Em projeto inovador e sem paralelo em outra fábrica de veículos no mundo, a Mercedes-Benz inaugurou o que chamou de Fazenda Urbana, uma estufa de 1,2 m² para o cultivo de hortaliças livre de agrotóxicos. A produção segue para abastecer o restaurante da unidade de São Bernardo do Campo (SP), como também oferece possibilidade de o colaborador levar para casa folhas e temperos de maneira pontual ou em esquema de assinatura mensal. Uma população em torno de 10 mil pessoas.
A estufa produz 2,6 toneladas mensais de produtos, o equivalente a 44 mil pés de hortaliças, dentre variados tipos de alfaces, mas também espinafre, rúcula, agrião, chicória e temperos, como salsinha, hortelã, cebolinha, coentro, manjericão e sálvia. Em breve, começará a colher tomate, berinjela, abobrinha e pimentão.
Segundo Carlos Santiago, a ideia surgiu de maneira informal, por volta de dois anos atrás, em conversa a respeito de hortas urbanas em topos de prédios da Noruega. “Como inovação é tema habitual na Mercedes-Benz, pensamos em fazer diferente. Em poder oferecer um alimento mais saudável para as pessoas.”
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Uma pesquisa levou a Mercedes-Benz à BeGreen, startup mineira que construiu algo semelhante em um shopping de Belo Horizonte (MG), responsável pela administração da estufa. No caso da horta da Mercedes-Benz, o sistema de produção alia técnicas de cultivo como a aeroponia, com as raízes suspensas e alimentada por borrifação de água, e aquaponia, que integra a criação de peixes. De maneira simplista, as hortaliças ficam dispostas sobre calhas ou prateleiras nas quais circula a água proveniente de um tanque de tilápias, que alimentadas com ração orgânica, suprem as plantas de nutrientes.
De acordo com Giuliano Bittencourt, CEO da BeGreen, o método introduzido na Fazenda Urbana possibilita 28 vezes mais produtividade e redução de 95% no consumo de água se comparado ao cultivo em um campo convencional. “O que produzimos aqui equivale à colheita de uma área de oito campos de futebol, mas sem desperdício, livre de pesticidas e sem emissão de CO2, afinal, rompe com a cadeia de transporte. Estamos apenas a 50 metros do restaurante.”
Além da BeGreen, contribuíram com a concepção do projeto o Senai Cimatec da Bahia, o Sebrae e a Embrapii, Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial. A Fazenda Urbana traz conceitos de Indústria 4.0 para a qual foi desenvolvido um software de gestão. Por aplicativo, os responsáveis pela produção têm controle a respeito de temperatura, luminosidade, umidade e acidez da água em tempo real por qualquer dispositivo conectado à internet.
A alta produtividade da Fazenda Urbana é também resultante de inovador sistema de iluminação de LED, permitindo redução em até 40% o ciclo do cultivo da alface, além da cobertura de uma manta de alumínio que deixa somente os bons raios solares chegar à plantação. “Temos aqui o ambiente perfeito para as plantas crescerem, uma espécie de SPA para hortaliças e legumes”, brinca Bittencourt.
A Fazenda Urbana ainda envolve ONGs apoiadas pela fabricante, como a Hamburgada do Bem e a IAM, Instituição Assistencial Meimei, beneficiadas, no futuro, com a doação do excesso da produção. “O projeto evidencia o compromisso da Mercedes-Benz em investir na qualidade de vida de seus colaboradores, como também de seus familiares”, resume o vice-presidente de operação. E adianta: “Isso é só o começo. O próximo passo é empilhar as bancadas para produzir oito vezes mais que hoje.”