As perspectivas da Scania para o segundo trimestre de 2025 foram impactadas por uma combinação de fatores econômicos e operacionais. Conforme a marca, a queda nas entregas de caminhões, sobretudo na América Latina, contribuiu para a retração dos números. No Brasil, por exemplo, o setor sofre com as altas taxas de juros, inflação persistente e aumento dos estoques nas concessionárias. Como resultado, houve queda acentuada na demanda. Seja como for, na Europa, o recuo foi mais moderado.
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Lucro da Scania despenca, mas serviços compensam parte da perda
Dessa forma, as vendas globais da Scania recuaram 10% no trimestre. Assim, somando 49,9 bilhões de coroas suecas (cerca de 4,46 bilhões de euros ou R$ 28,4 bilhões), ante 55,4 bilhões no mesmo período de 2024. Além disso, o lucro operacional ajustado caiu 44%, para 4,5 bilhões de coroas (aproximadamente 400 milhões de euros ou R$ 2,5 bilhões).
A empresa atribui o resultado a menores volumes de entrega, bem como variação cambial, mudanças no mix de mercado e custos ligados à operação na China. Como consequência, o retorno operacional sobre as vendas caiu para 9%. Ou seja, bem abaixo dos 14,5% do ano anterior.
Apesar disso, a receita de serviços cresceu 5% no semestre, em moeda constante, o que ajudou a atenuar os efeitos da queda nas vendas de veículos novos. “Esse segmento traz estabilidade e resiliência mesmo em tempos difíceis”, destaca o CEO da marca Christian Levin.
Pedidos crescem na Europa e compensam queda na América Latina
Embora a tendência de alta nos pedidos dos últimos trimestres tenha perdido força, a Scania ainda registrou aumento de 6% na entrada de pedidos, chegando a 20.393 caminhões no trimestre. A América Latina seguiu em queda, mas a demanda europeia surpreendeu positivamente.
Segundo Christian Levin, a Scania manteve 17,9% de participação de mercado na Europa, levemente abaixo dos 18,2% do ano passado. Mas ainda em um cenário de forte retração nos pesados.

Produção será ajustada, mas flexibilidade garante resposta rápida
Para se adaptar ao cenário incerto, a Scania vai reduzir o ritmo de produção global no segundo semestre. Levin enfatiza que a flexibilidade do sistema de produção da marca permite acelerar operações rapidamente assim que a demanda mostrar sinais de recuperação. Além disso, a empresa já iniciou iniciativas de corte de custos de curto e longo prazos.
Outro pilar importante para a companhia tem sido os serviços financeiros. No primeiro semestre, o segmento cresceu 2%, com mais de um terço dos caminhões vendidos sendo financiados pela própria Scania. De acordo com Levin, essa estratégia fortalece a fidelização dos clientes e ainda sustenta a transição energética. “Esse suporte é fundamental para impulsionar soluções elétricas e autônomas”, afirma o CEO.
Apesar da crescente entrega de caminhões elétricos (BEV), a participação dos modelos a bateria ainda é baixa. No primeiro trimestre de 2025, apenas 1,5% das vendas de caminhões pesados na Europa foram elétricos. Com isso, os fabricantes correm o risco de não atingir as metas de redução de CO₂ até 2030, alerta Levin.
Todavia, mesmo diante de um cenário macroeconômico instável, Christian Levin se mostra confiante na capacidade da Scania de liderar o futuro do transporte. Para ele, a combinação entre resiliência nos serviços, fortalecimento do setor financeiro e avanço na eletrificação coloca a empresa em posição estratégica. “Estamos preparados para enfrentar os desafios e acelerar quando a recuperação chegar”, conclui.