A Iveco decidiu avançar em uma solução que pode mudar a forma como o transporte entende a eletrificação leve. Enquanto os sistemas híbridos diesel-elétricos continuam raros entre caminhões, sobretudo por custos altos, baixa compatibilidade técnica e pouca atratividade para frotistas, a marca italiana prepara uma alternativa mais simples e mais eficiente.
Trata-se do freio de indução híbrido. Ou seja, tecnologia criada pela Telma, líder mundial em sistemas retardadores de freios. A novidade estreia em um protótipo do Iveco Daily, na França.
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Por que o híbrido nunca vingou entre caminhões
Durante anos, montadoras discutiram por qual motivo o híbrido diesel-elétrico, tão elogiado em automóveis, não ganhou escala nos veículos comerciais. Custos elevados, complexidade mecânica e pouca compatibilidade com a operação típica do transporte sempre travaram o avanço. Além disso, normas europeias rígidas dificultaram a adoção de sistemas híbridos convencionais em caminhões.
Porém agora, a Iveco tenta destravar esse cenário ao apostar em uma solução menos pesada, mais barata e muito mais simples de integrar ao trem de força.
Como funciona o freio de indução híbrido da Telma
O HIB (Hybrid Induction Brake) combina as funções de retardador e gerador. O sistema conta com um freio de indução, bateria própria e controlador eletrônico dedicado.
Esse conjunto recupera energia sempre que o motorista aciona a desaceleração. Assim, o dispositivo reduz a velocidade do eixo de transmissão e transforma essa energia em carga elétrica armazenada na bateria. Durante a aceleração, o fluxo se inverte. O sistema envia energia ao eixo e ajuda o motor a combustão, o que diminui o esforço do propulsor e, portanto, reduz o consumo.
Além disso, o HIB alimenta componentes elétricos do veículo e alivia o alternador, outro fator que contribui para a economia.
Economia de 30% e até 90% menos poeira de freio
Segundo estimativas da Iveco, o Daily equipado com o freio de indução híbrido pode consumir cerca de 30% menos diesel em comparação à mesma versão sem o sistema. A marca também projeta que a frenagem indutiva reduza em até 90% as partículas emitidas pelos freios, algo crucial diante da norma Euro 7, que endurece limites de poeira de freio a partir de 2031.
Como o sistema é compacto e leve, ele promete uma adaptação rápida às linhas atuais. Ou seja, sem mudanças estruturais profundas.
Protótipo abre caminho para caminhões mais pesados
A Iveco apresentou o primeiro protótipo, equipado com uma carroceria refrigerada desenvolvida. Embora a solução ainda esteja em fase experimental, a própria Telma, criadora da tecnologia, afirmou em 2022 que o sistema funciona ainda melhor em veículos com PBT acima de 5 toneladas. Portanto, a tendência aponta para a expansão aos semipesados e extrapesados da marca.