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Produção de caminhões patina em 2025 e deve manter ritmo em 2026

Exportações evitam derrubada da produção de caminhões em meio à retração do consumo interno e das vendas para o agronegócio

Andrea Ramos

25 de set, 2025 · 6 minutos de leitura.

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Mercado de caminhões avança pouco em 2025 e deve repetir cenário em 2026
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Crédito:Fotos: Randon
Mercado de caminhões avança pouco em 2025 e deve repetir cenário em 2026

A produção de caminhões em 2025 deve ficar em torno das 138 mil unidades. Ou seja, praticamente igual ao das vendas, uma vez que o setor opera com estoques baixos. Além disso, esse patamar só foi possível graças às exportações, sobretudo para a Argentina, que cresceram em ritmo acelerado. As informações são do analista-sênior de pesquisa da consultoria S&P Global, Thiago Costa,

De acordo com ele, o impulso da demanda externa registrado no primeiro semestre compensou a queda na venda de caminhões para o agronegócio. “As exportações cresceram de forma significativa, o que manteve a indústria em patamar elevado. Porém, no mercado interno a retração do agronegócio derrubou as vendas de pesados e extrapesados”, diz Costa.

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Seja como for, o aumento do volume de entregas gerado pelo comércio eletrônico ajudou a manter as boas vendas de caminhões médios e semipesados. Esse segmento, inclusive, tornou-se estratégico para equilibrar os resultados diante da queda registrada em outros segmentos.

Expectativas limitadas para 2026

Para 2026, o analista projeta um cenário muito parecido com o atual. Em outras palavras, sem espaço para grandes avanços. “Não acreditamos em crescimento expressivo das exportações como em 2025, pois as margens de quem opera nesse mercado estão mais apertadas. Portanto, deve haver estabilidade, com volumes próximos aos de 2025”, diz Costa.


Assim, as vendas do segmento de extrapesados, que depende fortemente do agronegócio, deve permanecer tímido. Ou seja, com volumes de produção estáveis e sem retomada significativa. Além disso, o endividamento do setor rural limita novos investimentos em renovação de frota.

Por outro lado, caminhões médios e leves devem continuar a crescer de forma moderada. A expansão do comércio eletrônico e dos centros de distribuição no Norte e Nordeste do País impulsiona a procura por veículos de distribuição urbana. “O e-commerce segue investindo pesado em logística. E isso deve manter aquecido o mercado de caminhões de 7,5 a 11 toneladas”, acrescenta Costa.

Usados seguem como termômetro

O mercado de seminovos também influencia diretamente a dinâmica do setor. Quando há excesso de caminhões usados, o ritmo de renovação da frota diminui. Todavia, esse movimento também gera demanda em serviços, peças e manutenção. Assim, criando um ciclo que, mais adiante, ajuda a estimular novamente as vendas de veículos novos.

Segundo Costa, o cenário global também pesa nas estratégias locais. A valorização do dólar e a instabilidade internacional reduzem as margens das exportações. Nesse contexto, montadoras podem optar por ajustar a produção no Brasil para atender mercados externos, como já ocorreu em 2011 e 2012. Essa medida, além de manter as linhas ativas, evita cortes profundos de empregos em períodos de baixa no mercado doméstico.

Estabilidade à vista

Com juros elevados, crédito restrito e incertezas no agronegócio, o setor não deve registrar avanços além de 1% em 2026. Entretanto, o crescimento tímido será sustentado pelo consumo urbano, sobretudo pela logística ligada ao comércio eletrônico. Assim, a indústria de caminhões tende a repetir em 2026 a mesma trajetória de 2025. Ou seja, de um mercado sustentado por exportações, freado pelo campo e alavancado pelo e-commerce.


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