Para a FPT Industrial, há uma grande tendência de o mercado latino-americano adotar, a curto e médio prazos, o biometano e o gás natural em veículos comerciais. Por isso, a empresa vai investir na produção local dos motores com essa tecnologia. A informação foi revelada ao Estradão pelo presidente da FPT, Marco Rangel.
Conforme o executivo, somente no Brasil, os caminhões e ônibus a gás deverão representar de 3% a 5% do mercado nos próximos cinco anos. Porém, ele afirma que o potencial chega a 11% de participação até 2030. Ou seja, a FTP aposta na alta da demanda. Portanto, vai ampliar a oferta de produtos.
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Segundo Rangel, tamanha certeza está baseada nos movimentos com relação ao desenvolvimento do gás. Seja em termos de tecnologia de produção, bem como da ampliação da infraestrutura de abastecimento.
FPT Industrial também aposta no agronegócio
Nos países vizinhos, como Argentina, Colômbia e Chile, essa solução está mais desenvolvida. Sobretudo, em termos de infraestrutura. Mais uma razão desses movimentos se tornarem cada vez mais crescente no Brasil, conforme o presidente da FPT Industrial.
Por exemplo, ele cita que já há fazendas produzindo biometano para abastecer tratores com motor a gás. Como resultado, a New Holand, fabricante de tratores que faz parte do mesmo grupo, também utiliza motores a gás da FPT.
Nesse sentido, o presidente da FPT diz que o potencial de produção também está ligado ao agronegócio. Afinal, atualmente o gás produzido em aterros sanitários é queimado, segundo ele. Assim, esse produto pode ser produzido com fonte de energia. Ou seja, transformado em biometano.
Transição
Seja como for, para Rangel quando se olha pelo prisma da transição energética, o gás é uma tecnologia interessante. O executivo lembra que no Brasil existem esforços independentes de políticas do governo, que visam acelerar o desenvolvimento da infraestrutura. Ou seja, sem depender de gasodutos ou investimentos que sejam morosos.
“Trata-se de uma solução viável, pronta e confiável. Ou seja, uma tecnologia comprovada em nível global. De fácil instalação no veículo e manutenção pouco complexa. Além disso, está se criando no Brasil um ecossistema de abastecimento do combustível”, diz.
Dessa forma, bons argumentos para a fabricante localizar a produção de seus motores, que hoje são importados da Europa. Nesse sentido, Rangel confirma que haverá a nacionalização. E ocorrerá ainda no próximo ano. Porém, agora se discute se a fabricação desses motores vai ocorrer na planta mineira de Sete Lagoas, ou na Argentina, em Córdoba.
Desenvolvimento de produto
Rangel ainda explica que do ponto de vista do produto, os motores entregam a mesma performance do motor a diesel. Nesse sentido, as soluções que a indústria vem desenvolvendo no mercado estão bem resolvidas. Sendo que o motor a gás ainda apresenta vantagens como o catalisador passivo. Em outras palavras, esse componente, diferente do motor diesel, dispensa o uso de Arla. Atendendo do mesmo modo a norma Euro 6.
Vale lembrar, que a FPT é dona dos motores Cursor 13 a gás, presente na gama de veículos Iveco Natural Power. Ou seja, no caminhão S-Way 460 em testes no Brasil. Nesse sentido, vale lembrar que se trata do maior motor produzido para caminhão a gás, por ora. A Scania deve lançar um motor de 460 cv no próximo ano.
Além disso, há na gama FPT, os motores da linha NEF de 4,5 e 6,7 litros. Porém, direcionados para veículos de médio porte, bem como ônibus. Além dos já mencionados veículos agrícolas.
Múltiplas soluções
Obviamente, Rangel reconhece que o veículo elétrico no transporte vai ocorrer a curto prazo. Porém, no ambiente urbano e onde haja a infraestrutura de recarga. Nesse sentido, a FPT já fornece motores e eixos elétricos. Assim como transmissões e baterias.
“Diferentemente de outros países vizinhos, nós não temos subsídios governamentais. Por isso, temos de buscar soluções. Isso significa que temos de fazer com que a economia real seja capaz de financiar essa transição do gás. Por esses exemplos, é possível fazer com que a transição do diesel pelo gás ocorra mais rápido. Ainda mais se comparar a eletrificação”.