A Mercedes-Benz começou 2025 com o pé no acelerador no setor de caminhões. Depois de um período estratégico de lançamentos e atualizações de produtos apresentados na Fenatran de 2024, a marca voltou a ocupar a liderança nas vendas no Brasil em 2025.
Dessa forma, a fabricante da estrela de três pontas domina não apenas o volume de emplacamentos. Mas também ganha força em segmentos estratégicos e altamente disputados. Nesse sentido, de janeiro a maio, a Mercedes-Benz lidera vendas de caminhões com26,18% do mercado, segundo dados do mercado. Dessa forma, no período, a marca emplacou 11.793 unidades.
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Parte dos bons resultados se devem à renovação das famílias Atego, Accelo e Actros. Já mostrando resultados concretos. O Accelo, por exemplo, subiu rapidamente no ranking de caminhões mais vendidos. Já o Atego segundo o vice-presidente da Mercedes-Benz, Jefferson Ferrarez, por ser uma das gamas mais completas, com versões rodoviárias, vocacionais e um cavaço-mecânico, volta a protagonizar como a linha com a menor desvalorização no mercado, incluindo no seminovos.
Todavia, o Actros, sobretudo na versão 6x2, avançou na venda. E volta para o ranking dos 10 caminhões pesados mais emplacados do País.
Oferta de serviços e rede mais direcionada

Paralelamente, a Mercedes-Benz aposta no fortalecimento dos serviços e na oferta de pacotes completos de disponibilidade e manutenção. Essa combinação de produto, serviço e pós-venda faz parte de uma estratégia estruturada para conquistar clientes que, historicamente, são fiéis a outras marcas. A meta é oferecer mais eficiência, melhor custo operacional e segurança no suporte ao frotista, conforme Ferrarez.
Outro destaque é o plano para o motor OM 471, que equipa o Actros 2553 e 2653, bem como o Arocs 3353. O trem de força tem se mostrado eficiente no consumo de combustível. Por isso, dispensa o uso do retarder, simplificando a operação e reduzindo custos.
Dessa forma, segundo Ferrarez, a tendência é que a Mercedes-Benz amplie o uso dessa motorização para outros modelos extrapesados. Confira a entrevista com o vp da marca a seguir.
Retomada da Mercedes-Benz na liderança
O que explica a retomada da liderança da Mercedes-Benz no mercado de caminhões neste ano?
Fizemos um trabalho intenso de renovação de produtos nos últimos dois anos. Reformulamos a linha Atego, lançamos novos Actros e Accelo. E realizamos facelift em toda a linha. Esse movimento foi planejado para atender as necessidades reais do mercado. Agora, os números mostram o resultado dessa estratégia. Além disso, reforçamos o suporte ao cliente, com mais serviços, disponibilidade de peças e foco no pós-venda.
A renovação completa da linha teve boa aceitação de mercado?
Sim. Sempre existe um período de adaptação do cliente quando você lança uma nova geração de veículos. O mercado precisa testar, validar e comparar com os modelos anteriores. Por isso, optamos por fazer uma transição suave em algumas famílias. Nesse sentido, o Accelo, estamos mantendo o antigo em linha por um tempo. Isso permite uma migração gradual, o que ampliou nossa participação e acelerou a aceitação dos novos modelos.
Quais os resultados mais expressivos nessa transição?
O Accelo é um bom exemplo. Ele estreou no ranking dos 10 caminhões mais vendidos e já subiu posições rapidamente. O novo design, maior capacidade de carga e eficiência no consumo chamaram atenção. Já no segmento dos semipesados, o Atego manteve a liderança e menor desvalorização no mercado de usados, o que pesa muito na decisão de compra.
Motor OM-471

Como a Mercedes-Benz está trabalhando o segmento de extrapesados, tradicionalmente mais conservador?
É um mercado difícil de romper. Mas temos obtido bons resultados com o Actros Evolution, especialmente o Actros 2653. Apostamos não só no produto, mas em um pacote completo de soluções. Criamos torres de controle para acompanhar a operação dos caminhões, ampliamos a rede de concessionários e oficinas. Assim, garantimos a disponibilidade dos veículos. Isso dá segurança ao cliente para migrar de marca.
Além disso, o cliente está gostando do motor OM-471. Ele é o motor mais novo do nosso portfólio. Desenvolvido com a Detroit Diesel. Para se ter uma ideia, ele equipa os caminhões norte-americanos da Freightliner e modelos Actros europeus. E aqui no Brasil ele está presente na linha Actros e Arocs e vem ganhando relevância.
Dessa forma, a tendência é ampliar a presença desse propulsor na gama pesada?
Sem dúvida. Ele já é equipado nos Actros 2653 e 2553 e Arocs 3353 e vem se destacando pelo baixo consumo e alta eficiência. No Brasil, os resultados são muito bons. Clientes que tinham dúvidas no início agora dão depoimentos espontâneos elogiando o desempenho. A tendência é expandirmos esse motor para outros modelos da linha.
Quais são os principais diferenciais do OM 471?
Além do consumo otimizado, ele conta com um freio motor de alta eficiência. Ou seja, dispensa o retarder. Isso reduz peso, custo de manutenção e simplifica a operação. Em aplicações severas, como bitrens e rodotrens e nos fora de estrada Arocs, o motor tem se mostrado extremamente confiável e econômico. Isso tem gerado uma procura crescente.
Serviços
A Mercedes-Benz tem ampliado o foco em serviços. Como isso já impacta na estratégia?
O cliente cada vez mais vem valorizando o serviço, assim como já valoriza o produto. As marcas oferecem caminhões com tecnologias equivalentes. Então, o diferencial está na disponibilidade, no pós-venda e na manutenção preventiva.
Por isso, investimos forte nisso, melhoramos processos e treinamos equipes. Assim como expandimos a rede. Só assim conseguimos garantir a disponibilidade que o frotista precisa.
Essa aposta em serviço vai continuar crescendo?
Vai e vai crescer. Aumentamos nosso padrão de exigência interna e já colhemos bons resultados. Nosso objetivo é consolidar esse nível de excelência, para depois avançarmos com novos serviços e ofertas. O cliente hoje não aceita mais ficar com veículo parado. Ele quer caminhão rodando e resultado no caixa.
A Mercedes-Benz acredita que fecha 2025 na liderança?
Estamos trabalhando para isso. As estratégias estão bem alinhadas, os números nos primeiros meses mostram que estamos no caminho certo. Vamos manter o foco em serviço, eficiência e suporte ao cliente que é o que realmente faz diferença nesse mercado.