A Daimler Truck apresentou nesta semana seu novo plano estratégico global. Batizada de "Stronger 2030" (“Mais Forte 2030”), a agenda estabelece metas de rentabilidade, transformação tecnológica e expansão internacional. Para isso, a companhia planeja reduzir gastos na Europa, realocar a produção para países com custos menores e duplicar a atuação do negócio na área militar.
- VEJA MAIS:
- Iveco testa S-Way a biometano liquefeito em viagem de 5 mil km pela Europa
- Traton cria estrutura de pesquisa unificada para Scania, MAN, International e VW
- GMW lança caminhão híbrido na China com mais de 1.000 cv de potência
Em evento realizado nos Estados Unidos, a direção do conglomerado detalhou uma estratégia baseado em cinco pilares, com o objetivo de tornar o grupo mais ágil, lucrativo e resiliente. Dessa forma, a empresa pretende elevar o retorno ajustado sobre vendas (ROS) do negócio industrial para mais de 12% até 2030, além de aumentar em 50% o fluxo de caixa livre.
A estratégia inclui ainda a recompra de até € 2 bilhões em ações do grupo a partir do segundo semestre de 2025. “Quando fazemos isso corretamente, alcançamos uma lucratividade de mais de 12% de retorno sobre as vendas até 2030”, afirmou Karin Rådström, presidente e CEO da Daimler Truck.
Mercedes-Benz Trucks será reorganizada para cortar custos
Entre as medidas anunciadas, o programa Cost Down Europe foi um dos pontos centrais. A iniciativa prevê economia de mais de € 1 bilhão até o fim da década por meio de reestruturações operacionais e padronização de processos. Ademais, a companhia planeja cortar 5 mil postos de trabalho na Alemanha por meio de aposentadorias antecipadas e pacotes de rescisão voluntária.
De acordo com Achim Puchert, membro do conselho da Daimler Truck e CEO da divisão Mercedes-Benz Trucks, o plano envolve três frentes: reestruturar, alavancar e crescer. “Reestruturaremos nossa organização para maior eficiência e menor complexidade, principalmente por meio do nosso programa Cost Down Europe”, explicou. O executivo acrescentou que a empresa vai “alavancar nosso conjunto global de talentos e os países com os melhores custos”.
Além disso, a estratégia da Mercedes-Benz Trucks mira o crescimento em quatro frentes principais: defesa, veículos com emissão zero, Índia e serviços de pós-venda.
Expansão na área militar é prioridade para crescimento
No setor de defesa, a Daimler Truck anunciou a meta de dobrar o volume de negócios até 2030. A empresa também pretende vender mais de 25 mil caminhões com emissão zero na Europa ao longo da década e reforçar a presença no mercado indiano. Além disso, a companha planeja expandir sua atuação em serviços, peças e pós-venda ao redor do mundo.
A direção da montadora destacou que os cortes de empregos e a mudança do volume de produção para países com custos mais baixos fazem parte de uma estratégia de longo prazo. O foco, conforme os executivos do grupo, é aumentar a eficiência operacional e fortalecer áreas com maior potencial de lucro.
“Queremos entregar os produtos e serviços que tornam os negócios dos nossos clientes mais bem-sucedidos, hoje e no futuro”, afirmou Puchert. “Podemos fazer isso e estamos totalmente comprometidos em fazê-lo na Mercedes-Benz Trucks globalmente.”
EUA seguem como base de crescimento e lucros da Daimler
Nos EUA, a Daimler Truck North America (DTNA) continuará a desempenhar papel central na geração de receita do grupo, de acordo com a matriz alemã. Em 2024, a divisão já superou suas metas financeiras previstas para 2025, atingindo um retorno ajustado sobre vendas de 12,9%. Atualmente, a DTNA detém 24% de participação no segmento de caminhões vocacionais pesados no mercado norte-americano e seguirá investindo nesse portfólio e em serviços.
Todavia, a empresa explicou que, apesar da volatilidade do mercado local e de dificuldades na cadeia de suprimentos, a unidade norte-americana demonstrou “resiliência e agilidade operacional excepcionais”.
Daimler adia caminhão a hidrogênio para próxima década
A Daimler Truck decidiu frear os investimentos em propulsão elétrica na América do Norte, citando a lentidão na adoção desses modelos no país. A empresa continuará desenvolvendo caminhões a hidrogênio na Europa, mas adiou a produção em série para os anos 2030, devido à falta de infraestrutura de abastecimento.
Paralelamente, a companhia aposta em uma plataforma de veículos definida por software por meio da joint venture Coretura, firmada recentemente com o Grupo Volvo. Essa plataforma digital busca oferecer atualizações contínuas, novos recursos, bem como a redução do custo total de propriedade.
“Nossa estratégia tecnológica flexível e modular permite que a Daimler Truck se transforme na velocidade certa”, disse Andreas Gorbach, membro do conselho da Daimler Truck responsável por tecnologia. “Estamos bem posicionados para liderar o futuro do transporte rodoviário.”