As ruas do Brasil têm recebido um fluxo crescente de novas vans e furgões nos últimos meses. No primeiro semestre de 2025, foram emplacados 9.158 veículos desse tipo no País, segundo dados da Fenabrave. Comparado ao mesmo período no ano passado, o crescimento foi de 66%.
“Esses veículos não são apenas carros, mas ferramentas para que empresários possam gerar renda e prestar serviços”, explicou Marion Freise, Diretora de Operações de Vendas Internacional da divisão de van da Mercedes-Benz, em entrevista ao Estradão. A executiva alemã veio ao Brasil para acompanhar as celebrações dos 30 anos da Sprinter e reuniões de negócios.
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De acordo com o Marion, o crescimento nas vendas de vans e furgões é impulsionado, principalmente, pelo segmento de última milha (last mile). “Novos negócios estão surgindo com a solução do last mile e esses clientes têm requisitos diferentes para os veículos. E você precisa conseguir atender todos eles. No Brasil, por exemplo, cerca de 75% das Sprinter vendidas passam por remodelações ou adaptações com empresas implementadoras e de modificação”, revelou.

Conforme dados da Mercedes-Benz Cars & Vans Brasil, a Sprinter somou 4.626 unidades vendidas no mercado nacional até julho deste ano. Esse volume representa quase 5% das 93.400 vans vendidas pela montadora no mundo todo durante o primeiro semestre. “A América Latina, com o impulso do Brasil, é a nossa terceira maior região de atuação internacional, depois dos Estados Unidos e China”, disse Marion.
Sprinter vem da Argentina, mas não é a Mercedes que monta
Atualmente, o Brasil importa a Sprinter da Argentina. Os veículos são produzidos pela Open Cars, empresa argentina que assumiu a fábrica da Mercedes-Benz em Virrey del Pino no começo deste ano. A planta também atende outros mercados sul-americanos.
"Somente os engenheiros da matriz na Alemanha podem aprovar mudanças técnicas. A Open Cars cuida da nossa marca, que é o maior bem da Mercedes-Benz. Agora, eles produzem o nosso veículo. Então, é uma relação baseada em confiança", salientou Marion. "É como entregar o seu bebê para outra pessoa tomar conta."

Antes de ser vendida a Open Cars, a fábrica em Virrey del Pino era uma das mais antigas da Mercedes-Benz fora da Alemanha, inaugurada em 1951. A produção local da Sprinter começou em 1996. Desde então, a linha argentina produziu mais de 400 mil unidades do utilitário, sendo quase a metade para abastecer o mercado brasileiro.
"A Sprinter definiu o segmento. As pessoas vão às lojas de outras marcas e pedem uma van 'tipo a Sprinter'. É um veículo que faz parte de nossas vidas, em algum momento", comentou Marion.
Futuro elétrico
A Mercedes-Benz planeja, para os próximos anos, uma renovação significativa em seu portfólio de vans e utilitários comerciais. A base desse plano é o conceito Vision V, uma van elétrica de passageiros apresentada na China em abril deste ano. “Haverá também uma plataforma comercial, com motorização elétrica”, disse Marion.
Segundo a executiva, o Vision V é um dos diversos investimentos da Mercedes-Benz em eletromobilidade. “Estamos investindo como nunca em novas tecnologias. É algo sem precedentes, são bilhões e bilhões. Para nós, o futuro é definitivamente elétrico”, afirmou.

No entanto, Marion admitiu que os motores a combustão seguirão vivos no segmento de vans e utilitários comerciais leves. “O sucesso dos veículos comerciais elétricos varia de acordo com a região. Dependendo de como o mercado está se desenvolvendo, podemos trazer essas tecnologias para o mercado local para atender o cliente, como fizemos com a eSprinter no Brasil.”
Variante elétrica da Sprinter, a eSprinter estreou no mercado brasileiro em dezembro de 2024. Diferentemente das variantes diesel à venda no Brasil, feitas na Argentina, o modelo elétrico é importado da Alemanha. Entre janeiro e julho deste ano, 45 unidades foram emplacadas no País. "Talvez um eSprinter não é o veículo certo todos os clientes. Por isso, ainda temos os veículos convencionais", concluiu Marion.