Notícias

Motoristas usam "gambiarras" nos freios e aumentam risco de acidentes, alerta Arteris

Falhas mecânicas continuam recorrentes nas estradas e já causaram centenas de acidentes; gestora de rodovias investe em infraestrutura e fiscalização para prevenir tragédias

Thiago Vinholes

29 de mai, 2025 · 5 minutos de leitura.

Publicidade

Arteris, área de escape,
De acordo com PRF, apenas nos primeiros meses de 2024, mais de 1,67 milhão de veículos de carga foram fiscalizados em rodovias sob gestão da Arteris
Crédito:Arteris/Divulgação

A Arteris, gestora de rodovias nas regiões sul e sudeste do Brasil, alerta sobre os riscos causados por falhas nos sistemas de freio de caminhões. A empresa informou que intensificou as ações de fiscalização e orientação aos condutores durante o Maio Amarelo, mês dedicado à segurança viária, e identificou que práticas perigosas seguem comuns nas estradas brasileiras. Entre os problemas, chamam a atenção as chamadas “gambiarras”, improvisos feitos pelos próprios motoristas para manter os veículos em operação, mesmo com defeitos graves.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), apenas nos primeiros meses de 2024, mais de 1,67 milhão de veículos de carga foram fiscalizados. Desses, 23 mil caminhões, 13 mil semirreboques e 1,2 mil ônibus foram retirados de circulação por apresentarem condições inadequadas. Além disso, os dados da PRF apontam que, em 2023, problemas no sistema de freios resultaram em 282 acidentes, que deixaram 266 pessoas feridas e causaram 19 mortes.

Improvisos colocam vidas em risco nas estradas

Durante as abordagens, os agentes identificaram diversas modificações feitas de forma irregular, com o objetivo de burlar falhas ou reduzir custos com manutenção. Entre os casos mais graves, estavam a anulação do sistema ABS, a desativação de válvulas de segurança, o uso de arames e pedaços de madeira. Ademais, alguns motoristas chegaram a colocar chinelos no lugar de peças quebradas e removeram fusíveis para impedir alertas no painel do veículo, revelou a empresa.

Essas práticas comprometem o funcionamento adequado dos freios, especialmente em trechos de serra, onde a frenagem precisa ser eficiente. Segundo a Arteris, a manutenção preventiva continua sendo ignorada por muitos motoristas, o que amplia os riscos tanto para os condutores quanto para os demais usuários das rodovias. Ainda de acordo com a gestora, esse tipo de negligência agrava o problema da sobrecarga e acelera o desgaste de lonas, pastilhas, válvulas e sistemas pneumáticos.

O superintendente do Núcleo de Operações da Arteris, Marcelo Sato Mizusaki, salientou que a falha no freio vai além de uma questão técnica. “Os motoristas poderiam evitar muitos acidentes com veículos pesados se realizassem a manutenção preventiva, assumissem responsabilidade no transporte de carga e seguissem as orientações de segurança, principalmente em relação aos limites de velocidade.”


Arteris investe em fiscalização, estrutura e educação

Além das ações de fiscalização em conjunto com autoridades, a Arteris também investe em infraestrutura e orientação para reduzir os acidentes. Uma dessas ações é o programa Serra Segura, parte do Programa Viva, que realiza inspeções técnicas em itens como freios, faróis e tacógrafos em regiões de serra.

Para conter situações de emergência com caminhões desgovernados, a gestora construiu áreas de escape. A empresa já contabiliza mais de 1.300 vidas salvas com o uso dessas estruturas, distribuídas em trechos críticos da BR-116 e da BR-376. De acordo com a empresa, o investimento total ultrapassa R$ 38 milhões.

Siga o Estradão no Instagram!

Deixe sua opinião