A presença feminina no setor de transporte rodoviário brasileiro está em expansão. Em outras palavras, segundo dados da Platform Science em parceria com o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), a participação de mulheres em empresas do setor passou de 15% em 2023 para 26% em 2024. Apesar do avanço expressivo, a equidade de gênero ainda está longe de ser realidade no segmento.
Ou seja, a maioria dos postos de liderança continua sendo ocupada por homens. Apenas 5% dos cargos s de chefia estão nas mãos de mulheres. Além disso, elas recebem, em média, 20,9% menos que os colegas do sexo masculino para exercer as mesmas funções. Nos cargos de alta gestão, como diretoria e gerência, por exemplo, a diferença salarial chega a 26,8%.
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Número de motoristas mulheres cresce, mas ainda é tímido
As mulheres também vêm ganhando espaço ao volante. Em 2024, o Brasil apresentou mais de 360 mil com habilitação nas categorias C, D e E. Isso representa pouco mais de 6% dos condutores dessas categorias no Brasil. Dessa forma, em cinco anos, o número de CNHs femininas para veículos pesados cresceu mais de 50%.

Todavia, a contratação de mulheres para dirigir caminhões ainda esbarra em resistências. Transportadoras relutam em adaptar suas operações e muitas ainda enxergam o volante como território masculino. Além disso, faltam pontos de parada e descanso adequados e seguros para motoristas mulheres. O que limita sua permanência nas estradas por longos períodos.
Embora enfrentem essas barreiras, as motoristas demonstram desempenho superior quando o assunto é segurança no trânsito. De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), mulheres representaram apenas 7,3% dos condutores envolvidos em acidentes fatais em 2022. Já nas rodovias federais, não houve nenhuma vítima fatal do sexo feminino em acidentes com caminhões no mesmo ano.
Diversidade traz ganhos à operação logística
Empresas que promovem a inclusão feminina colhem resultados positivos. De acordo com o estudo, ambientes de trabalho diversos tendem a ser mais colaborativos e eficientes. Lideranças femininas impulsionam a tomada de decisão com foco em soluções e promovem mais engajamento entre as equipes.
No entanto, a ausência de políticas estruturadas para desenvolver talentos femininos dificulta o avanço da equidade. Poucas empresas investem em programas de mentoria, bem como formação continuada ou redes de apoio específicas para mulheres.
Ainda assim, algumas iniciativas começam a mudar o cenário. É o caso do “Movimento A Voz Delas”, da Mercedes-Benz, voltado à capacitação e inserção de mulheres no transporte de cargas. Além disso, tecnologias embarcadas de segurança, como telemetria, videomonitoramento e assistência em tempo real, ajudam a criar um ambiente mais seguro para as motoristas.