A Mercedes-Benz e a Be8 deram início à Rota Sustentável COP 30. Conforme as empresas, a ação inclui uma caravana que vai percorrer mais de 4 mil quilômetros com veículos pesados abastecidos com um novo biocombustível 100% brasileiro, o BeVant. Os veículos vão partir de Passo Fundo (RS) rumo a Belém, capital do Pará e cidade-sede da COP 30.
Desenvolvido pela Be8, o produto é uma versão nacional do HVO (óleo vegetal hidrotratado). Assim, é feito com matérias-primas brasileiras, como óleos vegetais, gorduras animais e óleos reciclados. Da jornada vão participar quatro veículos pesados da Mercedes-Benz. Ou seja, dois caminhões Actros 2653 6x2 e dois ônibus rodoviários O500 8x2.
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BeVant nasce no Brasil e pode substituir o diesel em 100% da operação
"Estamos atravessando o Brasil de sul a norte com energia limpa, mostrando que é possível unir tecnologia automotiva e inovação sustentável em escala nacional”, afirma Luiz Carlos Moraes, diretor de comunicação corporativa da Mercedes-Benz do Brasil. Por sua vez, o BeVant foi desenvolvido pela Be8 e já está patenteado.
De acordo com a companhia, esse biocombustível pode substituir o diesel sem que seja preciso fazer modificações no motor. Assim, entrega resultados expressivos na redução de emissões. “Ele reduz no mínimo 50% das emissões de carbono e mais de 90% da fumaça preta. Além disso, pode ser produzido com qualquer matéria-prima renovável brasileira”, diz o CEO da Be8, Erasmo Carlos Battistella.
Atualmente, a empresa tem capacidade para produzir 120 mil litros do novo biocombustível por dia e conduz mais de 30 projetos de teste em diferentes segmentos. Ou seja, do transporte rodoviário ao ferroviário, passando pelo marítimo, bem como motores estacionários. “O BeVant é competitivo e nacional. É a resposta brasileira à transição energética”, afirma Battistella.
Rota Sustentável COP 30 atravessa nove estados brasileiros
Vale dizer que a caravana com os quatro veículos partiu do Rio Grande do Sul no dia 21 de outubro. E vai cruzar nove Estados. Ou seja, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Maranhão, até chegar em Belém do Pará no dia 4 de novembro.
Segundo as empresas, um caminhão e um ônibus vão rodar com diesel B15 enquanto os outros dois vão utilizar o BeVant puro (B100). Dessa forma, vai ser possível fazer testes comparativos de consumo e emissões. Os resultados vão ser acompanhados pelas áreas de engenharia das duas empresas, além de um time do Instituto Mauá de Tecnologia.
Segundo Moraes, a ação reforça o papel do Brasil na transição energética global. “O País tem uma das matrizes mais limpas do mundo e potencial enorme para liderar essa transformação. Por isso, queremos mostrar que as soluções de descarbonização também podem ser locais”, afirma o executivo.
Redução de 65% nas emissões
Da mesma forma, o Instituto Pesquisas Tecnológicas (IPT) acompanha e audita o ensaio nas etapas avaliando o ciclo completo do combustível, do poço à roda. Assim, conforme resultados preliminares, de Passo Fundo (RS) a São Bernardo do Campo (SP), na fábrica da Mercedes-Benz, os veículos abastecidos com BeVant emitiram 99% menos CO₂ do que os equivalentes que utilizaram diesel convencional.
“O resultado é expressivo, especialmente porque o Brasil já tem 15% de biodiesel misturado ao diesel. Ainda assim, o BeVant apresenta ganhos substanciais de eficiência ambiental”, diz Battistella. Além da medição técnica, a Mercedes-Benz incluiu uma ação social no projeto. Ou seja, as cerca de 1.680 cestas básicas que fazem o lastro dos caminhões serão doadas à comunidades carentes de Belém.
Preço e infraestrutura
Conforme o CEO da Be8, o BeVant deve chegar às bombas com preço 10% acima do diesel convencional. Ou seja, bem menos que o do HVO importado, que custa até o dobro do combustível comum. “Estamos entregando a mesma performance do HVO europeu, com custo menor e produção nacional. Isso muda o jogo da descarbonização”, diz Battistella.
A Be8 também estrutura uma rede de abastecimento para atender frotas e transportadoras. No mesmo sentido, Moraes diz que a Mercedes-Benz vai oferecer apoio a clientes da marca que queiram avaliar o biocombustível. “Podemos fornecer volumes personalizados, criar polos regionais e expandir conforme a demanda. O importante é garantir qualidade e disponibilidade, sem comprometer o abastecimento”, afirma Battistella.
Mercedes defende soluções integradas de descarbonização
Conforme Moraes, a Mercedes-Benz defende uma transição energética plural, com caminhões e ônibus preparados para várias tecnologias. Ou seja, elétricos, a gás, híbridos e biocombustíveis. “Não existe uma única rota", diz o executivo. "O Brasil precisa de soluções complementares e adaptadas à realidade do transporte de longa distância.”
