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Mercedes-Benz vai oferecer caminhões a gás no Brasil e já testa protótipos

VP da Mercedes-Benz confirma testes com caminhões a gás e diz que boas vendas das linhas Accelo, Atego e Axor compensam retração dos extrapesados

Andrea Ramos

18 de set, 2025 · 8 minutos de leitura.

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Mercedes-Benz prepara caminhão a gás no Brasil e traça estratégia para enfrentar o mercado
Jefferson Ferrarez (1)
Crédito:Fotos: Mercedes-Benz
Mercedes-Benz prepara caminhão a gás no Brasil e traça estratégia para enfrentar o mercado

A Mercedes-Benz vai ingressar no segmento de caminhões a gás no Brasil. Conforme o vice-presidente de vendas e marketing da empresa, Jefferson Ferrarez, já há protótipos rodando em testes no País. De acordo com ele, a pressão do mercado por esse tipo de solução e os avanços tecnológicos abriram espaço para a oferta de modelos com motor gás natural e/ou biometano.

Assim, Ferrarez afirma que a Mercedes-Benz não poderia ficar de fora dessa discussão. "Estamos desenvolvendo soluções para oferecer opções a gás em segmentos específicos. Ou seja, onde faz sentido o uso dessa tecnologia como (o transporte de) cana e coleta de lixo, já que o ciclo virtuoso do combustível é viável”, afirma.

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Além disso, o executivo destaca que o programa Combustível do Futuro acelerou esse movimento. Afinal, estudos técnicos indicam que o TCO (custo total de operação) é favorável nesses segmentos de logística. Conforme Ferrarez, é comum haver questionamentos sobre viabilidade de novos soluções. "Mas os avanços em eficiência e infraestrutura mostram que é hora de investir”, pondera.

Seja como for, o VP da Mercedes-Benz evita falar sobre as datas de lançamento de novos produtos. Ele diz que os testes de confiabilidade de produto, bem como da área de pós-venda e adaptação da rede de concessionários ainda estão em andamento. “Não adianta o produto estar pronto se a rede não conseguir dar suporte. Estamos avaliando cada passo com muito cuidado”, explica.


Mercedes-Benz prepara caminhão a gás no Brasil e traça estratégia para enfrentar o mercado
No Brasil, Atego é um dos fortes candidatos a ter verão com motor a gás - Fotos: Mercedes-Benz

Segmentos prioritários

Conforme o executivo, a entrada da Mercedes-Benz no segmento de caminhões a gás será gradual. O foco inicial deverá ser em aplicações vocacionais. “Quando falamos em (operações de transporte) rodoviário, de mil ou dois mil quilômetros, sem rede de postos adequada, o projeto não se sustenta. Por isso, vamos começar onde faz sentido”, diz.

Segundo Ferrarez, com os novos produtos a Mercedes-Benz busca atender uma demanda crescente do mercado. “Existe demanda. Sempre houve interesse (de clientes), mas sem segurança para avançar. Agora, vemos (alta da) procura e projetos concretos. Por isso decidimos acelerar”.

Nesse sentido, a marca estuda estabelecer parcerias tecnológicas, inclusive com fornecedores de motores a gás. Porém, também considera o desenvolvimento de projetos próprios.

Mercado em retração e boa oferta de opções

De acordo com Ferrarez, o desempenho de vendas de caminhões no Brasil continua pressionado pelo alto custo dos financiamentos. Assim, ele informa que, enquanto o segmento de médios e semipesados registra alta de cerca de 10% a 11% em 2025, o de extrapesados acumula retração de quase 20%. Ele avalia que essa tendência deve persistir ao longo do ano. “Se nada mudar, esse cenário pode se arrastar para 2026. O custo do dinheiro continua alto, e o mercado de extrapesados permanece pressionado.”


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Entretanto, o executivo afirma que a Mercedes-Benz vem compensando as quedas. Nesse sentido, contribui o novo Accelo, nas versões de 9 e 11 toneladas, que conquistou a liderança de vendas entre os leves e os médios. Da mesma forma, a linha Atego, com novas versões para bombeiros e transporte de resíduos, vem ampliando a participação.

Como resultado, o VP da Mercedes-Benz diz que, entre 2024 e 2025, a participação de mercado da empresa cresceu mais de quatro pontos percentuais nos segmentos de leves, médios e semipesados. Assim, isso garantiu um certo equilíbrio em relação às perdas registradas nos extrapesados.

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Vale lembrar que o Atego é um forte candidato a receber motor a gás. Afinal, o modelo tem forte presença no segmento vocacional. Outro destaque é a volta do Axor ao portfólio de produtos da marca no País, com preço mais acessível entre os extrapesados. O novo modelo utiliza a mesma base do Actros. Porém, com preço mais competitivo de olho em clientes que buscam opções de entrada.


Conforme Ferrarez, o Axor chegou no momento certo. "Mesmo quem comprava veículos de topo de linha agora procura opções mais acessíveis. O 6x2 já mostra grande tração no mercado e acreditamos que o 4x2 também será líder absoluto (de vendas) em breve”, afirma.

Além disso, o executivo ressalta que o fato de a Mercedes-Benz ter ampla oferta de produtos, é fundamental para garantir o sucesso do negócio. Atualmente, a marca tem representantes desde o segmento de semileves até os extrapesados. “Essa estratégia nos permite responder rápido às mudanças de demanda, aproveitando cada nicho”, diz.

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