Para o gerente de engenharia de produto da Librelato, Fábio Tronca, o futuro dos implementos rodoviários passa pela capacidade de atender operações cada vez mais específicas. Ele explica que, apesar de parecer simples, o implemento é ao mesmo tempo um equipamento complexo. Afinal, precisa se adaptar a diferentes tipos de carga e condições de transporte.
Assim, transportar grãos exige uma configuração diferente daquela usada para adubo, calcário ou fertilizantes. Tronca lembra que o calcário, por exemplo, acelera a corrosão do equipamento e pode gerar vazamentos. Já o transporte de farelo ou soja segue outro padrão, que não demanda o mesmo nível de proteção. Dessa forma, o desafio é desenvolver soluções que mantenham a integridade do produto e reduzam perdas durante o trajeto.
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Além disso, ele destaca a questão do TCO (Custo Total de Operação) como determinante nas escolhas dos transportadores. Segundo Tronca, o cliente percebe que investir em um implemento customizado gera ganhos no longo prazo. Afinaal, diminui a avaria das cargas e amplia a vida útil do equipamento.
“Quando o transportador reduz perdas de 5% para 2,5%, ele se torna mais competitivo. E conquista novos contratos”, afirma.
Inovação orientada pela aplicação do cliente
Outra frente que ganha força no desenvolvimento da Librelato é a criação de produtos adaptados ao tipo de esforço enfrentado no dia a dia. Tronca cita o caso de um implemento utilizado para cargas úmidas, que exigiam reforço estrutural. Com o movimento constante do material, parecido com um líquido em um tanque sem quebra-ondas, as laterais começavam a apresentar trincas e corrosão.
A solução veio com o uso de colunas adicionais de sustentação e revestimento em inox. Assim, garantindo maior resistência e durabilidade. Segundo o executivo, esse é um exemplo de como a empresa direciona seus projetos. Ou seja, ouvir o cliente, entender o desafio e entregar um produto feito sob medida.

Ademais, a Librelato passou a trabalhar com diferentes versões de um mesmo implemento, oferecendo desde o padrão até o modelo HD (Heavy Duty), reforçado para aplicações severas. Nesse portfólio, o cliente pode escolher aço de alta resistência, ultra resistência ou inox, sempre de acordo com a realidade da operação.
Confiança no longo prazo e novas tendências
Tronca reconhece que ciclos econômicos instáveis, marcados por juros elevados e incertezas políticas, muitas vezes levam o transportador a optar por soluções imediatistas. Contudo, ele ressalta que, em momentos de estabilidade, o setor amadurece e valoriza investimentos de longo prazo. “Nós acreditamos no futuro e continuamos investindo, mesmo em cenários adversos”, reforça.
Além da customização, Tronca também aponta que as montadoras estão ampliando a capacidade dos caminhões. O que vai exigir novos implementos capazes de acompanhar esse salto. Para ele, essa evolução representa um caminho natural do setor, que precisará alinhar engenharia, segurança e produtividade para suportar composições mais pesadas e eficientes.