em 2022
Em compensação, no setor de ônibus a produção disparou, com alta de 67,7%. Em 2022, os fabricantes produziram 31,7 mil unidades, ante os 18,9 mil ônibus fabricados em 2021.
No entanto, vale ressaltar que com a chegada da Covid-19 esse foi o setor que mais amargou com a queda de produção em razão do afastamento social. Portanto, é natural que ocorra a retomada.
O Programa Caminho da Escola foi bastante representativo no segmento. Ou seja, 33% do total produzido. Seguido pelos segmentos urbano, com 27% de participação, e rodoviário com 13%. Ademais fretamento representou com 5% da produção. Já o miniônibus representou 7% e o micro-ônibus 15%.
Produção total de veículos no Brasil aumenta, mas para 2023 é de queda
A produção total de veículos fechou com 2.369,7 milhões de unidades no ano passado. Ou seja, superior em 5,4% quando se compara com 2021, que fechou com 2.248,3 milhões.
"A recuperação foi possível porque conseguimos trabalhar junto aos fornecedores e as matrizes para conseguir reduzir impactos da falta de materiais", ressalta o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite.
Entretanto, quando o tema é projeção, para este ano, a Anfavea projeta retração. Nesse sentido, em veículos pesados, somando caminhões e ônibus, a Anfavea projeta encerrar 2023 com 154 mil unidades. Ou seja, queda de 20,4% quando se compara com 2022, que na soma a indústria produziu 194 mil caminhões e ônibus.
Por outro lado, para o mercado de veículos leves a Anfavea prevê crescimento de 4%. Na soma entre leves e pesados, o crescimento é de 3%.
"A projeção para o primeiro trimestre é de queda, porque historicamente, é mais fraco. Além disso, ainda enfrentamos a questão dos semicondutores que deve se normalizar ao longo do período. Porém, as taxas de juros têm trazido preocupação para o nosso setor. Estamos falando de uma taxa de 30% de financiamento via CDC. E estamos trabalhando nisso. Ao romper essa barreira, o ano seria surpreendente".
Já em caminhões, a retração pode ocorrer porque, com a chegada do Proconve P8 (Euro 6), houve a antecipação de compra. "Mas os juros, com taxas de 12% e 15%, também são elevados para o financiamento de caminhões", explica o presidente da Anfavea.